Soneto: a exceção à regra

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Quem já cantou e se emocionou com os versos “Amor é um fogo que arde sem se ver;/ É ferida que dói e não se sente”, popularizados na voz de Renato Russo, do Legião Urbana, talvez não saiba que essas palavras abrem um soneto de Luís de Camões, escrito há quase cinco séculos. E poucos sabem que esses versos perfeitos, que colam na memória, são decassílabos e que o poeta calculou a função de cada sílaba para que pudéssemos sentir, para sempre, a emoção que o levou a escrever essas palavras apaixonadas.

Em Soneto: a exceção à regra, dois grandes poetas, tradutores e estudiosos das formas poéticas se reuniram para esmiuçar a máquina do poema, revelando os segredos escondidos em cada detalhe. André Capilé e Paulo Henriques Britto escolheram catorze sonetos de poetas brasileiros, de diferentes gerações e linhagens — Olavo Bilac, Cruz e Sousa, Augusto dos Anjos, Mário de Andrade, Vinicius de Moraes, Jorge de Lima, Carlos Drummond de Andrade, Sosígenes Costa, Mário Faustino, Hilda Hilst, Maria Lúcia Alvim, Glauco Mattoso, Augusto de Campos e Guilherme Gontijo Flores —, para exemplificar as inúmeras possibilidades de escrita a partir do domínio e do jogo com as regras recebidas da tradição.

Por trás do vocabulário árduo da teoria poética — versos heroicos e sáficos, martelos-agalopados, pentâmetros iâmbicos! —, o que há é uma forma muito divertida, inteligente e proveitosa de ver os sentidos das palavras se multiplicarem e nos tocarem ainda mais. Nestas breves páginas, há duas plaquetes em uma: numa primeira camada, uma incrível antologia de poemas que, por si só, são um banquete e uma lição de poesia; e, em outra camada, um convite para navegar com outras bússolas por esses mares.

Sobre os autores:

André Capilé nasceu em Barra Mansa (rj), em 1978. É poeta, tradutor e professor da Universidade do Estado do Rio de Janeiro (uerj). Autor de Balaio (7Letras, 2014), Muimbu (Macondo, 2017), Rebute (TextoTerritório, 2019) e Azagaia (Macondo, 2021), entre outros livros.

Paulo Henriques Britto nasceu no Rio de Janeiro, em 1951. É poeta, professor, ficcionista e um dos mais premiados tradutores brasileiros. Autor de Mínima lírica (Claro Enigma, 1989), Trovar claro (1997), Macau (2003), Tarde (2007), Formas do nada (2012), Nenhum mistério (2018) e Fim de verão (2022), todos pela Companhia das Letras.

Por dentro da capa:

Nem só de palavras se faz um soneto — essa é a lição do poeta potiguar Avelino de Araujo, que desde os anos 1970 encontra novos e inusitados caminhos para essa antiga forma poética. Em pentes, cotonetes, símbolos gráficos e arames farpados, em tudo o poeta visualiza os catorze versos se formarem e expressarem bem mais do que nossos olhos distraídos costumam ver. Esses sonetos visuais foram reunidos, em parte, no Livro de sonetos, editado pelo autor em 1994, do qual apresentamos uma pequena mostra na plaquete, expandindo o universo de possibilidades dessa forma complexa e infinita. Para quem acha que as “formas fixas” restringem a imaginação, os sonetos reunidos certamente causarão espanto, porque provam que os poetas sempre dão um jeito de ir além de quaisquer limites para dizer o que precisa ser dito.

Ficha técnica:
Título: Soneto: a exceção à regra
Autores: André Capilé e Paulo Henriques Britto
Formato: 13,5 x 20 cm
Número de páginas: 40 pp
ISBN: 978-65-6139-006-4
Preço: R$ 44,90
Data de livraria: 10/10/2024
Editora: Círculo de Poemas

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