Lisandra tem 25 anos e mora Florianópolis-SC. É psicóloga clínica e dirigente de grupos de arteterapia. Escreve há 10 anos e vem compartilhar conosco suas experiência de vida poética.
I.
Desejo que fique
um dia a mais
na roda dessa dança
Menina bonita,
não há luz, nem cor ou sombra
sem sua presença
Fizesse toneladas
nos palcos da vida
e agora quando partes
tudo fica cinza
Tão cinza
que meus olhos se apagam
na esperança de você ver novamente
como vulto repentino
Fico um imaginário
quantos passos dá
se nosso balanço era tão doce
nos encontros dos bares de lá
Então, menina bonita
você já não está
e eu já não sou
Porque perdi o acalento
meu amor sincero,
minha menina.
II.
Faz tempo que não disserto
escaparam as palavras
quando a vida aconteceu
de certo me deixei
perdi a minha parte
um terço, um dedo, um dente
metade ficou quando permiti
que os versos não estivessem
esqueci de mim.
III.
A gente respira
o ar de dentro
por medo de perder
qualquer instante
porque o tempo
não para
por mais
que o coração descanse.
IV.
Almejo escrever
sem cessar
pois, quando paro
meus dedos calejam-se
atrofiam-se
por certeza
que meus versos são vida.
V.
o que escrever
quando nada tenho a dizer
me parece efêmero ditar palavras
se elas não se entrelaçam
e não afogam
preciso que me sufoquem
para o suspiro de vida voltar
e de meus lábios o socorro gritar
voltando a ditar cada traço venoso
como rio avermelhado
as palavras tem a mesma dilatação.