Muchacho e outros poemas

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Nos versos poderosos de Muchacho e outros poemas, o poeta baiano Rodrigo Lobo Damasceno, finalista do prêmio Oceanos e semifinalista do Jabuti em 2024, vara as madrugadas de São Paulo como um lobisomem de “coração aberto e proletário”, lírico e maníaco-depressivo, em bares sempre prontos para acolher seu amor rouco: “tristíssimo/ palhaço/ designado para as carícias e os suplícios/ para o martírio e o exagero/ para os vícios, os discos/ e para o festim dos sentidos”.

As páginas estão repletas de uma paixão violenta pela vida, pela poesia, pela liberdade, que se expressa em versos longos, a um só tempo sinuosos e incisivos, sensíveis e críticos, prontos para serem lançados no ar em voz alta — como um uivo, afinal. Saltando sem escalas de noite em noite, de bar em bar, de coração em coração, o poeta sabe que “amar em meio aos salários baixos,/ o crime organizado e a vanguarda tardia não é fácil”, mas não recua. Seus passos se confundem com os ruídos e perfumes do centro de uma cidade imensa e triste que, por onde passam, revelam a persistência dos amantes sob os ataques de um tempo em que parece não ser mais possível dar corpo ao desejo.

Os leitores que já frequentaram o universo dos livros Casa do Norte (2020) e Limalha (2023) vão reconhecer nesses poemas de amor a exuberância lírica e política que colocou o autor entre os destaques da nova geração. Quem ainda não seguiu essa “incógnita astrológica”, um “animal de Adidas, fazedor de versos”, vai descobrir que em seus poemas é sempre tarde, mas ele não se dobra até que amor e vida sejam uma única palavra: “passa de duas, você deve estar na cama/ e eu tenho medo de terminar o poema./ mas vou viver até as últimas e mais graves consequências”.

Sobre o autor:

Rodrigo Lobo Damasceno nasceu em 1985, em Feira de Santana, agreste baiano. É poeta, ensaísta e revisor. Publicou pela editora Corsário-Satã os livros Casa do Norte (2020) e Limalha (2023), finalista do prêmio Oceanos e semifinalista do Jabuti em 2024.

Por dentro da capa:

Santarosa Barreto, da série “Buquês”, colagem, 2025.

Só mesmo a admirável imaginação de uma artista para conseguir colher as flores espalhadas em selos postais pelo mundo e, com elas, formar um buquê. É o que faz a artista paulistana Santarosa Barreto na série de colagens Buquês, que apresentamos na plaquete Muchacho e outros poemas, de Rodrigo Lobo Damasceno. Num gesto apenas, que remete à forma tradicional da correspondência amorosa, que incluía também guardar esses selos e até mesmo os envelopes em diários (antes que tudo virasse cliques e zaps), seu trabalho nos leva a pensar que esse buquê difuso é muito mais vivo e extenso — no tempo e no espaço — do que podemos imaginar. Olhar de perto cada uma dessas imagens, suas cores e estilos, seus detalhes e contornos, é quase como estar diante de um caprichoso jardim (e o que é um buquê senão um jardim portátil que se pode levar até a pessoa amada?) e, de repente, sentir seu perfume.

Ficha Técnica

Título: Muchacho e outros poemas
Autor: Rodrigo Lobo Damasceno
Formato: 13,5 x 20 cm
Número de páginas: 40 pp
ISBN: 978-65-6139-070-5
ISBN e-book: 978-65-6139-071-2
Preço: R$ 44,90 (e-book R$ 33,50)
Envio da caixa para assinantes: maio
Data de livraria: 02/06/2025
ditora: Círculo de Poemas

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