Elza: 60 anos de estrada

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por Aristides Oliveira

Breve nota entre a Bossa-Negra e o Planeta Fome

Hoje acordei cantarolando “Estatutos de Gafieira”, canção de Billy Blanco imortalizada na voz de Elza Soares. Pensei na força dessa mulher na música brasileira e me dei conta que estamos há sessenta anos de estreia do seu primeiro álbum “Elza Soares A Bossa Negra” e “Se Acaso você Chegasse”.

Sua trajetória fez de tudo para ela não chegar onde chegou, mas “se vingou da vida adversa que teve até pouco tempo, cantando”. Das fábricas de sabão, casada aos doze e mãe aos 21 anos, sua voz tomou de conta do Brasil e rapidamente já ocupava as principais rádios e eventos de samba.

Após ganhar o prêmio do programa apresentado por Ary Barroso “Calouros em Desfile”, na rádio Tupi, os bailes tiveram que se adaptar a explosão que vinha daquele corpo aparentemente frágil, para alguns que achavam Elza era apenas passagem…

Entre 1953 – quando ganhou visibilidade na Tupi – e 1959, Elza entra no estúdio e interpreta sucessos de Lupicínio Rodrigues, Felisberto Martins, Leny Eversong e estoura por completo no show bussiness. Para Marcelo Fróes “O sucesso do LP Se Acaso Você Chegasse foi tamanho que ainda o ano de 1960 um novo disco foi gravado (A Bossa Negra)”.

Durante esses 60 ANOS de carreira, Elza gravou mais de trinta álbuns, inúmeras coletâneas e reedições de trabalhos consagrados, sempre inovando novas pegadas e experimentos vocais. Desde quando escutei “Vivo Feliz” (2003) e me surpreendi com a inserção das batidas eletrônicas, entendi que Elza é nosso exemplo de originalidade, surpresa e irreverência, fluindo do samba a qualquer diálogo sonoro que amplie nossa degustação auditiva.

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E assim temos uma Elza totalmente conectada ao contemporâneo, quando ela se abre para vivenciar novos processos criativos com Guilherme Kastrup, Celso Sim, Rômulo Fróes, Kiko Dinucci, Rafael Lemos e grande elenco, escoando em “A mulher do fim do mundo” (2015), “Deus é mulher” (2018) e “Planeta Fome” (2019).

Elza é rock, apropriação de sonoridades e profecia.

Preocupada com os dilemas que nos cercam, sua voz afirma nosso lugar de representatividade ao lembrar que O MEU PAÍS É MEU LUGAR DE FALA.

Elza. 60 anos de carreira. Parabéns querida.

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