por Thanátous Laiems
O processo de escravização no Brasil colonizou os corpos negros africanos como uma força de trabalho desprovida de alma, sem direito a memória ou passado. As histórias dos sujeitos negros foram apagadas, seus saberes silenciados. Em suas mortes, esses sujeitos continuaram sendo vistos de um não-lugar, sofrendo o apagamento das suas trajetórias nos jornais e relatórios de polícia, tendo suas identidades associadas apenas a um lugar de subalternidade. O olhar colonizador os desumanizou. De modo que pensar a trajetória dos sujeitos negros e seus sofrimentos numa perspectiva histórica é uma forma de romper com o esquecimento desses corpos e de afirmar suas existências.
Tendo em vista a história como narrativa produtora de sentido, o próximo Diálogos com Antígona contará com a presença do historiador Francisco Phelipe Cunha Paz, numa conversa sobre “história, narrativa, testemunho e trauma”, que pretende abarcar tanto as narrativas individuais de sujeitos negros como recortes de jornais e a forma como o suicídio era percebido pela sociedade do século XIX, além de pensar sobre as cartas e bilhetes deixadas por esses sujeitos e como elas podem ser trabalhadas pela história, nos permitindo algumas indagações: Como as narrativas desses sujeitos expressam as experiências vividas, os traumas e as relações de poder da época em que foram produzidas? Como eram elaboradas as narrativas sobre as mortes e suicídios de sujeitos negros pelos jornais? Que silêncios reveladores essas fontes históricas carregam?
Nosso encontro será no dia 04 de novembro de 2021, às 19h00, no canal do Youtube, Thanátous Laiems, com emissão de certificado.
Quem é Francisco Phelipe? É Historiador, Mestre em Preservação do Patrimônio Cultural/Iphan e Mestre em Desenvolvimento, Sociedade e Cooperação Internacional/UnB. Co-autor do livro “O Suicídio do Escultor” (2021). Integrante da Rede de
Historiadorxs Negrxs, do Núcleo de Estudos de Filosofia Africana – Exu do Absurdo/UnB e do Grupo de Estudos e Pesquisa sobre religiões afro-brasileiras – Calundu/UnB. Membro da Associação Brasileira de Estudos Africanos – ABE/África.
Para conhecer o trabalho de Phelipe, acesse: