O projeto Espelhos – Contando nossa história propõe a realização de pinturas murais por artistas indígenas e negras, principalmente mulheres, dentro de escolas públicas da cidade de Fortaleza, localizadas em bairros socialmente vulneráveis. Considerando que as imagens podem criar verdades mediando valores culturais e que o olhar é uma construção aprendida e cultivada em um processo histórico, o projeto visa apresentar as produções poéticas dessas artistas como pensamento visual crítico às narrativas coloniais e como efetivação da valorização e do respeito às sóciodiversidades.
Espelhos contempla a lei nº 11.645, que estabelece a abordagem da história e cultura afro-brasileira e indígena no currículo da rede de ensino, se baseando na fala da professora Petronilha Gonçalves, referência na educação antirracista, que diz que “para reeducar as relações étnico-raciais de forma a combater o racismo, seria necessário conhecer, estudar, aprender sobre a história e cultura que produzem seus descendentes”.
Cada pintura traz um pouco da história da artista que a realiza. Traz um pouco de suas vivências, da percepção, interesses e formas de lidar com o mundo. Pintar é também falar de si. Quem pinta, de alguma forma, está também contando sua história. Cada história tem particularidades quanto indivíduo, mas também se relaciona com a história de outras pessoas, seja por aproximação ou distanciamento, e assim pode também contar a história de grupos sociais e de povos. Quando artistas racializades contam suas próprias histórias, resistem ao etnocídio e contribuem para a valorização e o respeito às sóciodiversidades.
É a partir desse pensamento que o artista Emol, homem indígena em retomada, vem realizando pinturas murais em escolas públicas desde 2017 como ações do projeto Espelhos – Contando nossa história. O artista se baseia em dois pontos congruentes para realizar suas produções artísticas no ambiente escolar; o primeiro é a lei nº 11.645, que estabelece no currículo oficial da rede de ensino a obrigatoriedade da abordagem da história e cultura afro-brasileira e indígena.
O segundo é a fala da professora Petronilha Gonçalves e Silva, referência na educação antirracista, dizendo que “para reeducar as relações étnico-racias de forma a combater o racismo, seria necessário conhecer, estudar, aprender sobre a história e cultura que produzem seus descendentes”. Em 2023, com apoio IX Edital das Artes de Fortaleza – Secultfor, Emol amplia as ações nas escolas convidando artistas que abordam de diferentes formas em suas poéticas e temáticas a questão racial: Dinha Ribeiro e Georgia Cardoso.
GEORGIA CARDOSO é filha de ex-camponeses e pertence ao povo indígena Anacé. Com ênfase em arte urbana, mas também se servindo da performance, videoarte e intervenções, tensiona questões ambientais e de gênero na perspectiva de uma mulher indígena em contexto urbano, alicerçando suas forças de manutenção na conexão espiritual como base contra colonial.
DINHA RIBEIRO é artista visual atuante há 15 anos nas ruas. Traz em seus traços e pesquisas a luta da mulher negra. Vem ampliando suas perspectivas tanto no graffiti como no muralismo, voltando sua arte para o afrobrasileirismo contemporâneo.
EMOL é continuidade de gente da roça, imigrantes e contadoras de causos. Sobrevive e trabalha de forma errante. É artista multilinguagens que articula vivências, memórias e histórias para refletir sobre identidade, existências e imaginários, formulando seus trabalhos principalmente em pinturas, intervenções urbanas e proposições para ações coletivas.
ESPELHOS – CONTANDO NOSSA HISTÓRIA
Idealização, coordenação geral e crédito das imagens: Emol
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Imagem de abertura: Dinha Ribeiro