Na África, Bombozilas são entidades femininas responsáveis pela conexão entre o mundo espiritual e o material.
por Monyse Damasceno
Em tempos de isolamento social a frase de Nietzsche nunca se fez tão clara, “a arte existe para que a realidade não nos destrua”. Estamos confinados em casa, convivendo com a própria companhia há dias. E para transformar a solidão em solitude, as plataformas de Streaming, com seus filmes, séries, entre outros audiovisuais, tem nos ajudado no passar do tempo.
No entanto, paralelamente, os últimos pronunciamentos do presidente Jair Bolsonaro têm alimentado um forte descontentamento na população. E para manter esta chama acesa trago uma conhecida recente, mas que tem se tornado presente na minha rotina de quarentena, a Bombozila.
Vale ressaltar, antecipando a conversa próxima, que o acesso democrático ao cinema, bem como a sua produção, é uma luta que também cresceu após a posse da então gestão presidencial. A ANCINE anda de braços erguidos pedindo socorro, junto dela estão diversas outras entidades que criam, fomentam e fazem a cultura circular nesse país tão imenso.
Indo ao que realmente importa, a Bombozila é uma plataforma de acesso a documentários independentes que retratam as mais diversas pautas das lutas sociais no mundo, atuando como ferramenta de emancipação social e luta por direitos e visibilidade. O projeto foi fundado em 2016, no Rio de Janeiro, pela comunicadora chilena Sabina Alvarez em parceria com o documentarista brasileiro Victor Ribeiro, e entre as produções disponibilizadas estão temas como a luta pela terra, feminismo, diáspora africana, lutas ambientais, indígenas, de gênero e muitas outras.
A plataforma disponibiliza os filmes em três idiomas (português, espanhol e inglês). Nela, o Brasil vem representado com documentários diversos, como “Transbaixada”, um curta-doc que, a partir do relato de três mulheres, mostra como é ser trans na Baixada Fluminense, o longa “Na Fila do SUS”, que relata o impacto do desmonte e sucateamento da saúde pública no Brasil, “Terra e Sangue”, filme sobre a chacina de Pau D´arco, o longa-metragem “Quilombo do Remanso”, sobre a diáspora africana na Chapada Diamantina, entre outros títulos que se misturam a produções do mundo inteiro.
O coletivo realiza também oficinas de formação audiovisual com o objetivo de democratizar o acesso à comunicação e fomentar a produção audiovisual popular. Atualmente conta com curadores e colaboradores voluntários em países como Chile, Estados Unidos, África do Sul, Canadá, Brasil e Colômbia. A Bombozila também possui produções próprias, variando entre curta e longa metragens, que podem ser assistidos na plataforma.
Para colaborar com a Bombozila é muitíssimo fácil – e útil, já que a plataforma não possui fins lucrativos e é mantida através de colaborações. Indique filmes pelo [email protected]; aos realizadores independentes, cadastre seus filmes; e a todos nós, crentes fiéis no poder da comunicação audiovisual independente, organize exibições e debates em torno dos documentários (a galera da Bombozila pode ajudar com isso, basta entrar em contato), além do mais, acesse as redes sociais da plataforma e divulgue. A turma também possui uma vaquinha online, o endereço é https://apoie.bombozila.com/.
Excelente! bem explicativo, gostei!