Poemas em coletânea
Quando o nome do norueguês Jon Fosse foi anunciado para receber o prêmio Nobel de literatura em 2023, os leitores de outros idiomas o conheciam principalmente pela sua produção para o teatro, mas não demorou para que sua obra em prosa começasse a aparecer nas vitrines em todo o mundo. Fosse, no entanto, é “poeta de ofício”, isto é, iniciou-se na escrita fazendo poemas, já na adolescência, e nunca abandonou os versos desde então, como revelam os livros agora reunidos em Poemas em coletânea, que acompanha uma produção que se estende de 1986 até 2016.
Em todo esse período, com as tormentas próprias de uma obra visceral, os poemas de Fosse levam os leitores a experimentar um trânsito vertiginoso entre paisagem externa e vida interior, em que a peculiar geografia à sua volta — com suas cores intensas, dezenas de milhares de ilhas e lagos formando um mesmo território — se funde às imagens forjadas numa alma em que a contemplação namora o delírio.
E há algo que torna ainda mais incrível o mergulho poético de Fosse: seus poemas sequer são escritos na língua em que a maioria de seus compatriotas se expressa. O poeta escreve numa variante minoritária do norueguês, nynorsk, em busca de um “frescor e clareza” que, para ele, a língua “usada e usada e usada” acaba perdendo. Esse foi mais um dos desafios que a poesia de Fosse ofereceu a seu premiado tradutor brasileiro, Leonardo Pinto Silva, também responsável pela versão brasileira dos romances Brancura e A casa de barcos, publicados pela Fósforo.
Para os leitores que já o admiram por seus romances, ler a poesia de Jon Fosse é, sem dúvida, uma forma ainda mais viva e inquietante de entrar nesse universo extraordinário em que “sempre há coisas demais para esquecer”, mas sobre a terra, nas águas, no peito, bate “um vento com o qual o coração ainda pode se contentar”.
Sobre o autor:
Jon Fosse nasceu em Haugesund, na Noruega, em 1959. Em 2023 recebeu o prêmio Nobel de literatura pelo conjunto de sua obra, que abrange diversos gêneros: poesia, romance, conto, ensaio, literatura infantil e teatro — com dezenas de peças encenadas em mais de cinquenta países —, além do trabalho como tradutor. De sua autoria, a Fósforo lançou Brancura e A casa de barcos e publicará uma coletânea de cinco peças e Septologia, sua obra máxima.
Sobre a plaquete – E depois também
Reunindo poemas escritos pelo poeta e artista visual João Bandeira nos últimos anos, E depois também pode ser lido como um álbum de paisagens. Logo na abertura, os leitores se deparam com a paisagem formada pelas lombadas de livros, em que o poeta paulistano — emparedado pela pandemia — vislumbra um poema escrito a muitas mãos que pode ajudar a abrir horizontes. Na página seguinte, é ainda a partir desse estranho isolamento que ele nos fala: uma multidão vem à soleira de sua casa, mas nada nem ninguém desfaz (nosso) sufoco.
Há também paisagens que se entrelaçam na memória. Por elas passam os carros antigos da família, “vindos de tão longe,/ buzinando em coro uníssono na lembrança”. Há também a paisagem terrível das “laives” presidenciais de outrora. E a história tensionada nos degraus da Bela Vista. E seguem-se morros, sertões, serras, mares, praias, rios, como se o sol subisse e mostrasse, a cada página, que o mundo é maior. E essas paisagens vão se enchendo de gente e bichos: há um beija-flor (que, zás!, escapa do poema), bem-te-vis, cachorros, e há os muitos amigos, os amores, as pessoas todas que vão compondo esse retrato vivo que se desdobra entre recordação e revelação.
Ao lado da beleza dos retratos e panoramas reunidos em E depois também, esse álbum de paisagens impressiona e cativa também porque João Bandeira consegue nos conduzir por “labirintos de linguagem” (para usar a precisa imagem que José Miguel Wisnik flagrou no livro anterior do poeta) construídos com olhos e ouvidos dos mais atentos e agudos.
Sobre o autor da plaquete:
João Bandeira é poeta, artista visual e escreve ensaios sobre arte, literatura e música. Autor de Princípio da poesia (1991), Rente (1997) e Quem quando queira (2015), entre outros, tem poemas publicados em Antologia comentada da poesia brasileira do séc. 21 (org. Manuelda Costa Pinto, 2006) e Alguna poesía brasileña (org. Rodolfo Matae Regina Crespo, 2009).
Sobre a coleção O Círculo de Poemas é a coleção de poesia da editora Fósforo, que já conta com mais de cinco dezenas de títulos, entre livros e plaquetes, formando um catálogo repleto de grandes autores brasileiros e estrangeiros, contemporâneos e clássicos, além de apresentar novas vozes e resgatar obras importantes. Nas charmosas plaquetes, a coleção abriga tanto poemas exclusivos quanto ensaios, antologias e outras voltas pelo universo da poesia. A coleção funciona como um clube de assinaturas que envia mensalmente aos leitores um livro e uma plaquete, também vendidos em livrarias de todo o país a partir do mês seguinte. Além de receber as publicações com antecedência em sua casa e de dar um apoio que é fundamental para a coleção, o assinante paga um valor fixo bem mais vantajoso que o da compra dos volumes avulsos e conta ainda com descontos em diversas livrarias, editoras e outras marcas parceiras do Círculo de Poemas.
Ficha Técnica
Título: Poemas em coletânea
Autora: Jon Fosse
Formato: 13,5 x 20 cm
Número de páginas: 472
ISBN: 978-65-6139-002-6
ISBN do e-book: 978-65-6139-003-3
Preço do livro: R$ 104,90 (e-book R$73,40)
Envio da caixa para assinantes: agosto
Data de livrarias: 10/9/2024
Editora: Círculo de Poemas
Ficha Técnica – Plaquete
Título: E depois também
Autora: João Bandeira
Formato: 13,5 x 20 cm
Número de páginas: 40
ISBN: 978-65-6139-001-9
Preço da plaquete: 44,90
Envio da caixa para assinantes: agosto
Data de livrarias: 10/9/2024
Editora: Círculo de Poemas