Henrique Didimo, poeta, pesquisador, videomaker e integrante do Laboratório de Antropologia da Imagem – da Universidade Federal do Ceará. Tem poemas publicados nas coletâneas ANTOLOGIA MASSANOVA (Editora Mandacaru, 2007) e MEIO-DIA: ALGUMA POESIA DE FORTALEZA (Gráica LCR, 2009).
enquanto submerge fatigada
tornozelo pulsa quente
retratos são paredes descascadas
aguardam a volta ao corpo-lar
as partes úmidas da memória
descolam fatias, trechos
inteiros adormecem ou acomodam-se
em outra história, tatuagem recontada
para novas feridas
vestígios
atrás da escada
aquietam-se conchas
no vão
marés atravessam em claro
orifícios janelas
…………………………
rastilho úmido
de algas
semeia o chão
rachando
paredes
tomada aérea
na fábrica de cera
um incêndio ao vivo
satura com fogo intenso
as cores até o ruído
a lâmpada da sala se acende
um olho amarelo outro azul
ela vem mais perto e vê
faz pouco vento em novembro mas
a coluna negra não é aqui
aqui a praia
tem bafo de / estática
lampejo sólido guardando
chuvisco
mira para trânsito, sem alvo
>
não a flecha parada
em um momento
zero
> >
mas a ausência
a cada instante
tornando a flecha
movimento