Susanna Busato é gaivota paulistana. Filha dos anos 60, meio hippie nos anos 80, virou professora universitária nos anos 90. É autora do livro “Corpos em Cena” (Ed. Patuá, 2013).
1.
Um corpete de bronze ergue
cada osso fraturado.
O veludo se integra aos vãos
e ao que ainda…
A saia em cada praga
ousa mais atrevida
como espada prestes a
fundir-se em meio à carne
como doida despedida.
As meias se tecem rentes
são cristais de derme.
Se arrastam como ciprestes
devoram as dobras da pele
agarram e sobem na noite
a desejar o mais
que a consente.
Penetrar o labirinto e perder-se.
Nos meus naufrágios me assisto.
2.
Um corpete de bronze tece
um veludo fraturado
crista de ossos rente
à pele como dente
de desejo inaugurado.
Trama de pele e bronze
corpo de dentes ergue
à pele o desejo osso
só veludo quando sente.
E sente quando encorpa
sua sede pele adentro
cria nos ossos a derme
cristal carne e desejo.
Mas a pele rompe fria
– osso em corpo –
exígua, exata,
de nenhuma se tinge
e naufraga.