.5 poemas de Fernando Noy

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Poemas com tradução de Wanderson Lima

FERNANDO NOY (ARGENTINA) Poeta argentino, é autor de vários livros de poemas. Incursionou pela ficção e o teatro como autor e intérprete de intervenções não convencionais. Também escreveu “cuentos quemados por el portero” e “historias del under” – uma reunião antológica de treze capítulos sobre a efervescência cultural dos anos 80-90 com o advento da democracia depois do terrível processo militar em seu país.


oigo al viento perdido en el tiempo
adonde ira con su prisa, muy lejos
si pudiera trasnmutarme en aire
y seguirlo en sus pulcros cortejos
veo al viento, el, que a toda hora
con antiguo gemido se acerca
a la noche cuando ya el cansancio
roba perlas que caen de mi frente
ah esas joyas de sudor ardiente
que arrebata con fresco egoismo
veo al viento esconderlas en cofres
y arrojarlas por tu piel de abismo

 

eu ouço o vento perdido no tempo
aonde irá com sua pressa, bem longe
se eu pudesse converte-me em ar
e segui-lo em seus pulcros cortejos
eu vejo o vento, ele, que a todo instante
com um gemido antigo se aproxima
à noite quando já o cansaço
rouba pérolas que caem da fronte
ah essas joias de suor ardente
que arrebata com tenro egoísmo
eu vejo o vento escondê-las em cofres
e atirá-las sobre tua pele de abismo


mi madre, la lluvia, ha muerto
o deberia decir , simplemente, que ceso de llover
mi padre, el bosque, agoniza
o mejor escribir que ha llegado otro otoño
mi amor en la niebla se viste de oro y llama
o es preferible callar que ha llegado la luz
la luz
siempre desnuda
en lo que engarza

 

todo lo que te sobra es mio
tu cuerpo por ejemplo
desdesperada
la mariposa
ya no busca mas nada
ni siquiera tu rosa

 

minha mãe, a chuva, morreu
ou deveria dizer, simplesmente, que parou de chover
meu pai, o bosque, agoniza
ou seria melhor escrever que chegou outro outono
meu amor na névoa se veste de ouro e chama
ou é preferível calar que a luz chegou
a luz
sempre nua
no que enreda

 

tudo o que te resta é meu
teu corpo por exemplo
desesperada
a borboleta
não busca nada mais
nem sequer tua rosa


 

no. no es un mendigo del cielo, es el poeta
y come, su mendrugo de hostia profanada
ningun lazo no une, tan solo la intemperie
lo tragara el color, por habr sido su sombra

 

não. não é um mendigo do céu, é o poeta
e come seu rebotalho de hóstia profanada
laço algum une, tão só a intempérie
o engolira a cor, por ter sido sua sombra


jamas las hojas de otoño ensucian el camino
al contrario, lo enjoyan, ya embriagado de barro
todo estara muerto al fin alguna vez
menos esta imagen que te toca

 

jamais as folhas de outono sujam o caminho
pelo contrario, o adornam, já embriagados de barro
tudo enfim estará morto um dia
menos esta imagem que te toca

 


WANDERSON LIMA (PI) É poeta, ensaísta e coeditor da revista eletrônica dEsEnrEdoS. Doutor em Literatura Comparada pela Universidade Federal do Rio Grande do Norte – UFRN. Professor do Mestrado Acadêmico em Letras da UESPI. E-mail: [email protected]

1 comentário em “.5 poemas de Fernando Noy”

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