Lama é uma Travescritora, Performer e Acadêmica no quinto período de Serviço Social, que se propõe a fazer a poesia coletiva, mas que fala do indivíduo que habita esse coletivo. Narrando um futuro atual e um ser de Lama que está em constante enfrentamento ao Caos social, ela constrói uma proposta de um Agora onde a Travesti narra sua própria história, em contraposição ao silenciamento e estigma histórico que a literatura impõe à sua corpa.
Perplexa comigo mesma
E com meu desejo de estar
parada talvez passada
com a minha inércia
querendo gritar
o que tá aqui
sem acreditar na modéstia
nem em mim mesma
quero matar essas vontades
quero manter essas arestas
eu lembro que me dissestes,
na verdade
que eu não seria nada,
se não prestasse
eu não presto
e sou algo
Tá feliz?
Eu faço
Além do que fiz.
Tu não presta
O alarme silencioso alerta
O escuro engole tudo a minha volta
À espreita eu vejo aquela luz branca
ressoando na parede.
A sensação de medo me domina,
De paralisia.
O que eu faço?
Para onde corro?
Estou num cômodo lotado de ideais
E a perseguição é recente e real,
Ela percorre todas as minhas veias
em uma sintonia catastrófica.
Estou arfando
E corro até as janelas,
Bloqueio cada tranca
Escondo cada sentimento.
Ele não vai me pegar.
Tranco a porta do meu quarto
Ainda assustada com a correria instantânea.
O meu maior medo
É que o medo me alcance,
Porém ele já está aqui,
Dentro de mim
Me encurralando
A anos.
Fui pega sem nem pensar
Fui domada,
Dominada
Pelo excesso.
Porque temer
Algo que já enfrento?
O aceito ou o nego
Nesse domínio do Tempo?
Medo Urbano
algumas folhas caem
mas no geral dá tudo certo,
alguns erros perseguem-me
mas recarrego e recupero
o pic de viver neste século.
O surto é coletivo.
Recupero a minha vontade
de ser uma fera
Vejo ele fumando
na minha janela
Me coloco em posições
que me dilaceram
Mas não deixo me levar
pela mazela
A verdade é que trans-amor é uma doidera
E eu, Que dirigi até aqui,
E agora não sei nem mais onde tô?
Tu prometeu que tava pra sair
Mas foi só frase do calor…
Do momento
Dirigi até aqui
Para lidar com meus tormentos
Sentir a ausência
E entender o movimento
E eu? Que esqueci o que me prometi
E propus uma vírgula no ponto
Traindo mais uma vez
Tudo o que finjo que conto.
agora pronto…
Para o ruir desses castelos
Sugiro descartar promessas
projeção virtual
de conforto reluzente
a marca prédita
de uma alucinação pendente
eu viajo nas minhas idéias
simulo em algumas verdades
eu temo serem mortíferas
tal qual os vícios que eu rego
medo de acabar sendo venenosa
mais do que espero
medo de que meu veneno
faça estrago sempre que me entrego
venenossa
bio-poemas… corajosos… fortes… flexas que atingem certeiras os alvos… amei… beijos n’alma…
bio-poemas… corajosos… fortes… flechas que atingem certeiras os alvos… amei… beijos n’alma…