Entrevista realizada por Aristides Oliveira
Patrícia Marcondes de Barros é paulistana, professora do Departamento de História da Universidade Estadual de Londrina. Doutora em História (UNESP) e em Estudos Literários (UEL) é pesquisadora da Contracultura e da Literatura Marginal dos anos 70. Já faz um tempo que conversamos sobre os impactos da produção contracultural nos eixos Sul, Sudeste e Nordeste. Seus estudos sobre Luís Carlos Maciel são referência no circuito acadêmico brasileiro. O que mais gosto no trabalho dela é o diferencial de não ser uma pesquisadora de escritório, produzindo textos cheios de conceitos sofisticados, mas vazios de experiência de vida. Patrícia, além de ser um nome consolidado no campo de estudos sobre o tema, vivencia os sons e as palavras que narram uma história que precisa, a cada dia, ser aprofundada com novas pesquisas que revelem outros nomes da literatura marginal. É exatamente isso que ela está fazendo.
Como se deu sua relação com os estudos sobre contracultura no Brasil?
Minha conexão com a contracultura começou com o rock. Meus pais sempre foram apaixonados por música, e nossa casa era repleta de instrumentos musicais e discos. Eles me apresentaram um mundo literário e musical que incluía de Plínio Marcos a Tropicália, Rolling Stones, Grateful Dead, entre outros, o que me marcou profundamente.
Cresci no bairro de Pinheiros, em São Paulo, cercada por grandes novidades e espaços contraculturais, como o Teatro Lira Paulistana, o Madame Satã, o Café Piu-Piu, o Fofinho e a Galeria do Rock. Esses lugares foram os pontos de encontro de várias tribos urbanas em São Paulo, onde se discutiam assuntos diversos, desde música e comportamento até a política.
Os primeiros livros que li sobre contracultura foram indicações do professor José, de História, cujas aulas eram as mais esperadas da semana no Colégio Estadual Fernão Dias Paes. Em suas aulas tínhamos liberdade para falar e discutir sobre temas considerados tabus, em um período pós-ditadura. Os livros indicados por ele, “O que é contracultura”, de Carlos Alberto Messeder Pereira, e “O que é punk”, de Antônio Bivar, despertaram meu interesse pelas transformações culturais dos anos 1960 e 1970.
Essas mudanças no campo da estética e da política, rotuladas como contracultura pela mídia norte-americana, fizeram sua travessia no Brasil através das artes e da imprensa alternativa. Luiz Carlos Maciel, com sua coluna Underground (1969-1971) no semanário Pasquim, foi um dos principais responsáveis por divulgar esse movimento. Seus livros “O Negócio Seguinte” e “Geração em Transe” me ofereceram uma visão mais aprofundada do fenômeno, revelando que a contracultura não era apenas sobre “sexo, drogas e rock’n’roll”, e que a ideia de “paz e amor” hippie era mais um desejo do que uma realidade palpável. Como se sabe, a ditadura militar, que se estendeu por longos anos no Brasil, perseguiu e matou jovens que ousaram desafiar o sistema. Outros se perderam, enlouqueceram ou se suicidaram. A contracultura, assim, foi uma expressão de resistência e uma resposta desesperada às opressões da época.
Livro de Luiz Carlos Maciel “Geração em transe”: memórias do tempo do Tropicalismo, Editora Nova Fronteira, 1997. Arquivo pessoal.
Quando entrei na universidade, lembro-me que o primeiro artigo que escrevi foi justamente sobre a história da contracultura, desde o seu início com os provos holandeses, passando pelos poetas beats e os hippies norte-americanos, até chegar ao Brasil com o desbunde tropicalista. O livro “Provos”: Amsterdam e o nascimento da contracultura de Matteo Guarnaccia foi importante na descoberta de que o movimento de contracultura, como historicamente concebemos, nasceu em Amsterdam, na Holanda.
Fonte: internet.
Pesquisei também um jornal alternativo intitulado “Poeira”, porta-voz das reivindicações estudantis, algo inerente à época em que foi produzido, no início da década de 1970, na esteira do AI-5. Foi lançado em março de 1974, na Universidade Estadual de Londrina, com este título inspirado nos versos do compositor Paulo Vanzolini: “Levanta, sacode a poeira e dá volta por cima!”.
Jornal Poeira, 1974, NDPH – UEL.
Através de uma matéria desse impresso, encontrei diversas informações relacionadas à contracultura, incluindo um relato sobre um festival de música que tinha acontecido na cidade de Cambé, próxima a Londrina, chamado de “Colher de Chá” e que marcou definitivamente aqueles jovens sonhadores. Esse festival demonstra como as ideias contraculturais se espalharam pelo Brasil, de norte a sul, indo além dos grandes centros urbanos e chegando ao interior do país.
Realizado em 1973, o festival atraiu cinco mil pessoas e trouxe nomes como “Os Mutantes”, “Joelho de Porco”, Neuza Pinheiro e Carlos Alberto Cavali, baterista da banda “Os Bárbaros”.
Como se sabe, os festivais de rock representaram o apogeu da contracultura, a exemplo de Woodstock (15 de ago. de 1969 – 18 de ago. de 1969), incorporando o ideário da retribalização preconizado por Marshall McLuhan, com a retomada de elementos dionisíacos. Esses eventos destacam-se pelo uso de drogas psicodélicas e pela eletrônica, através das guitarras, amplificadores e alto-falantes, que garantiam o “happening aquariano”.
Festival Colher de Chá.
Assim, fui desenvolvendo um itinerário de estudos sobre a contracultura, que, ao meu entender, foi uma resposta crítica e criativa de uma pequena parcela juvenil de classe média ao mundo da “Bomba H”, do autoritarismo, do capitalismo e da tecnocracia. Com seu aspecto mutante, a contracultura passou a ser assimilada pelo mainstream, deixando de ser contestação e se tornando produto, alimentando a indústria fonográfica da época, a moda e outros negócios do mundo capitalista que emergiram no mundo pós-guerra. Isso formou uma cultura juvenil consumidora em potencial. Mas, ainda assim, seu veio inicial romântico transformou, ampliou e descentralizou a cultura oficial, abrindo-se para horizontes de novas possibilidades de ser, sentir e pensar a sociedade.
Gosto muito da ideia de Timothy Leary sobre a dinâmica do movimento. Ele diz na obra “Contracultura através dos tempos” (2007) que a contracultura: “[…] floresce sempre e onde quer que alguns membros de uma sociedade escolham estilos de vida, expressões artísticas e formas de pensamento e comportamento que sinceramente incorporam o antigo axioma segundo o qual a única verdadeira constante é a própria mudança. A marca da contracultura não é uma forma ou estrutura em particular, mas a fluidez de formas e estruturas, a perturbadora velocidade e flexibilidade com que surge, sofre mutação, se transforma em outra e desaparece”.
A gente tem trocado ideias sobre pesquisa na área do rock. Que sons fazem parte da sua vida e que influências eles trazem para compreender seu universo de leitura atualmente?
Os sons que escuto hoje são os mesmos de ontem, embora eu esteja aberta às novidades musicais que geralmente chegam através do meu filho e das redes sociais. Gosto de vários estilos musicais, da bossa nova a música eletrônica, mas a minha paixão mesmo é pelo rock em todas as suas variações: do rockabilly ao heavy metal, passando pelo punk rock, progressivo, grunge, entre outras.
A conexão entre os sons que escuto e as minhas leituras atuais é notória, pois pesquiso a poesia marginal, especialmente a dos anos 70, que converge diretamente com o rock. Quando leio um poema marginal, parece que escuto o som cortante de uma guitarra, atravessado pelo ritmo pulsante do baixo e pela cadência visceral da bateria. A energia e a rebeldia presentes nas letras de rock também se refletem nos versos desses poetas marginais.
Essa sensação é quase sinestésica; os poemas evocam um ritmo e uma cadência que lembram o pulsar de um concerto de rock, criando uma experiência visceral e intensa. Um poema de Mário Jorge, Paulo Leminski, Nicolas Behr ou Guilherme Mandaro, por exemplo, tem para mim uma vibração semelhante à de uma música de Janis Joplin ou The Doors. É como se cada verso fosse um acorde, cada estrofe um riff que ecoa a mesma busca por liberdade e ruptura.
Entrevistando alguns poetas dessa fase, muitos afirmaram a importância desse estilo musical, chegando a se considerar uma “banda de rock de poetas”. Isso me marcou bastante. Eles se viam como figuras de contracultura, desafiando as convenções literárias, sociais e mercadológicas, assim como os músicos de rock desafiavam as convenções musicais e o status quo. A combinação de rock e poesia revolucionou a forma como a arte era percebida e consumida.
Você é uma pesquisadora da contracultura que mora no Sul do Brasil. Como você avalia a participação dos pernambucanos e piauienses no impulso criativo desse movimento cultural?
A participação dos piauienses e pernambucanos no impulso criativo do tropicalismo (considerado a face da contracultura brasileira por diversos pesquisadores) desempenhou papeis significativos na diversidade e na inovação estética do movimento, mesclando elementos tradicionais nordestinos com influências internacionais.
No Piauí, por exemplo, temos Torquato Neto que foi uma figura crucial tropicalista, oferecendo uma perspectiva poética e provocativa que desafiou as convenções estéticas e sociais da época. Sua obra e a de outros artistas como Arnaldo Albuquerque, Durvalino Couto Filho, Paulo José Cunha e Edmar de Oliveira a exemplo, são de suma importância para entender a contracultura e contribuíram não apenas para diversificar o espectro criativo do Tropicalismo, mas também para enriquecer suas mensagens sobre identidade, política e cultura brasileira nas mais diversas instâncias artísticas.
Em Pernambuco, temos Jomard Muniz Albuquerque, Lula Cortes, Katia Mesel, Lailson Holanda, Marconi Notaro, Zé da Flauta, Paulinho Rafael, Tamarineira Village, Rafael Semente, Marco Polo, Flaviola, Zé Ramalho, Robertinho do Recife, entre outros que fizeram a fusão desses elementos regionais com influências globais criando uma linguagem única, refletindo a complexidade e a riqueza cultural do Brasil.
Então, a participação dos artistas piauienses e pernambucanos foi vital para a formação de um Tropicalismo que não só inovou esteticamente, mas também abordou questões sociais e políticas com uma profundidade singular e linguagem diferenciada. Como a contracultura apresenta um espectro muito amplo de manifestações me ative aqui à memória rápida de alguns desses artistas que fizeram esta história acontecer, mas sei que são muitos.
Quais as reverberações que sentimos na produção cultural brasileira contemporânea a partir da influência tropicalista?
A influência tropicalista reverbera profundamente na produção cultural brasileira contemporânea, marcando uma ruptura estética e ideológica que continua a inspirar artistas e movimentos até os dias de hoje. O Tropicalismo, surgido em fins da década de 1960, introduziu uma fusão radical de elementos culturais diversos, como música popular brasileira, rock, cinema, artes visuais e poesia concreta. Essa abordagem transgressora e experimental desafiou as normas estéticas e sociais vigentes, promovendo uma reflexão crítica sobre identidade nacional, modernidade e tradição.
Na produção cultural contemporânea, vemos a reverberação do Tropicalismo em diversas manifestações artísticas, com músicos e bandas que incorporam livremente a diversidade de ritmos e estilos, criando novas sonoridades que refletem a rica musicalidade brasileira. No cinema e nas artes visuais, há uma contínua experimentação com formas e temas, influenciados pela liberdade criativa e pela irreverência tropicalista. Além disso, questões de identidade, gênero, política e cultura popular continuam a ser exploradas de maneiras inovadoras, alimentadas pela herança provocadora e iconoclasta dos anos 60.
Assim, a influência tropicalista não apenas marcou um momento singular na história cultural brasileira, mas também deixou um legado duradouro que continua a inspirar novas gerações de artistas e pensadores, enriquecendo o panorama cultural contemporâneo com sua energia e complexidade. Quando penso nessa questão lembro-me prontamente do Chico Science, que fez uma dialogia entre ritmos regionais como o maracatu, com estilos mais universais como o rock, o funk e o rap.
Você tem uma relação muito próxima com o trabalho de Luiz Carlos Maciel. Como essas conexões foram construídas?
Considero Luiz Carlos Maciel como o meu professor e entusiasta. Quando li o livro “Geração em transe”, fiquei literalmente em transe e resolvi pesquisar suas obras, a sua ideia de contracultura. Fui para o Rio de Janeiro e me recebeu muito bem, pois tinha uma bondade e paciência grande com os jovens e pessoas totalmente desconhecidas como eu.
Apesar de sua importância no meio cultural, não se portava como uma “estrela”. Em 2012, convidou-me para organizar sua obra o “Sol da Liberdade” (2014), em um momento que já se encontrava doente, desempregado e sem uma editora que quisesse publicar seu trabalho. Jorge Mautner assinou a introdução do livro e depois de um tempo longo de tentativas e espera, finalmente conseguimos a oportunidade de publicação junto à editora carioca Vieira & Lent. A feitura do livro foi um capítulo à parte, difícil, produzido em meio às idas e vindas de Maciel do hospital.
Livro Sol da Liberdade (2014), editora Vieira & Lent.
Registro de 2013, Leblon, Rio de Janeiro. Conversas sobre a produção do livro “Sol da Liberdade”. Arquivo pessoal.
Ele sempre com um humor inabalável brincava com a situação, falando que só faria “sucesso” quando morresse. Já se antevendo, falou que nas manchetes dos meios de comunicação seria colocado assim sobre sua passagem: “Morre o guru da contracultura brasileira”. Ele não gostava desse estereótipo de “guru” que surgiu ainda na sua incursão no Pasquim, devido ao montante de cartas que recebia dos leitores que buscavam soluções para suas vidas em crise. Uma aura messiânica permeou aquele momento da contracultura com o surgimento e desaparecimento de gurus de todas as espécies. Por conta do teor da coluna Underground que tocava em assuntos comportamentais com um veio existencialista e psicanalítico em momento de repressão militar, passaram a considerar Maciel uma espécie de guru. Falava que não tinha talento para ser mestre de nada, nem de ninguém, e que cada um deveria seguir a sua senda!
Maciel foi o grande interlocutor da contracultura brasileira e desenvolveu um trabalho ímpar na imprensa alternativa, discutindo assuntos não tocados pelos meios de comunicação oficiais da época e sempre esteve na ativa, mesmo quando doente e desempregado. Com seu pensamento inteligente, rápido e atualizado sobre tudo, desenvolveu peças de teatro, roteiros, livros e cursos, entre outros trabalhos. Ele sempre tinha “um projeto na manga” e manifestou-se até quando pôde nas redes sociais, em seu perfil pessoal do facebook, sempre a favor da liberdade de expressão, com uma visão progressista, libertária que o caracterizou desde sempre. Foi um dos poucos teóricos da contracultura no Brasil.
Conte-nos a respeito de sua recente pesquisa sobre o poeta marginal Guilherme Mandaro. Pouco se sabe sobre ele.
Guilherme Mandaro é reconhecido por muitos como um “poeta-historiador”, destacado na cena da poesia marginal por seus amigos e colegas, embora permaneça em relativo anonimato para o público em geral. Fui apresentada às suas obras publicadas Hotel de Deus (1976) e Trem da Noite (1979), por seu amigo Ricardo Chacal, uma figura central no cenário da poesia contemporânea.
A oportunidade surgiu durante uma entrevista realizada com o poeta em que ele compartilhou suas memórias e reflexões sobre os significados da poesia marginal carioca no contexto da ditadura militar, enfatizando o papel essencial do Guilherme nesse cenário e dos movimentos artísticos que o permeiam, como o coletivo Nuvem Cigana.
Guilherme Mandaro. Fonte: internet.
A pesquisa de doutorado então foi centrada nos dois livros de Mandaro e representou uma valiosa complementação às investigações que conduzi previamente sobre a contracultura e a literatura marginal. Além disso, é essencial destacar o contexto significativo em que esta tese foi elaborada: durante a pandemia de COVID-19, um evento de proporções profundas que afetou todas as áreas da vida e trouxe uma série de desafios para esta pesquisa, incluindo a necessidade de adaptação das práticas de estudo diante das restrições de mobilidade e do fechamento de instituições de pesquisa.
É relevante ressaltar que a falta de documentação sobre o poeta limitou-se aos registros disponíveis apenas em acervos pessoais de algumas pessoas que o conheceram. O que pude investigar foram os vestígios, os rastros deixados pelo poeta em algumas publicações, fotografias, cartas e filmagens em super-8.
No âmbito acadêmico, o poeta é frequentemente citado em pesquisas e livros como referência importante na poesia marginal, contudo, não há nenhuma pesquisa especificamente sobre ele (agora, tem). Assim, para compreender sua poética, foi essencial desvendar a experiência literária de uma parcela significativa da geração envolvida com a poesia marginal, especialmente a carioca, advinda da Zona Sul e suas influências: a contracultura norte-americana, o modernismo antropofágico oswaldiano, a linguagem das ruas, a lisergia das drogas, o rock e o carnaval carioca, entre outras.
O papel desempenhado pelo poeta na coordenação das primeiras incursões da poesia marginal, notadamente marcadas pelo uso do mimeógrafo, foi de suma importância para os novos poetas. Essencialmente, possibilitou uma nova expressão das palavras, juntamente com a experiência do corpo por meio da performance na poesia.
Esta liberdade permitiu que vozes autênticas e contestadoras surgissem, desafiando as convenções estabelecidas e contribuindo para o processo de descentralização da arte. No início, apesar do interesse no poeta, quis deixar para lá, pois me demandaria um trabalho de imersão ao qual não sabia se estava preparada. Mas fui me apaixonando pela ideia de escrever sobre ele e segui, enfrentando as dificuldades.
Ao adentrar em suas composições poéticas, deparei-me com uma afinidade instantânea com seu conteúdo, que é simultaneamente intenso, intimista e social. Seus poemas revelam suas preocupações políticas enraizadas numa perspectiva de esquerda, fundamentadas em suas vivências diárias no movimento estudantil, nas comunidades e coletivos artísticos, além das viagens permeadas pelos sonhos de autonomia. Seus poemas transcendem o individual, capturando e proporcionando uma imagem da contracultura nos trópicos. Com este trabalho não tenho o intento de fazer “disputa” com as memórias daqueles que viveram na época e conviveram com o poeta, mas sim de destacar a importância de Guilherme Mandaro na história da poesia marginal dos anos 1970.
Além disso, é necessário ressaltar a urgência de novas pesquisas para descobrir tantos outros poetas marginais quase anônimos, que não fazem parte do circuito cultural Rio-São Paulo. Esses poetas fornecem importantes e singulares elementos para a análise da história literária e da história do Brasil.
Na apresentação de seus livros, Mandaro (1979, p. 31) revela: “Arrisquei mais do que tinha direito. Não saí incólume, mesmo porque estou mais velho”. A instabilidade psíquica do poeta, sua internação em clínicas psiquiátricas, sua notável inteligência e postura demiúrgica coordenando “aquele carnaval triste” são lembradas nesta pesquisa, aproximando o leitor de um tempo, do professor de História e poeta envolvido com as causas sociais e, sobretudo, da intensidade do jovem estudante revolucionário, que alcança através de sua poesia singular o minado terreno do século XXI.