por Aristides Oliveira
Durante toda minha graduação, cismei em estudar teatro piauiense, por causa da minha experiência de ator em formação, mas quando cheguei em 2006, meu 1º anti-professor Edwar entortou minha cabeça e me apresentou seu livro sobre um universo que desconhecia: o Tropicalismo. Enquanto tateava esse lugar desconhecido, meu amigo e 2º anti-professor, Jaislan Monteiro trabalhava com Edwar alguns filmes do cinema marginal piauiense, aí foi giro de 360 graus! Aos poucos assisti o que há de mais absurdo e construtivo na cinematografia underground brasileira e me tornei um novo leitor e espectador da década de 70.
Lembro daquele dia em que caminhava com Edwar (ele em direção ao seu Eco Sport e eu rumo a parada de ônibus), quando ele disse: “tu precisa estudar tropicalismo cara, vou te apresentar um cineasta pernambucano foda. Ele fará parte de um projeto de pesquisa que estou escrevendo”.
Pronto: algum tempo depois Edwar me conduziu ao palco do circo jomardiano e me encantei com a Pernambucália. Quase 20 anos depois, não parei de estudar as tramas de Jomard Muniz de Britto, meu 3º anti-professor.
O relançamento desse livro é emblemático, urgente e necessário. Edwar é um educador que influencia uma geração de jovens que se tornam pesquisadores de um dos momentos mais turbulentos da história do Brasil. E vamos que vamos porque já quero meu exemplar.
Abaixo, um release enviado pela Editora Cancioneiro sobre a obra:
Torquato Neto, um dos mais icônicos nomes do cinema marginal brasileiro, é desvendado em Todos os dias de paupéria: Torquato Neto e a invenção da Tropicália, livro de Edwar de Alencar Castelo Branco, professor da Universidade Federal do Piauí, que acaba de sair pela editora Cancioneiro, de Teresina.
A obra, agora em segunda edição, tornou-se um clássico da historiografia brasileira ao propor que a década de 1960 teria sido o momento de emergência da pós-modernidade brasileira, na medida em que foi nesse período que se visualizou os estertores de um segmento jovem que viveu e criou sob uma compressão do espaço e do tempo e, ao mesmo tempo, sob a pulverização da vida.
Segundo o historiador Durval Muniz de Albuquerque Júnior, o livro é original por questionar as verdades cristalizadas e proporcionar uma releitura do movimento tropicalista. Conforme pontuou, ao invés de tentar construir uma verdade sobre a Tropicália, a obra procura desmontar as versões aceitas sobre o período e descentrar o “papel da música popular e do grupo baiano, notadamente Caetano Veloso e Gilberto Gil”, permitindo assim a visão de outras virtualidades e fazendo “emergir outras figuras malditas e mal vistas como José Agripino de Paula, Tom Zé, Jomard Muniz de Brito e o próprio Torquato Neto”.
Todos os dias de paupéria pode ser adquirido no site da editora Cancioneiro, nas principais lojas virtuais do país e em livrarias selecionadas.
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