Em 2018, a Universidade Federal do Piauí sediou o evento de extensão “Tinta na Federal” que coloriu com grafitti em torno de 1,3 Km de extensão dos muros da universidade. O evento reuniu artistas urbanos de várias partes do país como Ceará, Maranhão, Rio Grande do Norte e Pará e contou com oficinas, sendo uma delas de Break, um estilo de dança de rua pertencente à cultura do Hip-Hop, escritores, feiras, pinturas e palestras. No mês de junho do mesmo ano, os grafites migraram para o catálogo Galeria de Arte Urbana – UFPI, lançado no Salão do Livro do Piauí (SALIPI) e agora ganha uma versão digital em e-book elaborada para o Circuito Urbano de Intervenções Artísticas -CUIA.
O livro foi organizado pelo grafiteiro e estudante de Pedagogia Marcus Batista, mais conhecido como Maku e pela jornalista Jacqueline Lima Dourado por meio da Pró-Reitoria de Extensão e Cultura – PrexC e publicado pela EDUFPI, editora da Universidade Federal do Piauí. O catálogo reuniu além de fotos dos grafites feitas pelos fotógrafos Manoel Eduardo e Victor Martins de Carvalho, ensaios das professoras Juliana Fernandes Teixeira, Jasmine Malta, Neila Tanísia Rocha, Naise Caldas Silva e dos estudantes Ronne Wesley Lopes da Cruz, Larissa Lima Emérito e dos organizadores.
Gil Camelo ficou responsável pelo projeto gráfico do catálogo, permitindo que a essência do grafismo fosse ali transmitida. A diretora de arte criou um novo modelo, partindo do projeto em preto e branco. Algumas pesquisas sobre o universo do grafite e das letras foram feitas para conseguir trazer algo mais colorido, que apresentasse mais vida e demonstrasse a diversidade que tem nos nossos muros, aquilo que está gravado nas telas das ruas. Em seguida, Gil enquadrou isso numa espécie de catálogo, onde foi atrás dos nomes de cada estilo para apreender a produção do material. A concepção do catálogo é uma outra forma de registrar e mostrar que é possível fazer a arte, seja ela em paredes ou mesmo no papel.
Segundo Marcus, o projeto não focou apenas no grafismo em si, foi também uma manifestação da cultura de rua e das artes urbanas de uma maneira geral. Dentro desse movimento, há a presença de outros estilos como o grapixo, o pixo, o estêncil, lambe, dentre outros. O Graffiti é aquela cultura que vem da periferia e invade não só a casa do burguês ou do empresário, mas envolve toda a sociedade.
O eBook se encontra disponível para leitura no issuu, basta clicar na imagem a cima, e também para download em formato pdf, através do link de acesso: https://drive.google.com/file/d/1FohS0UFrwLpIrCZXue01uZ-Er6qW3wvj/view
O CUIA
Surgindo com uma ideia de mesclagem de diversas linguagens artísticas a fim de transformar e ressignificar os espaços, trazendo transformações estéticas, sem deixar de lado a nossa identidade, surge o Circuito Urbano de Intervenções Artísticas – CUIA, que traz este mesmo conceito no significado do próprio nome. No artesanato, a cuia é um recipiente geralmente ovóide feito de um fruto que é secado e desprovido da polpa e utilizado para esvaziar canoas, transportar ou misturar líquidos, alimentos e muitas outras finalidades.
Para além de um evento artístico de finalidade potencializadora do Centro de Teresina e de programação diversificada, o CUIA é um evento que mistura cores, pessoas, artistas, ideias e conceitos em espaços que fazem parte do nosso cotidiano e que tocam direta ou indiretamente a população que frequentam o coração histórico da cidade, fazendo com que o Centro seja visualizado por outras perspectivas e também pelas mais diversas possibilidades de usos.
A identidade visual do CUIA é composta pelos elementos das obras do artista Carlos César. Formado em Moda pela Universidade Federal do Piauí, Carlos tem seus trabalhos abrangendo vários suportes, como o bordado e passando também pelas artes digitais. Nas suas obras, traz personagens e locais populares do imaginário teresinense, como no caso de “A sociedade do Através” (2019) e “Os Androides de Areia” (2021), que carregam uma linguagem de HQ futurista ambientada em nossa capital. Segundo o artista, as suas obras retratam nossa cultura, nossa história, adaptando personagens das nossas lendas para a nossa realidade, transformando conceitos abstratos de uma cidade em personalidades.
As ações do Circuito Urbano de Intervenções Artísticas – CUIA no Centro de Teresina continuarão até fevereiro de 2022. Entre as ações realizadas até o momento está a intervenção em stringline “A Teia”, de autoria do grupo Arte Coletiva e que foi o marco inicial do evento; Carlos Cesar com o seu painel 2037 em lambe-lambe, que foi o maior do tipo na cidade de Teresina; Lu Rebordosa que trouxe duas intervenções, ambas no Mercado Velho de Teresina: “Ydjara do Parnaíba” e “Pirá kwery”. O artista Hirlan Moura também trouxe cores ao Centro com obra intitulado “Quem me leva os meus fantasmas”, um painel de quase 100 metros quadrados. Por fim, Letícia Anguito trouxe em seu painel intitulado “Balanço Tropical” elementos do Nordeste brasileiro.
Além das intervenções artísticas, o evento também contou com uma programação bem diversificada no Clube dos Diários, no dia 26 de novembro, onde foram realizadas mesas-redondas, exibição dos documentários “Reflexo Central” e “Cidade Entre Rios”, música e a degustação de comida da feira gastronômica afro pela segunda edição do “Somos Todos Black”, desenvolvido pelos alunos da Uninassau.
O CUIA é uma realização da Associação Amigos da Arte e da Cultura do Piauí (@assaacpiaui); Saracura Produtora (@saracuraprodutora) e conta com patrocínio do Governo do Piauí Armazém Paraíba (@armazemparaiba) através do Sistema de Incentivo Estadual à Cultura – SIEC da Secretaria de Cultura – SECULT (@cultura.piaui). Além disso, o evento com apoio da Rambeer (@rambeercervejaria), da Sherwin-Williams (@sherwinwilliansthe), da MM Locações (@mmlocacoes), do Arte Urbana Teresina (@arteurbanateresina), da Rua 2 (@rua2produtora) e da SAAD Centro – Superintendência das Ações Administrativas Descentralizadas ( @saad_centro ).