3 Poemas de Henrique Duarte Neto

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Henrique Duarte Neto é catarinense, nascido em Taió, em 01/11/1972. É poeta e crítico literário, professor e funcionário público. É formado em Letras e Filosofia, tendo posteriormente feito doutorado em Literatura pela UFSC e Pós-doutorado em Letras pela UFPR. Escreveu livros sobre poetas como Augusto dos Anjos, José Paulo Paes, Ferreira Gullar, Roberto Piva, Claudio Willer e Ricardo Lima. Nos últimos dois anos deu vazão a três aventuras poéticas, os livros Musas seguidas de poemas filosóficos (Florianópolis: Insular, 2019), Provocações 26 (Curitiba: Kotter, 2019) e 34 pequenos exercícios poéticos (São Paulo: Primata, 2020). Publicou em diversas revistas de poesia, entre elas a Ruído Manifesto, a Literatura e Fechadura, a Escrita Droide e a Zunái. E-mail: [email protected]


A corda e o equilibrista

Na corda bamba da vida,
Sou o equilibrista precário,
Que em destino ordinário
Padece lida após lida.

A corda, fino fio estendido,
Espera pelo meu deslize,
Para ela, sem que me avise,
Tornar-me corpo estendido!

E não resta outra solução,
Senão seguir o seu curso,
Harmonizar o percurso,
Frente à futura fragmentação.


Deserto interior

Há os que nunca viram um deserto,
mas que trazem na alma
marcas de paisagens calcinadas de sol a pino.

Há aqueles que veem a morte por todos os lados,
mesmo na exuberância da natureza em flor.

E há aqueles que, cegos, não veem nada.
Desejosos, como Narciso, de serem a única paisagem:
o verdadeiro deserto interior!


Névoa

Nesta névoa invernal, aqui, no Alto Vale do Itajaí, a vida é posta entre parênteses (o cantar dos pássaros, o esplendor da natureza, a circulação dos transeuntes e dos veículos). Tudo ganha um ritmo desacelerado, como se fosse extinto aos poucos todo élan, todo frenesi, toda volúpia, restando uma mera sombra do que outrora foi exuberância e agora se configura em ruína.

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