Duan Kissonde nasceu em 1993 na cidade de Porto Alegre. É poeta o tempo inteiro e graduando do curso de história pela UFRGS nas horas vagas. Publicou em diversas antologias, como Pretessência: Antologia do sarau Sopapo Poético (Editora Libretos, 2016), Jovem Afro: Antologia Literária (Editora Quilombhoje, 2017), Kintais do Mundo (Org. Sarau no Kintal-SP), Cadernos Negros Vol. 41 (Editora Quilombhoje, 2018) e Revista Ovo da Ema n 3° (Escola de Poesia, 2018). E está com o seu primeiro livro de poesia no forno.
Resignagem Diaspórica
Um vento sopra meu corpo
devolvo esse sopro com
outras palavras
haicai massai sincrético
Cupópia nuvoletas travessia
triângulo atlântico abissal
refazenda de retalhos bantos
garrafa jangada ao mar
lundu ladino mnemônico
gazua linguística lá do Cafundó
Nganga
Com seu corpo coberto de folhas &
sua pele floresta (
vestes de musgo)
Katendê avança malembe
sobre o seu te-Reino profundo
Pembelê pai da folha!
Pembelê pai do segredo!
fotossíntese ancestre
milonga & mandinga
verde- clorofila
bicho-folha
verdevida
louva-deus
(que passeia e se camufla na chuva dançando com os pingos)
corpo coberto de folhas
ele tira com as folhas
feitiço, mandinga e quebranto
&
do corpo noite dos seus filhos
corpo coberto de folhas
varre do (ki) lombo
toda e qualquer doença de branco.
Na mata escura
ele traz a cura
no pé da cascata
ele fulmina
a chibata colonial
com a ira
que ele próprio retira
do seu olho-vegetal.
Orikí para orírêre
(para Akins Kintê, mano véio de guerra)
poesia
falante
griotagem
ambulante
à moda dos elefantes
da mais ancestral savana
toque de samba da Brasilândia
na Paulicéia palmarina
mandinga- ginga
fala
dum mestre-sala
de porte imbangala
da língua
Lingala litúrgica