5 Poemas de Roger Willian

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Roger Willian, nascido em Ribeirão Pires em 1986. É professor de Sociologia da rede pública de ensino, autor de “Pirilampo” [Editora Algaroba, 2018] e da plaquete “…a terra pula corda com o braço da Via Láctea” [publicação independente, 2019]. Atualmente, trabalha em um livro de contos.


Resto


Amo sem medida
Teço a manta de resto
Aquecendo-me
Amo os desgraçados
e lhes sou grato por me devolver a hora
Amar é fome
Fidelidade irremediável
Colheria a felicidade em uma carícia
com endereço
Mas o fogo que ofereço
retorna para a fonte
e forja um coração
celebrante
Ardente cometa desvairado
Pleno de espaço
sem repouso
sem rótulo
Copo de requeijão ordinário
A margem da margem
Muitos mestres e nenhum
Roubo o verbo
Torno-me
um Prometeu egoísta.



(Heartbeats sob a estrela de Belém.)


Heartbeats sob a estrela de Belém.
Os pés se mantêm firmes
apesar da instabilidade do chão.
Não sei nada sobre a era de aquário
mas em silêncio elétrico e pequenas luzes
faço festinhas em seus cachos.
I don’t care if Monday’s blue
nossa playlist de 2013
abre baús de antigos sorrisos
vestimos e ainda caem bem.



(O amor é um jogo desonesto)


O amor é um jogo desonesto.
Um banquete de ingratos.
Fome ad infinitum.
Um rapto consentido,
Um flerte do carrasco.

Lembrete:

Só deve maldizer o Amor
aquele que ama.

Hoje acordei vestido de confusão
sem saber se sua boca era um campo livre ou minado.

Alimento o Godzilla na ponta da caneta.
E sei de cor as palavras pra te esmagar
sempre,
fora do timing,
claro.

Tua Beleza é um delito seco.

Entro num jejum
por sabê-lo inigualável.

Com que direito esvazias as nuances do divino de outros corpos?

Até onde eu sei
essas estrelas que nos cobrem como um chapéu
podem ser apenas lembranças…

Cai a ficha.

Tua presença cintila.
Mas você partiu faz tempo.
Sou só eu mascando um chiclete.
Sem doçura.


Ménage à trois

Hoje, no banho
fiz amor com Gal e Caetano
a tarde caía como a água,
terna e morninha.
A doce voz de Gal escorria em suave carícia
a de Caetano… delícia.
Um tantinho atrevido de Sol
alumiava meu peito avarandado
como um dia numa festa.
Mundo presente despido com desejo
roda, roda a sede.
Meu coração vagabundo
afoga e afaga o mundo em mim.


Ostra

Torno-me a cada dia
um outro/outra
uma ostra fundida
fudida pelo sal da vida
Ostra
caixa de música perdida
entre marés
soterrada
arqueologicamente revelada
na lúdica e violenta
dança das tormentas
Dentro da casca endurecida
partituras em eternas incompletudes
se reescrevem
músicas inéditas
Inacabadas
Insolentemente
Incansavelmente
Intocadas
ruidosas
em
corpo
pe
re

v
e
l

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