A exposição tem curadoria de Damiana Bregalda e Paola Marugán e apresenta os trabalhos artísticos de Ana Emerich, Ana Lira, Coletivo Líquida Ação, Edzita Sigoviva, Sallisa Rosa e Zahy Guajajara. Confira o texto curatorial e mergulhe nessa experiência político-sensorial.
Como reencantar o mundo? Como práticas artísticas-políticas podem contribuir para a feitura de mundos por vir? De que maneiras reflorestar a imaginação em nossas lutas políticas feministas antirracistas e anticoloniais?
A exposição que propomos evoca práticas de afirmação da vida articuladas por artistas mulheres brasileiras desde alianças e vínculos com territórios diversos e em disputa com o projeto homogeneizante do estado-nação. O fazer da artevida inscrito em ciclos de militância ancestrais e em linhagens de rebeldia que não se curvaram aos processos coloniais de desumanização nos inspira no presente para a construção de múltiplos caminhos de luta. Estes trabalhos abordam modos de subjetivar os pertencimentos territoriais e culturais desde perspectivas não essencialistas que complexificam os processos de produção de identidades e as formas de nomeá-las.
Gestos de encantamento como a modelagem da argila, o manejar das águas na construção de cisternas, o empunhar coletivo do facão, a garganta afinando cantos e os corpos em dança tecem conexões plurais entre materialidades e espiritualidades, visíveis e invisíveis. Numa relação espiralar entre corpos e territórios, o cuidado se faz política comum-unitária que emaranha temporalidades ancestrais e futuras. Reflorestar corpos e imaginação como caminho político de composição da rede da vida; Reencantar territórios tramando alianças afetivas entre múltiplas existências num mundo pulsante.
