Dia 13/02 será lançada a 4.ª Edição da Carnavalhame. Pela primeira vez, homenageamos um artista e escolher Marcelo Yuka é também escolher um lado, uma voz, uma bandeira, principalmente nos tempos de obscurantismo político em que vivemos, onde tantos direitos sociais têm sido destruídos numa tentativa torpe de criar uma narrativa de que o grande problema do Brasil é o “excesso” de direitos das minorias.
O Projeto
Surgiu em 2017, da proposta de reunir escritores que pudessem comunicar o carnaval a partir de outros pontos de vista que não os já estabelecidos pelo mass media. Há muitas sensações que não são veiculadas neste período tão específico do ano, onde as alegrias parecem ser exercidas com menos convenções. São estas experiências particulares – no centro da maior movimentação popular do país – que nos interessam, sendo este, portanto, o mote principal do projeto.
Na edição seguinte, realizada em 2018, foi que a ideia de inserir música à produção autoral literária começou a surgir. A proposta da edição portanto, concentrou-se na criação e difusão de uma playlist composta de canções como “Livros”, de Caetano, “Eu quero é botar meu bloco na rua”, de Sérgio Sampaio, “Laiá laiá”, do Cícero, “Carnaval triste”, de Jorge Ben, “A marchinha psicótica de Dr. Soup”, de Júpiter Maçã, dentre outras. Tais canções ajudaram a compor a atmosfera proposta para a 2.a edição.
Em 2019, unindo oficialmente literatura e música numa espécie de manifesto lítero-musical, Carnavalhame se propôs a aproximar vozes de artistas, possibilitando o contato com outras formas de produção. No primeiro semestre foi lançada uma coletânea com 28 escritores e 3 músicos da nova cena brasileira.
Homenagem a Marcelo Yuka
Reunindo mais de 30 artistas entre músicos e escritores, o tributo contará com uma coletânea literária e um disco de releituras, onde o livro será composto por textos baseados na obra do artista e o disco de releituras de suas canções.
A capa é da designer e ilustradora piauiense Larissa Militão, que nos descreve sua pesquisa para a produção da peça:
“Com base no artigo Minha alma: 20 anos da crônica audiovisual que definiu a violência policial no Brasil dos anos 90 a capa da 4ª edição da revista Carnavalhame foi ilustrada trazendo o antagonismo entre as percepções sociais acerca da periferia. O sujeito com rosto coberto com a camisa, remete à criminalização do menino da favela bem como a falta de pessoalidade dada para cada morador de periferia. Não se tem rosto, não se tem gostos, hábitos, tem-se apenas o pobre e preto da favela, que aliás, para as mídias são: os bandidos, zé droguinhas ou traficantes.
Graças à militância de diversos atores dessa realidade, desde os anos 90 a conscientização sobre a violência e criminalização dos moradores da favela tem sido um tema bastante difundido nas mídias em massa por meio de manifestações artísticas. Neste contexto, entra Marcelo Yuka, um dos fundadores de O Rappa e um dos principais compositores da banda. O sujeito da ilustração traz a referência do “Santo de Favela” presente na capa do Album Lado A, Lado B.
Para firmar o antagonismo, as flores entram como elemento poético que complementa a mensagem de desconstrução do estereótipo de bandido fundamentada com o seguinte trecho da música Minh’Alma:
A minha alma tá armada
E apontada para a cara do sossego”
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