Bonzie lança o novo single “Alone”

| |

por Aristides Oliveira

tradução Lucas Rolim

Bonzie é uma cantora / compositora de Chicago, Illinois. A Revista Spin a considera uma artista “prodígio” do nosso pop recente.  Ela já fez várias perfomances pelos Estados Unidos,  incluindo um show no Festival SXSW, descrito pelo The New York Times como “fascinante”.

Em 2017, lança Zone on Nine, bem recebido pela crítica e com destaque em artigos de primeira página no The Chicago Tribune . Greg Kot, crítico musical,  é categórico ao afirmar que “Bonzie mostrou uma recusa consistente em ser atribuída a um gênero ou descrições simplificadas do tipo de música que ela faz.”

Entre Chicago (EUA) e Teresina (BRA) troquei uma ideia com ela. Nossa conversa foi uma forma de lançar no Brasil seu novo trabalho “Alone” e ampliar a rede de ouvintes por aqui.

Uma exclusiva para os leitores/leitoras da Revista Acrobata curtirem.

Como você iniciou seu interesse por música? Que referências estimularam você traçar uma carreira?

How did your interest in music begin? What references encouraged you to start a carreer?

Eu sempre amei música, desde muito jovem, e comecei a escrever canções quando tinha 10 anos. Minha família não é musical e eu não conhecia outros músicos pessoalmente, mas eu estava sempre ouvindo discos e conectada com música daquele nível antes de começar a produzir a minha própria. Eu escutava CD’s na escola e jogava vídeo game só pra ouvir as trilhas sonoras… Era o que eu amava fazer. Foi uma questão de tempo até eu começar a construir minha carreira nisso, embora eu nunca tenha passado por um processo de tomada de decisão a respeito disso. Eu só precisava compartilhar as músicas que eu fazia.

I’ve always loved music, since I was really young, and I started writing songs when I was 10.  My family isn’t musical and I didn’t know any other musicians personally, but I was always listening to albums and connected to music from that level before I started making my own.  I would listen to albums on CD at school in Elementary School, and play video games just to listen to the soundtracks… it was just my thing I loved.  It was only a matter of time before I started building my career on it, although I never went through some kind of decision-making process about it.  I just need to share the songs I was making.

Porque Nina Ferraro adotou o nome artístico Bonzie?

Why did Nina Ferraro adopted the stage name Bonzie?

Quando eu estava começando, eu usava meu próprio nome porque parecia ser o que se fazia. Tipo, seja lá a forma como você assina contratos, sua identidade social, é como você foi ensinado a se apresentar. À medida que eu comecei a performar minhas músicas mais e mais, eu passei a adotar outros nomes como uma resposta natural à necessidade de ultrapassar aqueles limites. Eu escolhi BONZIE como uma forma de transcender aquelas barreiras e me libertar das restrições de um nome (ou mesmo de um “nome de banda” com palavras que possuam uma definição). Você não deveria achar que sua criatividade está predeterminada antes mesmo de você ser capaz de compartilhar suas ideias.

When I was starting out, I went under my own name because it just seemed like the thing to do.  Like, whatever you sign contracts as, your societal identity, is what you’re taught to introduce yourself as.  As I started to perform the songs I wrote more and more, I began going under other names as a natural response to needing to escape those boundaries.  I chose BONZIE as a way to transcend those barriers and free the constraints of a name (or, even a “band name” with words that have definition.)  You shouldn’t feel like your creativity is predetermined before you’re even able to share your ideas.

Leia também:  Os restos que definem um vazio fantasmagórico

Gosto muito do álbum Zone on Nine (2017). Fala um pouco sobre o processo de criação dele e como esse trabalho repercutiu na sua maturidade sonora.

I really like the Zone on Zone album (2017). Tell us about the creative process of this album and how this work reflected in your musical maturity.

Obrigada, eu aprecio suas palavras. Eu gravei o Zone on Nine em Londres e Bristol (Reino Unido), assim como em Los Angeles (EUA). Trabalhei com músicos incríveis que realmente moldaram o som daquele trabalho. Adrian Utley da banda Portishead, bem como Jonathan Wilson e Nate Walcott, da Bright Eyes… Cada pessoa que contribuiu era extremamente talentosa, então isso fez com que a produção de cada música fosse especial.

Todo o processo de tocar as músicas com todo mundo, e depois ver as ideias ganhando vida foi emocionante. Eu mixei numa mesa antiga da Neve no deserto da California. Eu também trabalhei duro pra ter certeza que a qualidade de tudo estivesse bem consistente, e prensei os vinis na Alemanha com muitos ajustes pra garantir que tudo saísse muito bem das caixas de som. Zone on Nine é definitivamente um retrato claro de um momento pra mim.

Thanks for that, I appreciate it.  I recorded Zone on Nine between London and Bristol UK as well as Los Angeles in the US.  I worked with some amazing musicians that really shaped the sound of that record.  Adrian Utley from the band Portishead, as well as Jonathan Wilson and Nate Walcott from Bright Eyes… every person who contributed to it was extremely talented, so that made the production of each song special.  The whole process of playing the songs with everyone, and then watching the ideas come to life, was thrilling.  I mixed it on an old Neve board in the desert in California.  I also worked hard to make sure the quality of everything was really tight, and pressed the vinyl in Germany with several adjustments to ensure it’s coming through the speakers really nicely.  Zone on Nine is definitely is a clear snapshot of a moment in time for me.

O que você conhece da música brasileira? O que produzimos aqui tem recepção ampla nos Estados Unidos?

What do you know from Brazilian music? Do our productions have a wide reception in the U.S.?

Eu conheço e tenho escutado muito Forró, como Luiz Gonzaga, e amo a energia que é tão cheia de cores e distintamente brasileira, na minha cabeça. Quando estava aprendendo acordeon, aquele tipo de tocada era a minha preferida de se estudar. O Brasil possui uma arte incrível – um dia eu gostaria de ver o Cristo Redentor pessoalmente.

I’m familiar with and have listened to a lot of Forró, like Luiz Gonzaga, and I love the energy that is so colorful and distinctly Brazilian, in my mind.  While learning the accordion that type of playing was my favorite to study.  Brazil has incredible art—one day, I’d love to see Christ the Redeemer in person. 

Como você compreende o papel da mulher na música pop hoje? Que avanços e desafios a voz feminina alcançou ao longo desses anos?

Leia também:  Corte final

How do you see the role of women in pop music today? What progressions and challenges has the female voice achieved throughout these years?

Sempre foi muito emocionante e gratificante ouvir mulheres compositoras quando eu estava crescendo, como KT Tunstall e Joni Mithcell. Esses discos me fizeram sentir como se fosse possível colocar pra fora a música que estava fazendo. A única coisa que posso pedir em relação a isso, é para contribuir com essa narrativa e alcançar alguém da forma como fui alcançada. E eu acho que há um número ilimitado de oportunidades no futuro para isso acontecer.

It was always really exciting and fulfilling to listen to women songwriters when I was growing up, like KT Tunstall and Joni Mitchell.  These albums made me feel like it was possible for me to put out the music I was making.  The only thing I can ask for, in that regard, is to contribute to that narrative and reach someone else the way I was reached.  And, I think there is an unlimited opportunity for the future for that to happen.   

Nos tempos de streaming, os artistas possuem mais clareza do alcance de suas canções. O que você tem a dizer sobre esta revolução em torno da maior possibilidade de circulação musical aos ouvintes?

In times of streaming, artists have a clearer idea about the reach of their songs. What comments do you have on this revolution around a greater possibility of musical circulation for the listeners?

A maravilha é que, especialmente durante o Covid, a internet possibilita distribuir e compartilhar sem a necessidade de ir a algum lugar pra fazer isso. A música é intangível – ela precisa ser entregue de alguma forma, e essa forma pode afetar o som; no entanto, ela existe para além do nosso alcance. Assim, a possibilidade de compartilhá-la pelo streaming online é sensacional.

Só precisa alguns segundos para achar uma música no YouTube e compartilhá-la com seu amigo, por exemplo. Eu ainda acredito no vinil e no poder de escutar um álbum inteiro, mas acho que o fato de podermos ter esse diálogo tão facilmente (como estamos fazendo agora mesmo!) é um grande presente.

Meu mais novo videoclipe eu fiz com alguém no Japão – isso seria praticamente impossível se não tivéssemos o FaceTime e a conexão pela internet. Eu sou muito grata a todos que escolhem comprar qualquer uma de minhas canções na minha loja ou no Bandcamp, porque com a possibilidade do streaming gratuito, não há realmente nenhuma razão para se fazer isso além da vontade de apoiar o artista diretamente. Eu realmente aprecio as pessoas que decidem fazer isso.

The wonderful thing is, especially during Covid, the internet makes it possible to distribute and share without needing to go somewhere to do so.  Music is an intangible item—it has to be delivered somehow, and that delivery method can affect the sound, however it exists beyond our grasp. 

So the ability to share it through streaming online is awesome.  It takes only a couple seconds to find a song on YouTube, for example, and share it with your friend.  I still believe in vinyl and the power of listening through an entire album, but I think the fact that we can have this dialogue so easily (like we’re doing right now!) is such a gift. 

My newest music video I made with someone in Japan—that would have been nearly impossible to do if we weren’t able to FaceTime and connect over the Internet.  I’m so grateful to anyone who chooses to purchase any of my music on my store or Bandcamp, because with the ability to stream for free, there’s really no reason to do that aside from wanting to support the artist directly.  I really appreciate those people who decide to do that.

Leia também:  Som da Pandemia recebe Makna

Além da música, você tem se dedicado a outras atividades/projetos artísticos?

Besides music, have you been dedicated to other activities or artistic projects?

Animar videoclipes tem sido um processo divertido porque não é uma habilidade que eu pessoalmente tenho, mas trabalhar tão de perto com os dois artistas que animaram meus vídeos mais recentes (Unlike e Lethal) foi diferente de tudo que eu já fiz. É uma história tanto visual quanto movente com a música, e como tudo é desenhado à mão, pode ser qualquer coisa que sua imaginação inventar. O céu é o limite quando se trata de animação. Eu também rabisco e desenhei algumas camisetas que vendo no meu site, então a arte visual é realmente interessante para mim.

Animating music videos has been a fun process because it’s not a skill I personally have, but working so closely with the two artists who animated my most recent videos (alone and Lethal) was unlike anything I’ve ever done.  It’s both a story visually as well as moving with the music, and since everything is hand drawn, it can be anything your imagination comes up with.  The sky is the limit when it comes to animation.  I also do sketching on my own, and have drawn a few t-shirts that I sell on my website, so visual art is really interesting to me. 

Que planos musicais Bonzie tem pensado no mundo pós-pandemia? Disco novo a caminho?

What musical plans has Bonzie been thinking for the post-pandemic world? Any new albums on the way?

Eu estou lançando um disco completo no início de 2021. Tenho trabalhado nisso há algum tempo, então estou ansiosa por isso.

I’m releasing a full-length LP early 2021.  I’ve been working on it for some time, so I’m looking forward to it. 

Que artistas você escuta atualmente? Você poderia indicar aos leitores da Revista Acrobata os sons que marcam o seu repertório diário?

What artists have you been listening to these days? Could recommend the songs that check in your daily playlist to the readers of Acrobata Magazine?

Ah, isso muda todo dia. Hoje ouvi o disco “Viva”, do “La Düsseldorf”, uma banda alemã. Eu também estou muito interessada no Kamasi Washington ultimamente, um saxofonista com um feel incrível. Rex Orange County também está lançando coisas muito boas, e eu estou sempre apaixonada pelas produções do Tyler, The Creator. Se você quer apenas uma música para tomar banho, Daydreaming, do Radiohead. Céu.

Oh, this changes every day.  Today I listened to an album by “La Düsseldorf”, a German band, called “Viva”.  I’m also really into Kamasi Washington’s record lately, a saxophonist with an amazing feel.  Rex Orange County is also putting out really great stuff, and I’m always in love with Tyler, The Creator’s productions.  If you want just one song to take a bath to, Daydreaming by Radiohead.  Heaven. 

Conheça o novo trabalho de BONZIE:

Visite o site e se liga no trabalho dela por completo!

http://bonzie.net/

Créditos da imagens enviadas pela artista: Instagram @bonzie

Deixe um comentário

error

Gostando da leitura? :) Compartilhe!