por Grazi Flores
A contagem regressiva pro festival virtual mais queridinho e tropicaliente da internet já está ficando com uma lacuna cada vez menor até a data de transmissões oficiais! Então se preparem porque vamos começar a conhecer mais de perto coletivos, festas e labels que participarão do festival com pixtas xambrantes e diversas musicalmente (bem do jeitinho tropical que a gente gosta).
Então separem seus looks e pisantes, deixem os fones de ouvido e caixinhas de som no jeitinho pra se jogar na aglomeração virtual em múltiplas plataformas! Mas até o momento de sintonizar, a gente aproveita pra ir conhecendo melhor a galera que vai fazer o som acontecer:
O IN-EDIT BRASIL – Festival Internacional do Documentário Musical chega à sua 13ª edição e acontece de 16 a 27 de junho, com mais de 50 filmes nacionais e internacionais inéditos no circuito comercial.
Pelo segundo ano consecutivo, o festival será online, alcançando todo território nacional. Toda a programação estará disponível na plataforma do festival, in-edit-brasil.com, com filmes gratuitos com limite de visualizações. Parte da programação estará disponível também na plataforma do Sesc Digital, sescsp.org.br/cinemaemcasa, com acesso gratuito e na Spcine Play, spcineplay.com.br, também com acesso gratuito.
No Panorama Brasileiro, dividido em Competição Nacional, Mostra Brasil e Curtas Brasileiros, o festival celebra mais um ano com uma boa safra de documentários musicais – apesar da crise no setor – apresentando personagens como João Ricardo (Secos & Molhados), Jair Rodrigues, Chico Mário (irmão de Henfil e Betinho), Alzira Espíndola, o revolucionário maestro e compositor José Siqueira, o rapper Speedfreaks, a banda Made In Brazil, o road movie com Yamandu Costa e o guitarrista argentino Lúcio Yanel, Zeca Baleiro desvendo os sons do Maranhão, entre outros Além dos filmes, o IN-EDIT BRASIL também está preparando uma mostra especial com um renomado diretor internacional, bate-papos e shows.
O IN-EDIT BRASIL conta com patrocínio máster de Colombo Agroindústria, o patrocínio do Itaú, da Spcine e da Secretaria Municipal de Cultura de São Paulo , o apoio do Itaú Cultural e é uma realização conjunta de Sesc São Paulo, In Brasil Cultural e do Ministério do Turismo, Governo Federal.
Acesse:
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Confira abaixo os filmes brasileiros confirmados para o In-Edit Brasil 2021.
COMPETIÇÃO NACIONAL
> Alzira E – Aquilo que eu nunca perdi (Marina Thomé, Brasil, 2021, 84 min)
Alzira Espíndola é uma das artistas mais singulares que o país já produziu. Nascida e criada no Pantanal, cercada por cantos de pássaro (assim como sua irmã, Tetê), ela mudou-se para São Paulo, com cinco filhos a tiracolo e muito talento para marcar seu nome na Vanguarda Paulistana. Entre ensaios, gravações, shows e a vida em família, Alzira nunca perdeu a força e o talento que lhe move.
> Canto de família (Paula Bessa Braz e Mihai Andrei Leaha, Brasil, 2020, 74 min)
Criados em uma das mais violentas periferias de Fortaleza, os irmãos Cruz tiveram suas vidas moldadas pela música a ponto de seus pais transformarem a casa onde vivem em uma escola. Filhos e netos de músicos, eles se dedicam a seus instrumentos e buscam na arte uma forma de atingir novos horizontes.
As composições e arranjos incríveis desses jovens encantam quem passa por eles, seja em Fortaleza, Rio de Janeiro ou onde seja onde forem chamados.
> Chico Mário – A Melodia da Liberdade (Silvio Tendler, Brasil, 2020, 100 min)
Francisco Mário de Sousa tinha tudo para ser ofuscado por dois de seus irmãos: o cartunista Henfil e o sociólogo Betinho. Mas foi na música que ele descobriu sua maneira para se expressar e de olhar o mundo. Inquieto e dedicado, tornou-se um grande violonista e estudou o Brasil a fundo para compor inúmeras canções para violão e orquestra. Sua paixão pela música era tanta que chegou a criar o Método Musical de Cores para Crianças. O cineasta Silvio Tendler nos traz esta história, com a participação da Orquestra Ouro Preto, Lenine, Bárbara Paz e dos filhos do músico, Marcos e Karina.
> Dois tempos (Pablo Francischelli, Brasil, 2020, 88 min)
O diretor Pablo Francischelli nos traz um roadmovie, tendo como protagonistas os violonistas Yamandu Costa e Lucio Yanel e um velho motorhome. Mas este encontro não é ao acaso. O argentino Yanel foi mestre de Yamandu e aqui eles se reencontram, muitos anos depois, para viajarem rumo ao sul, em direção a Corrientes, cidade natal de Lúcio, para se apresentarem em um festival. As conversas, o silêncio, as paisagens, a música e o chimarrão compõem este delicado relato.
> Jair Rodrigues – Deixem que Digam (Rubens Rewald, Brasil, 2020, 100 min)
O sorriso, a irreverência e a versatilidade transformaram Jair Rodrigues em um dos cantores mais importantes do Brasil. Jairzão – como era conhecido – deu vida a canções que ficaram marcadas no inconsciente popular e encheu de alegria a casa de milhões de brasileiros por décadas com suas aparições televisivas.
Neste filme dirigido por Rubens Rewald, conhecemos sua história de vida, seus sucessos, sua generosidade e os anos em que foi ignorado mas que seguiu produzindo com os filhos. Um retrato do Brasil que amamos e que, como noutros tempos, anda esquecido.
> Paulo César Pinheiro – Letra e Alma (Andrea Prates e Cleisson Vidal, Brasil, 2021, 85 min)
A vida de um dos principais letristas do país contada em primeira pessoa. Paulo César Pinheiro abre sua casa para falar sobre suas origens, referências literárias, seu encontro com a poesia e o que lhe deu “régua e compasso”. Com parcerias e intérpretes como Clara Nunes, João Nogueira, Elis Regina, Tom Jobim, entre tantos outros, Paulo César Pinheiro é um pilar fundamental na música brasileira.
> Secos & Molhados (Otávio Juliano, Brasil, 2021, 90 min)
O grupo musical Secos & Molhados foi um dos principais nomes na década de 70 e vem encantando e influenciando gerações desde então. Durante os anos de chumbo da ditadura, ser pop e ser andrógino, sexual e político era coisa para pouquíssimos e os Secos foram tudo isso. Neste documentário de Otávio Juliano, temos João Ricardo, o criador da banda, fazendo algo que nunca fez: contar a sua história. Com o Teatro Municipal de São Paulo vazio a seus pés, ele conta sua infância, a iniciação musical, a criação dos Secos & Molhados, a estreia, o sucesso e as brigas.
> Swingueira (Bruno Xavier, Roger Pires, Yargo Gurjão e Felipe de Paula, Brasil, 2020, 80 min)
Grupos de jovens vindos da periferia de Fortaleza se reúnem para uma competição de dança: a Swingueira. Inspirado pelo pagode baiano, equipes se formam e, com muito gingado e determinação, buscam sair vitoriosos nos campeonatos.
Para além da vontade de vencer, cada jovem traz sua própria história de vida e aspirações pessoais. Esta dançante e, muitas vezes, comovente história nos é contada pelos componentes das equipes.
> Toada para José Siqueira (Eduardo Consonni e Rodrigo T. Marques, Brasil,2021, 131 min)
José de Lima Siqueira nasceu no alto sertão paraibano e lá teve sua iniciação musical. Anos depois, foi para o Rio de Janeiro, para estudar composição e regência e acabou sendo o fundador da Orquestra Sinfônica Brasileira. Além de compositor e regente, ele era um pesquisador das raízes musicais do Brasil, tendo registrado e utilizado em suas composições elementos de música dos povos originários assim como dos negros escravizados. Por sua relação com a antiga União Soviética, seu legado foi “esquecido” após o golpe militar de 1964. Sua história é trazida, através de um extenso e minucioso levantamento de arquivos de registro, pelos diretores Eduardo Consonni e Rodrigo T. Marques.
MOSTRA BRASIL
> Brincando com Maracatu (Mike Filippov, Canadá, Brasil, 2021, 72 min)
O diretor canadense Mike Filippov nos traz a história de Aline Morales. Mineira, vivendo no Canadá, ela é uma das principais difusoras do Maracatu em Toronto.
Uma viagem a Recife, encontrando membros do Maracatu Nação Estrela Brilhante do Recife, leva Aline e suas companheiras de viagem a uma profunda reflexão sobre os diversos aspectos deste gênero, para além da música.
> Filme Hõkrepöj (Carlos Nacimbeni, Brasil 2021, 93 min)
Um mergulho profundo na música contemporânea brasileira. Tendo como guias a compositora, antropóloga e etnomusicóloga Kilza Setti e o núcleo Hésperides Música das Américas, o diretor Carlos Nascimbeni nos leva a um mundo onde a música contemporânea, os povos Guarani e Timbira, a colonização da América e profissões poéticas se encontram.
> Gritando! (Alexandre Mapa, Brasil, 2021, 52 min)
Há muita gente que diz que um bom filme tem que ter drama, morte e brigas. Pois bem, Gritando! nos traz tudo isso. Gritando HC é uma das principais referências do hardcore brasileiro. Surgida na zona norte de São Paulo em 1994, a banda sobreviveu à morte de seu fundador, Donald, e até hoje carrega a bandeira HC.
> Histórias e rimas – O Filme (Rodrigo Giannetto, Brasil, 2019, 84 min)
Ao longo de mais de uma década, o diretor Rodrigo Giannetto colheu depoimentos dos principais nomes do hip hop brasileiro. Com depoimentos de Thaide, DJ Hum, Mano Brown, Karol Conká, MC Sophia, Dexter, Emicida, Marcelo D2, Projota e muitos outros, o filme é mais do que um encontro entre gerações, é um mapa de onde veio e para onde vai o gênero no Brasil.
> Esta é uma banda Made in Brazil (Egler Cordeiro, Brasil, 2017, 93 min)
A banda paulistana Made in Brazil está no Guinness: é o grupo com o maior número de formações na história do rock mundial. Também, não é à toa, desde o final dos anos 1960, os irmãos Oswaldo e Celso Vecchioni já dividiram palcos e estúdios com mais de 200 agrupamentos de músicos diferentes. Uma história recheada de rock’n’roll, um pouco de drogas e muito amor à música.
> Speedfreak$: Psicopata Camarada (Rafa Porto, Brasil, 2021, 45 min)
A história de um dos principais rappers do país é contada através de entrevistas exclusivas e materiais raros e inéditos. O documentário mergulha, a partir de fragmentos da vida e obra de Cláudio Márcio de Sousa Santos, o Speedfreak$, nos oferecendo uma experiência visual e musical de sua memória.
> Todas as melodias (Marco Abjumra, Brasil, 2020, 90 min)
Luiz Melodia (1951-2017) escreveu seu nome entre um dos maiores artistas da música brasileira. Entre imagens de arquivo e depoimentos de quem conviveu e trabalhou com ele, acompanhamos Melodia desde a juventude no morro do Estácio até a sua consagração como poeta.
> Ventos que Sopram Maranhão (Neto Borges, Brasil, 2021, 80 min)
Zeca Baleiro nos guia nesta viagem musical a seu estado natal. Com depoimentos e performances de artistas locais de diversos gêneros musicais, descobrimos um painel sonoro pulsante e pouco explorado. Entre localizações emblemáticas e parcerias musicais inéditas, o filme nos leva ao cálido som do Maranhão.
CURTA UM SOM
> Anti-corpos – pieces of queer tour (Brunella Martina, Brasil, 2020, 20 min)
A banda Anti-corpos volta de Berlim para fazer uma excursão pelo Brasil com um objetivo claro: posicionar-se politicamente em tempos que o país flerta com ideais reacionários.
> Esse é o meu corre (Arcelino Batista dos Santos, Brasil, 2019, 23 min)
Naelson sonha em viver de rap, mas para alcançar seu objetivo, vende balas em ônibus no Distrito Federal, corta cabelos na garagem de sua mãe e ainda trabalha à noite em uma distribuidora de bebidas.
> João Bosco e Aldir Blanc. Parceria é isso aí. (Pedro Pontes, Brasil, 2021, 18 min)
João Bosco e Aldir Blanc construíram uma das mais sólidas parcerias musicais do país. Neste curta metragem, vemos João visitando a casa de Aldir para apresentar uma nova canção. Juntos, eles relembram sua trajetória de 40 anos repletas de canções que estão na memória dos brasileiros.
> Noite de seresta (Sávio Fernandes e Muniz Filho, Brasil, 2019, 19 min)
Katia Blander tem um trabalho importante nas noites de sexta-feira: ela é responsável por animar os karaokês da cidade, quebrando o gelo e incentivando os frequentadores a assumir o microfone.
> Raízes – Um Piano na Amazônia (Carla Ruaro, João Santos e Tatiana Cobbett, Brasil, 2018, 29 min)
A pianista Carla Ruaro e sua equipe partem em uma missão: içar um piano em um barco e atravessar a Amazônia, para visitar comunidades ribeirinhas e proporcionar a seus moradores um primeiro contato com o instrumento.
> Shirá (Ary Diesendruck, Brasil, 2021, 27 min)
O ano é 1812. Em uma pequena cidade no interior da Ucrânia, o rabino Nachman de Breslav pede, em seu leito de morte, que seus seguidores se reúnam no Ano Novo Judaico para celebrar a alegria pois “o judaísmo só é pleno com alegria”. Aqui acompanhamos uma dessas reuniões, onde milhares de judeus se reúnem em festa e muita música.
> Tambor ou Bola (Sérgio Onofre, Brasil, 2019, 24 min)
O percussionista quilombola, Wilson Santos é fundador da Orquestra de Tambores e dedica parte de sua vida à música e ao trabalho de difusão da percussão popular como ferramenta para inserção social de jovens da periferia.
> Texas Carlos Massacre (Gurcius Gewdner, Brasil, 2021, 35 min)
Orientado por seu médico (ou seria por vozes em sua cabeça?) um jovem diretor recebe uma missão: ir até o Texas para fazer um roadmovie abstrato (“Filma sem foco! Foco é coisa de recalcado!”) sobre o Housecore Horror Festival of Film and Music, festival que reúne cinema e música extrema.
> A Viagem de Ebrima (Iago Seoane, Rudá Rosa, Portugal, 2019, 14 min)
Mbye Ebrima nasceu na Gâmbia e vive em Lisboa. Membro de uma dinastia griô, ele usa seu instrumento, a kora, para transmitir o conhecimento adquirido através de gerações e gerações de griôs. Para cumprir sua missão, ele cria um festival para difundir o instrumento e também reflete sobre a condição de imigrante.
PANORAMA MUNDIAL
> 7 Years of Lukas Graham (René Sascha Johannsen, Dinamarca, 2021, 77 min)
Com o hit “7 Years”, a banda dinamarquesa Lukas Graham alcança o sucesso mundial e seu vocalista e letrista, Lukas Forchhammer, conquista tudo o que queria: um contrato com uma grande gravadora, a parceria de grandes compositores, como Morten Ristorp e Don Stefano, ouvir sua música tocando nos cinco continentes e, por fim, se apresentar nos palcos mais celebrados do planeta. Em meio a tudo isso, Lukas se torna pai pela primeira vez. Para quem olha de fora, tudo parece um sonho. Mas, vista de dentro, a coisa muda de figura.
> All I Can (Danny Clinch, Taryn Gould, Colleen Hennessy, Shannon Hoon, Estados Unidos, 2019, 102 min)
Antes dos celulares com câmeras integradas e do exibicionismo online massivo, existiam os “videoamadores”. Shannon Hoon, vocalista da banda Blind Melon foi um deles e gravou seu dia a dia entre 1990 e 1995. Este filme mergulha nessas fitas e, em ordem cronológica, reúne uma impressionante crônica em primeira pessoa da vida daquele garoto de Indiana que chegaria ao estrelato. Restos de sua família e vida sentimental, a mudança para Los Angeles, o sucesso repentino, as turnês exaustivas, sua paternidade, as drogas pesadas … O confessionário de um jovem inquieto e impulsivo em um mundo em transição.
> American Rapstar (Justin Staple, Estados Unidos, 2020, 73 min)
O mundo do rap não é mais o que era. Enquanto a velha guarda de músicos procura se reinventar para continuar suas carreiras, os recém-chegados aproveitam tranquilamente o que já foi conquistado por outros. Adolescentes – emancipados ou acompanhados muito de longe por seus pais – assinam contratos milionários, desfilam roupas caras e levam na mochila um bom punhado de drogas. Eles formam a geração “cara tatuada”, e mandam e desmandam no mercado, deixando seus antecessores simplesmente perplexos.
> Contradict (Peter Guyer e Thomas Burkhalter, Suíça, 2020, 89 min)
Em Accra, capital de Ghana, um grupo de jovens músicos se reúne para compor e produzir. Misturando o Hip-Hop, a música eletrônica, o dub e o pop, nomes como M3NSA, Wanlov The Kubolor, Adomaa, Worlasi, Akan, Mutombo Da Poet e Poetra Asantewa usam a criatividade e a energia de quem tem o futuro pela frente para burilar suas produções musicais e propor soluções para o mundo. Se posicionando politicamente e questionando os valores do século 21, eles têm os pés e os olhos cravados na África, mas falam uma linguagem universal.
> Don’t go gentle – a film about the IDLES (Mark Archer, Reino Unido, 2020, 75 min)
A banda inglesa IDLES é um fenômeno recente e alcançou o sucesso com seu primeiro disco, em 2017, depois de anos e anos “soando terrivelmente mal” nos porões de suas casas, como admitem os membros da formação. Hoje, vivem na estrada, de palco em palco, de hotel em hotel, de viagem em viagem. Entre tantas novidades e correrias, é fácil que as coisas saiam do lugar. Don’t Go Gentle é um filme sobre como encontrar força na vulnerabilidade.
> Faith & Branko (Catherine Harte, Sérvia e Reino Unido, 2020, 82 min)
Faith é inglesa, toca acordeão e estuda a cultura cigana. Em sua passagem pela Sérvia, ela se apaixona por Branko, um violinista muito talentoso que nunca saiu de sua região e que vive com sua família. Mas é depois do casamento que a vida realmente começa. Desse choque cultural nascem músicas incríveis, situações inusitadas e dilemas existenciais.
> Fanny: The Right to Rock (Bobbi Jo Hart, Canadá, 2021, 96 min)
A banda Fanny quase estourou, mas teve gente que achou melhor que isso não acontecesse. Formada pelas irmãs filipinas Jean e June Millington, que se mudaram para a Califórnia com os pais, a formação compunha, tocava e produzia suas próprias canções, lançadas por uma gravadora independente no início dos anos 1970. Seu rock sofisticado e suave chamou a atenção de David Bowie, que quis apadrinhá-las. Mas o showbiz está cheio de maus entendidos e preconceitos.
> It’s yours: a story of Hip Hop and the Internet (Marguerite de Bourgoing, Estados Unidos, 2020, 74 min)
No início deste século, as vendas de hip hop atingiram picos históricos, mas a grande indústria da música ainda detinha a chave para o negócio. Este filme ágil e ilustrativo com tom jornalístico conta como uma nova geração soube aproveitar o surgimento da internet e das redes sociais para desenvolver suas carreiras através de “likes” e mixtapes. A partir de casos como os de Wiz Khalifa, Lil B, Odd Future, The Internet, Syd, Action Bronson ou Curren$y, o documentário aborda não só a música mas também economia, tecnologia, novos métodos de trabalho e ativismo social. Em contraponto B-Real (Cypress Hill) e Chuck D (Public Enemy) representam a geração anterior. “It’s yours” é um primeiro passo para entender uma mudança ainda em andamento.
> Moby Doc (Rob Gordon Bralver, Estados Unidos, 2021, 92 min)
Moby é um cara conhecido no mundo inteiro e já passou por diversas fases. Da infância solitária nos subúrbios de Nova York aos maiores palcos do mundo, ele rodou um bocado. E não necessariamente para frente. Seus devaneios, vícios e a vida de popstar, assim como seus acertos e convicções são aqui retratados por ele e à sua maneira: Moby sendo Moby.
> Phil Lynott: Songs For While I’m Away (Emer Reynolds, Irlanda, 2020, 112 min)
Phil Lynott sempre foi um cara diferenciado. Filho de pai guianês e mãe irlandesa, nasceu na Inglaterra mas cresceu na Irlanda, com sua família materna, depois de ter sido abandonado pelo pai quando tinha apenas 3 semanas de vida. Negro rodeado de brancos por todos os lados, Phil viveu na juventude a febre dos anos 1960 e se entregou ao rock and roll. À frente do grupo Thin Lizzy, emplacou grandes sucessos, como “The boys are backing in town”, “Dancing in the moonlight”, “Whiskey in jar”, entre tantos outros. Songs For While I’m Away conta sua história, entrevista os amigos, familiares e parceiros, recupera material nunca visto e celebra o talento e o legado de Phil.
> Poly Styrene: I Am a Cliché (Celeste Bell e Paul Sng, Reino Unido, 2021, 89 min)
“Algumas pessoas acham que as garotinhas existem para serem vistas, e não escutadas. Eu digo: Nada de amarras!” É com esse grito que Poly Styrene abre o emblemático disco da banda X-Ray Specs e que se converteu num símbolo de sua geração.
Neste filme, sua filha nos apresenta uma caixa com as memórias de Poly e nos revela aspectos poucos conhecidos de sua vida. Um filme delicado em sua abordagem e que contrasta com a atitude punk e contestadora de sua protagonista, falecida em 2011.
> Rockfield: a fazenda do rock (Hannah Berryman, Reino Unido, 2020, 91 min)
O filme conta a história de uma simpática família de fazendeiros no interior do País de Gales que conseguiu montar – enquanto ordenhava vacas e ovelhas – um estúdio de gravação capaz de competir com o lendário Abbey Road, de Londres. Com um grande senso de humor, os Ward e os músicos que por ali passaram contam esta divertida história. Lá aconteceu de tudo: Ozzy Osbourne correndo desenfreado com uma espingarda na mão, Freddy Mercury dando os toques finais em “Bohemian Rhapsody”, Lemmy Kilmister fazendo das suas, Oasis encontrando seu “Wonderwall”, The Stone Roses ficando para morar e tantas outras lendas.
> Sisters with Transistors (Lisa Rovner, Reino Unido, 2020, 82 min)
A música eletroacústica sempre teve forte presença feminina. Desde o início, nas primeiras décadas do século 20, as artistas femininas se destacaram e trilharam novos caminhos criativos e sonoros. Este filme reúne mulheres pioneiras que deram outra dimensão para a música em diferentes momentos da história, tais como Bebe Barron, Pauline Oliveros, Maryanne Amacher, Eliane Radigue, Delia Derbyshire, Daphne Oram, Laurie Spiegel, Suzanne Ciani.
> Suzi Q (Liam Firmager, Australia, 2019, 99 min)
A imagem você já conhece: foto em branco e preto de uma jovem garota, vestindo um macacão de couro, empunhado um baixo elétrico e gritando ao microfone. Pois é, esta garota é Suzi Quatro. Pioneira como líder da banda num gênero infestado de machões, o rock pesado, ela se transformou em um ícone. Com seu rock simples e cheio de atitude, ela apontou o caminho para Joan Jett, Kathleen Hanna entre tantas outras que a reverenciam até hoje.
> The Go-go’s (Alison Ellwood, Estados Unidos, 2020, 97 min)
Para quem se lembra que a banda The Go-go’s se apresentou no Rock In Rio de 1985 e nda mais, temos uma ótima notícia: o grupo é muito interessante e sua história está cheia de detalhes pitorescos. Elas começaram no exato momento em que o punk se misturava com a new wave e destilaram o melhor dos dois mundos: canções simples e pegajosas, cores vivas e atitude irreverente. Em pouco tempo, estavam dividindo palco com grandes nomes da cena californiana. Mas dos bares de Sunset Strip até o palco da Cidade do Rock, onde estavam quase separadas, apenas cumprindo contrato, muita coisa aconteceu. Muita mesmo!
> The Rise of the Synths (Iván Castell, 2019, Espanha, 90 min)
Esta é a história do synthwave, uma corrente eletrônica underground inspirada em certas trilhas sonoras do cinema americano (como Halloween, Terminator, Rocky) e o imaginário dos anos 80. Um gênero que graças ao filme Drive e à série Stranger Things tem alcançado um grande público. Nesta cena, jovens músicos sentem saudades de tempos que não viveram, mas se aventuram em uma reapropriação única e criativa, sem líderes ou protagonistas. O filme acompanha um grupo de compositores de diversos países que no século 21, e com a ajuda do MySpace e de outras redes sociais, criaram todo um cenário de música alternativa.
> The Rumba Kings (Alan Brain, Perú, 2021, 94 min)
A rumba é parte da identidade cultural do Congo. Sua criação e evolução se misturam com a história de seu povo, que celebrou sua independência em 1960 ao som dos melhores músicos do país. Além de dançante, a rumba congolesa (ou soukous) é muito sofisticada em sua execução. A existência de uma terceira guitarra, unindo a base harmônica com a solista, é digna de nota. The Rumba Kings envolve o espectador com um arquivo precioso de fotos, vídeos, gravações e entrevistas. Aviso: Impossível ficar parado.
> TOPOWA! Never Give Up (Inigo Gilmore e Philip Sansom, Reino Unido, 2020, 83 min)
Doze jovens professores fazem parte do projeto Brass For Africa em Katwe, no subúrbio de Kampala, capital de Uganda. Um projeto que, além de educar as crianças da comunidade, também tem sua própria banda. E que banda!
Através do contato com ONGs, eles são convidados para tocar na Inglaterra. Este filme acompanha esta viagem e o olhar de quem sai de um entorno rural pela primeira vez e vai direto para uma das grandes capitais do mundo, onde realizam o sonho de tocar com ninguém menos que Wynton Marsallis.
> Yo volveré a triunfar (Gabriel Gallardo e Heidy Iareski, Chile, 2019, 80 min)
O chileno Jorge Farías morreu em 2007 de complicações hepáticas. Cantou e bebeu durante toda sua vida, não importando se fosse no mais luxuoso teatro ou no bar de pior reputação da cidade. El Negro Farías, como era conhecido, gostava mesmo era da boemia.
Depois de sua morte, os amigos e fãs se reúnem para instalar uma estátua em sua memória na praça Echaurren (Valparaíso), em frente ao restaurante onde ele cantava nas horas vagas. Poderia ser uma história banal, mas a epopeia da estátua é cheia de situações cômicas e inusitadas. Dignas da lenda de seu homenageado.
>> confira o bate-papo pelo Instagram do Lacuna Tropical: