.2 Poemas de Dalila Teles Veras

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Dalila (Isabel Agrela) Teles Veras, natural do Funchal, Ilha da Madeira, Portugal, (1946), emigrou com a família para o Brasil (São Paulo, Capital), em 1957. Tem mais de uma dezena de livros publicados e acaba de lançar “Setenta: anos, poemas, leitores” (2016). Atua à frente da livraria, editora e espaço cultural Alpharrabio na cidade de Santo André. http://www.dalila.telesveras.nom.br/


Rizoma

vestígios de pegadas nas areias
restos d’ossos roídos e d’espinhas
António Barahona

a infância e a memória
da infância, submersa
na líquida travessia

vez por outra
o atlântico deposita
ossos datados
nas terras do exílio

(a menina antiga
recebe os sinais
códigos esquecidos
legendas para o lembrar
– revivências)

a memória da infância
é a memória possível
(e só a memória cabe recriar)


Das Mortes

da primeira vez que te vi morrer
, a lembrança do horror:
teu corpo (ainda) morno e nu
na pedra fria
e
a marca da dor
num rosto que já não era o teu

da segunda vez que te vi morrer
, o torpor das exéquias:
pesadelo da tarde sem ar
sensação de estrangulamento

da terceira vez que te vi morrer
, o choque e o estranhamento:
teu nome citado no templo
na oração aos defuntos

da última vez que te vi morrer
, a dor fina e lancinante:
o descarte dos teus pertences
a certeza do nunca mais
nunca…
(a morte também

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