Edimilson de Almeida Pereira (MG). Professor de literatura na Universidade Federal de Juiz de Fora (UFJF). É autor dos livros de poemas Zé Osório Blues (2002); Lugares Ares (2003); Casa da Palavra (2003); As Coisas Arcas (2003) e E (2017).
Iniciação
Este sol não pode esmorecer,
sob pena de irmos com ele.
Este sol não pode degenerar
sob o jugo. Ainda
que tudo nos leve as abismo,
é dessa lida
(sol versos sol – labirinto)
que se nutrem as mãos.
Com elas, põe-se o alguidar,
tira-se a pele
a este assombro, que forja,
na esquina,
um assalto e entre os lençóis
um deserto.
Este sol, este e nenhum mais,
Não pode declinar,
sob pena de elegermos o caos.
Este sol,
que gira o mundo no alguidar.
Instrução
Recusar a morte: a
jugular
do inimigo é doce.
Ao mar
com faca e espada.
Cortar
sem piedade
a jugular
de quem nos mata.
No alguidar
em forma-foice,
a jugular
verter sua água
biliar.
Para nossa cede
esse ar-
-roubo não basta
: é um mar
como aquele –
o mar
mesmo que abraça
no ar
coração e leme
e a mar-
-gem anterior à saga
amar-
-ga dos ataques.
No alguidar
um silêncio-lavra.
Cortar
com os dentes
a jugular.