Nayara Fernandes, Teresina/PI. Sistêmica, ousada e inquieta. É autora do livro Asas de Pedra (2017) e escreve no blog nayarafernandes.wordpress.com
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o mundo tem o tamanho dos meus olhos
olhos vagabundos [imundos dos sonhos]
abrigam-se nas brigadas das realidades
exército esperançado sobre um coração de fé
o mundo tem o tamanho dos meus sonhos
sonhos insolúveis [sonolentos das insônias]
insólitas vontades de risos fecundos da luz
o mundo tem o tamanho dos meus eus
eus demasiados [desarmados dos pesos]
pedras aprisionando os pulmões das levezas
vou andar vou voar passarinhar o mundo
profunda profunda nem que bebesse o mar
encheria o que eu tenho de fundo
perco-me quando descubro
todo um mundo mudo
perdido [dentro] de mim.
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se o coração bate
o que sinto espanca
não sinto muito
[sinto tanto]
quanto o horizonte
sente liberdade
que pássaros me recitam
cantam fora o que há [dentro]
encurvado no peito
quieto no silêncio
espreitado em qualquer
suavidade [intrínseca]
concreta doçura amarga densa
e onde cantam os pássaros
amanhecem em mim raios di’versos
recitando minha alma
conta o passaredo
leveza roubada do vento
: eu
tenho asas de pedra.