5 Poemas de Carolina Rieger

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Carolina Rieger nasceu em São Paulo, capital, em 21 de março de 1984. Vive em Osasco, onde atua como professora da rede pública estadual, e de história da educação no ensino superior. Formada em Filosofia pela USP, mestra e doutoranda em Educação: História, Política, Sociedade, pela PUC-SP. Publicou “Carnaval” – Patuá (2017), “Irmãos Koch, think tanks, coletivos juvenis – a atuação da rede libertariana sobre a educação – Almedina/Edições 70 (2021) e “De Temer a Morte” – Caravana Grupo Editorial (2022) e “Cintilações na Cidade Cinza” – Editora Clóe (2023). Publicou poemas e contos em coletâneas, fanzines e revistas. Em 2018 foi finalista no Prêmio Guarulhos de Literatura. Em 2019, ficou em 3º lugar no “Prêmio Guarulhos de Literatura”, mesmo ano em que foi semifinalista no “Prêmio Literatura & Fechadura”. Foi conselheira de cultura em Osasco, na cadeira de literatura, no biênio 2021/2023. Atua na organização do sarau “Dê Lírios de Quinta”, em Pirituba-SP.


devir II

rio
porque tudo é ríspido
porque tudo é rígido
é preciso embeber
as duras margens tesas
que hão de ser Tejo
que hão de ser beijo
então rio.


A poesia da língua

como o louco deseja seu delírio
irresistível, irrealizável
ou como lida a libertina na lida
lúbrica, enleio-me à língua
e salivo em cada recôndito
para dizer o não dito
deslizo em teu desenho inaudito
de riscos e de curvas
lasciva permeio a água turva
subjacente a sua silhueta
transo, lentamente, seus sons
e vejo multiplicar sua faceta
no transe do teu canto encontro
som, sentido e imagem
como um louco que alucina
e pela sina da transgressão
torno a natureza concupiscente
assim como a promiscuidade ensina
o caminho do cume é indecente
mas leva à língua da poesia


Assim Seja

hoje é dia de praia
tomem os testemunhos
dos pássaros exuberantes
das nuvens que só passam
das plácidas naus
que aportam
ilesas
na entrada da cidade
límpida de azul
celeste-marítimo
hoje é dia de praia
há quem tenha percebido
e colocado sobre a mesa
a taça cheia
de ódio, o punho fechado
fica flácido sob o sol
quente
hoje descansa
os bicos s’esbarram
nas poças tépidas
os sonhos s’esbarram
nas retinas distraídas
e atentas
que hoje é dia de praia
e este céu que nos protege
é testemunha.


toque

tênue sensatez
tomba
em seus dedos
(e)
minha tez.


ainda são duas

então dança
como quem tanto quer
escorrer cálida
pela noite calada
pela calada da noite
na altura dos olhos
a hora de mergulhar
na altura do ventre
refletido n’agua
espelha o meu
e nada
como quem tanto quer
afogar-se na busca
dos reflexos ao alcance
dos dentes, dos dedos
dos sexos dos anjos
nenhuma palavra
além de todas
as horas
escorrem
ainda são duas
e é hora de dançar.

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