.5 Poemas de Casé Lontra Marques

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Casé Lontra Marques nasceu em 1985, em Volta Redonda (RJ). Mora em Vitória (ES). Publicou O som das coisas se descolando, Enquanto perder for habitar com exatidão, Mares inacabados e Desde o medo já é tarde. Reúne o que escreve em sua página pessoal: caselontramarques.blogspot.com


[Outra Sintaxe]

Outra sintaxe,
o silêncio enfim solto –
respira
por aparelhos
de voo.


[Armar Silêncios]

Armar silêncios
durante o combate –
renascer
como vertigem
no cerne
da voracidade.


[Com Mãos Estrangeiras]

Com mãos estrangeiras,
disseminar dissensos dentro da dor;
com mãos
improváveis (porque
quase desfeitas): disseminar
dissensos
até atingir o outro
lado da dor
– independente
do movimento.


[Sem Ocultar Nenhum Incômodo]

Sem ocultar nenhum incômodo
(organismo que prospera
onde ninguém o planta),
uma alegria
– já andando há horas –
hoje
dormirá direito no chão
da desesperança: ventre
eivado de
inversos.


[A Impermanência Encorpa]

A impermanência encorpa
(encarna
e encorpa) um desafio úmido:
diversificar as máquinas
cujos circuitos
envelhecem nos mares
sob nossos músculos —
aproveitando
tudo que sobra, até mesmo
a carcaça
das horas mais
remotas.

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