Entrevista realizada por Aristides Oliveira
Adam Mattos é um mensageiro do sombrio, do macabro e do desconforto. O autor nascido em Londrina, dedica seus dias a criar páginas aterrorizantes para os seus leitores e incentivar a leitura de autores nacionais. Estreou com o livro de poesia “Alma em pedaços”, que deu início também a Trilogia da Maldade, composta por um livro de contos, “Devaneios de uma mente perturbada” e um romance que está em processo de escrita. Adam também é advogado e hoje presta consultoria jurídica para escritores
Além disso, o escritor já participou de várias coletâneas, publicou e-books e administra muitos grupos voltados para a literatura, como o clube de leitura da Flyve e o coletivo Corvo Literário. Ele também é membro da Academia Independente de letras, ocupando a cadeira 170 – “A Tolerância” e embaixador internacional da paz, pelo “World Literary Forum for Peace and Human Rights”.
Adam vive atualmente em Curitiba, e entre uma escrita e outra, vê séries e lê livros para desopilar de seus pesadelos impressos.
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Quando você deu seus primeiros passos como leitor?
Através da minha mãe. Ela lia para mim quando criança, depois passei a ler turma da Mônica e posteriormente Pedro Bandeira e Coleção Vagalume.
Como você percebe a importância de Augusto dos Anjos na literatura brasileira?
Sou um pouco suspeito pra falar dele, pois é um dos meus poetas favoritos. Mas, sou da corrente que o considera um poeta pré-modernista, portanto um poeta de vanguarda. Suas poesias cruas e viscerais me inspiram, e arrisco dizer que se não fosse sua ousadia no século 19, a cena poética nacional hoje seria outra. Talvez não existisse nem espaço para mim.
Ao fazer parte do cenário na literatura de terror, como você dialoga suas influências nas obras que escreve?
Eu escrevo sem pensar nisso. Tenho o meu estilo e fico nele. As influências vem mais pelo subconsciente. E não apenas de terror. Qualquer livro, até mesmo um romance água com açúcar, pode trazer certas influências na hora de escrever.
Conheci uma HQ de terror feita por brasileiros chamado “O Rei Amarelo”, da Editora Draco e achei fantástico! Que pontos de contato você estabelece entre a linguagem das artes gráficas e literatura?
São duas formas diferentes de contar uma história. Creio que seja quase como uma adaptação de um livro para o cinema. A história muitas vezes é a mesma, mas tem que ser modificada para caber no novo formato.
Que avaliação você faz do interesse do público brasileiro pela literatura que toma o horror como tema?
Acho que está aumentando, bem devagarinho, mas está. O que não quer dizer que podemos ficar parados esperando que se interessem pelos nossos livros. Hoje o escritor que não trabalha incansavelmente na divulgação dos seus livros e da sua imagem, está fadado ao fracasso.
Como você elaborou a Trilogia da Maldade? Que desdobramentos criativos você pode revelar sobre seu processo na produção da escrita em si.
Os meus dois primeiros livros já publicados dão essa resposta com perfeição. Eu sempre gostei de terror, mas não do terror sobrenatural. Gosto do terror real, aquele que pode acontecer com qualquer um de nós. Quando publiquei o Alma em Pedaços, vi que tinha muito ainda sobre o tema para elaborar, então escrevi o Devaneios de uma Mente Perturbada. E para encerrar logo logo vem um romance por aí, que aí sim poderei tratar do tema com muito mais profundidade.
Você faz parte da Academia Independente de Letras e embaixador do World Literary Forum for Peace and Human Rights”. Como você se tornou integrante dessas instituições e o que isso significa pra ti?
Foram convites pelo trabalho que exerço em prol da literatura. Além da escrita, tenho muitos outros projetos literários que visam ajudar os colegas, como o Corvo Literário, O Clube de Leituras da Flyve, organizo antologias de graça para membros do Corvo. Tenho um canal no YouTube onde faço entrevistas com grandes escritores como: Marcos DeBrito, Larissa Brasil, Carol Chiovatto, Lucas de Lucca, Irka Barrios, etc. e também declamo poesias de colegas que admiro, apresentando para o povo mais jovem por exemplo: Augusto dos Anjos e Conceição Evaristo.
O que é ser artista “independente” na realidade do mercado editorial brasileiro?
Um autor independente faz tudo sozinho. Tem que ir atrás de capista, diagramador, revisor, gráfica. E depois creio que se assemelha aos autores de editora, na hora de divulgar o trabalho. Pois nos dois casos é o autor que faz a maior parte.
Mas, hoje eu tenho a sorte de ter encontrado uma casa editorial e não precisar mais ser independente, a Editora Flyve, casa na qual recebo todo o suporte que preciso e que só sairei se eles não me quiserem mais. Inclusive, nos próximos dias mandarei um novo livro para eles.
Muito interessante seu trabalho de consultoria jurídica para escritores. Quando iniciou este projeto? Que dicas você daria para o escritor (a) iniciante fazer parte do cenário atento às questões legais envolvendo publicação, distribuição e direitos autorais?
Iniciei depois de uma colega ter um problema seríssimo com um fotógrafo inglês, e me pediu ajuda. Eu a ajudei e resolvemos o problema sem processo. Então resolvi criar o site: consultoriaparaescritores.com onde qualquer um que tiver dúvidas pode acessar e conversar comigo. Os valores serão sempre combinados junto com o cliente. E o conselho que dou aos colegas é: nunca use nada de outra pessoa sem se consultar comigo. Eu posse te livrar até da falência. Pois essas indenizações, ainda mais estrangeiras costumam ser bem altas.
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