Vivo uma Bipolaridade da Criatura Jornalista e do Criador Compositor – Entrevista com Francisco Magalhães

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Entrevista concedida a Aristides Oliveira e Demetrios Galvão, em abril/maio de 2020

Francisco Magalhães. Jornalista. Trabalha há mais de 3 décadas em jornais e rádios, tevês, revistas e portais piauienses. Escreve letras de músicas, haikais e aforismos. Atualmente, é comentarista político na TV Antena 10, afiliada Record no Piauí.


1) Magalhães você embarcou no curso de jornalismo em plena ditadura militar. O que você, na época, desejava e projetava o que seria essa formação e consequentemente o exercício da profissão?

Vivi a os estertores dos horrores da não ditabranda e sim maldita ditadura dos milicos. Mas ainda havia atentados terroristas. Entre eles, as bombas nas bancas de revistas em várias cidades do país, aquele na sede da OAB e a do show no Riocentro, lá no Rio de Janeiro. Não havia curso de jornalismo no Piauí. Por isso, fui em 1981 para Universidade Federal da Paraíba, campus de João Pessoa. Queria fazer jornalismo cultural, ser crítico de cinema. Fracassei. Meu triste fim de Policarpo Quaresma foi como colunista de política em jornais, rádios, portais e TVs em Teresina. Para compensar essa frustação, fiz colunas culturais, como a Grafito no Jornal da Manhã e a Balaio no jornal O Dia. A frustação continua e, por isso, atualmente escrevo letras de música, aforismos e hai-kais. Ah, um detalhe para o divã freudiano: sou filho e neto de militares. Perguntar-me-ei: esquerda, volver! Ou Direita vou ver?

2) Sabemos que tua formação aconteceu na UFPB e lá você conheceu pessoas importantes para a sua trajetória como o músico Chico César, seu amigo de curso, e o agitado cultural Jomard Muniz de Britto que foi seu professor. Fala um pouco sobre o seu contato, trocas/aprendizados com essas figuras?

Dois mares nordestinos me fizeram mergulhar de cabeça nas águas da área cultural: o paraibano compositor Pedro Osmar e o pernambucano professor Jomard Muniz de Britto. Pedro era a cultura popular em joãopessoamente. Jomard, a visão tropicalista. Nos dois, o popular e o nacional. Chico César e eu fomos contemporâneos no curso de jornalismo da Universidade Federal da Paraíba e repórteres da editoria de cultura do jornal O Norte, lá de João Pessoa. Moramos juntos com uma irmã dele, a Emerina, em uma casa ao lado da UFPB. Desde dessa época sou amigo dele e de outros artistas paraibanos como os músicos Pedro Osmar, Paulo Ró, Milton Dornelas e Escurinho. E dos cineastas Bertrand Lira, Torquato Joel, Pedro Nunes Filho e Marcos Villar. E muitos poetas, como Fransued do Vale Coelho (que me ensinou a fazer hai-kais), Paulo Sérgio Vieira e Iverson Carneiro.

3) O que dizer do Movimento dos Poetas Independentes, Jaguaribe Carne, Jornal O Momento e Fala Bairros…

No projeto Fala Bairro fazíamos discussões sobre diversos assuntos ligados aos problemas e demandas de comunidades da periferia de João Pessoa. E também apresentações de arte nos bairros da Felipéia de Nossa Senhora das Neves. No Movimento dos Escritores Independentes, líamos poemas nas ruas do centro da capital paraibana. As performances incluíam invadir as lojas e livrarias gritando palavras de ordem poéticas. As reações iam de palmas a palavrões. Só voltei a recitar poesia 3 décadas depois a convite do diretor teatral Arimantan Martins, numa apresentação esse ano na casa da produtora cultural Soraia Guimarães. Como performer, sou um péssimo jornalista. Modéstia às partes pudendas, sou um grande recitador canastrão. Só me sinto bem e confortável nos “palcos” dos estúdios das TV e das rádios. Nesses locais de trabalho, quando me dão um microfone, o cão – no caso, eu mesmo, muito prazer! – sai da garrafa.

4) Você foi assistente de direção do filme “Cidade dos Homens”, de Jomard. Que memórias vêm a sua cabeça nesse período?

Eu era cineclubista, rato de cinema e, à época, havia um movimento muito forte de Super-8 em João Pessoa. O filme é uma bem-humorada ressignificação assim meio de revestrés do livro A Cidade dos Homens, de Santos Agostinho. E Jomard era nosso professor no curso de jornalismo e mentor de leituras, indicava livros, nos levava para espetáculos e exposições. E ainda nos apresentava e fazia com que convivêssemos com diversos artistas, como Gilberto Gil e o artista plástico Rubens Gerchman. Super-8, Torquato Neto… Acho que sou neto do tropicalismo. Serei?

5) Desse teu percurso de formação no campo do jornalismo que episódios e acontecimentos te marcaram e que você leva como aprendizados importantes?

Ter feito as colunas Grafito (jornal da Manhã) e Balaio (jornal O Dia) como trincheiras de guerrilha cultural. As duas foram criadas para homenagear a minha Santíssima Trindade do jornalismo piauiense: Carlos Castelo Branco, Mário Faustino e Torquato Neto. Nelas, tentei alargar o Estreito de Magalhães de minha ignorância e reverenciar meus crushs intelectuais que são escritores, cineastas, compositores, cantores, atrizes, artistas plásticos. E também por ser um semiletrado que gosta de livros, livrarias, livreiros, leitores. Ler é vida, viva a vida.

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6) Você acompanhou as movimentações dos jornais e revistas literárias do final dos anos 70 e início dos anos 80 encabeçadas por figuras como Paulo Machado e Cineas Santos? Fala um pouco sobre isso.

Nos anos de 1970, gostei de um jornal alternativo, o Gramma, e de uma página chamada “Estado Interessante”, publicada no jornal O Estado por Cineas Santos e Paulo Machado, junto com outros jovens escritores. E na década de 1980 os textos publicados pelos dois e por uns poucos na grande mídia. O resto nem vale a pena falar. E silenciar, valerá alguma cousa?

7) No contexto dos anos 80, da redemocratização e discussão de uma nova Constituição, como você viu o Piauí se inserindo nesse cenário político do Brasil. Houve de fato um envolvimento da juventude local e de movimentos culturais?

Sempre houve e sempre haverá resistência dos jovens, dos estudantes, dos sindicalistas, e dos movimentos sociais e culturais. Afinal, em cada piauiense há sempre uma Esperança Garcia. Mas Franciscas Trindades à parte, o Piauí é um Estado oligarca, de grandes latifundiários, inclusive urbanos. E, horror dos horrores, com a pior distribuição de renda do país. A nossa elite econômica é tacanha e, por reflexo, a elite política é corrupta até a tampa do penico dos palácios de Karnak (governo do Estado) e da Cidade (prefeitura de Teresina). Nosso batismo foi de sangue dos índios assassinados pelos bandidos bandeirante Domingos Jorge Velho e Domingos Mafrense. Nossas elites são iguais a eles, nos matando a todos de outras formas tão cruéis quanto desses dois facínoras com os nossos indígenas. E não devemos esquecer os micros e os macros podres poderes dos latifúndios e oligarquias culturais tão presentes e nunca passados.

8) Em que jornais trabalhou nos anos 80/90? Conta um pouco sobre sua trajetória nos periódicos da cidade.

Jornais Diário do Povo como repórter e O Dia como colunista. No primeiro fui repórter especial, mas escrevia mais sobre política. Quando permitiam, eu fazia entrevistas com personalidades culturais de uma página nas edições de domingo. A abertura de uma delas entrevistas virou prefácio de um livro do Cineas Santos. Era uma puta luta para convencer os editores. Ah, eu era confucionista militante e, por isso, escrevia contra os escrivinhadores de obras primas da mediocridade. No jornal O Dia eu publicava artigos sobre fatos culturais. E uma coluna dominical, a Letreiro, onde resenhava livros. Desisti dela após ser processado pelo Adrião Neto por ter criticado um “livro” dele. Tal criatura e outros do mesmo naipe estão reencarnados em vários “escritores” da atual lixeratura made in Piauí. É por essas e outras opiniões que não posso ter uma coluna cultural, não é mesmo?

9) Nos anos 90 você trabalhou no Jornal da Manhã e trouxe para os leitores/leitoras (ao lado de Geraldo Brito e Feliciano Bezerra) a coluna Grafito. Lá somos contemplados com vários painéis que informava a travessia da produção cultural em Teresina da época. Então, fala como foi a ideia de juntar essa turma para fazer jornalismo cultural na cidade e como o jornal abraçou o projeto.

Eu crie a coluna. À época, não havia jornalista interessado em fazê-la, por isso os convidei. Geraldo e Fifi faziam parte da minha turma e eu conhecia o bom nível intelectual dos dois. E – para mim, isso era fundamental – eles escreviam bem. Ah, nós não éramos remunerados. Minha exigência era eu editar a coluna, já que ela destoava tanto em conteúdo quanto em forma da caretice e do iletramento do jornal. Não tenho formação intelectual, sou iletradinho da silva. Não sou poliglota, e sim polidiota. Lupen-proletariado de mim mesmo, sou apenas um reles e ralo jornalista raiz, do chão da fábrica. Mas gosto, e muito, de parcerias com pessoas de outras áreas. Principalmente com quem, ao contrário de mim, não é da linha de montagem da mídia. Adoro e tenho muitos amigos cultos e inteligentes como o Fifi e o Geraldo. Quem sabe, é vontade de aprender por osmose, vai saber.

10) Como funcionou a dinâmica de escrita dos textos? A Grafito funcionou como um “radar” que captava as sensibilidades do cenário artístico em Teresina?

Sim. Geraldo escrevia basicamente sobre música. Os seus textos da Grafito viraram um livro sobre a história da música popular piauiense. O Fifi usava um GPS preciso para captar o que mais pulsante existia nas diversas cenas culturais em nossa cidade naquela época. Os dois eram excelentes. E eu ficava na cozinha fazendo meu feijão com arroz, minha maria isabel em forma de crônicas jornalísticas e/ou políticas e de humor. Já reli todo esse material e 90% dos nossos textos são perenes, não envelheceram nadinha. Olha, daria um livro interessante. Ou um estudo de caso acadêmico. Quem se habilita?

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11) Entre o final dos anos 90 e o início de 2000 que outras experiências no campo do jornalismo cultural ou dos impressos literários você destacaria?

No meu sentir, a revista Pulsar. Ela é a nave mãe, estrela guia que fez nascer anos-luz antes o brilho do céu das revistas (e atualizadas) Amálgama, Desenredos, Acrobata e Revestrés. Quem não reconhecer isso, o faz por desconhecimento de causa ou, mais provável, má-fé intelectual. Mas puxando o memorial da brasa para o baseado do jornalismo, a Ana Kelma Gallas e Osório Júnior foram os dois melhores repórteres de cultura dessa época. O jornalista poeta profeta e meu amigo de infância Elias Paz e Silva fez coisas interessantíssimas no jornal Diário do Povo. Quem disser que houve mais, discrepo.

12) Em 2002 Luís Inácio Lula da Silva venceu as eleições e assumiu a presidência em janeiro de 2003, daí iniciou a chamada era Lula. Como sabemos, a gestão cultural do seu primeiro mandato com o Gilberto Gil à frente do Ministério da Cultura, provocou uma revolução no meio artístico do Brasil. Tomando esse fato, na sua visão, quais os impactos dessas novidades para o cenário cultural local?

O Brasil só teve dois “ministros” de Cultura no século XX: Mário de Andrade e Gilberto Gil. O Aprendiz de Turista Mário fez um excelente trabalho em São Paulo na década de 1930 com dimensão nacional. E o bom baiano Gil democratizou a área criando os pontos de cultura. Olha, mas a cultura seminal não viceja no solo infértil das capitanias hereditárias culturais. E nem nessas academias de letras que insistem em existir em cada ruela de Teresina e de muitas cidades do interior do nosso Estado de calamidade pública e penúria cultural. Ela é subterrânea, infraterrestre.

13) Na tua observação do universo cultural de Teresina, que acontecimentos culturais importantes você destaca? Comenta sobre esse cenário e seus desdobramentos nos jornais e impressos da época.

Ah, qual a diferença entre um memorial na primeira pessoa do singular e uma memorabília impessoal onde, à lá Rimbaud, o eu são os outros? Ei-los: o bar Nós e Elis. As coletâneas de poemas e contos e os livros de outros autores publicados pelo Cineas Santos. O surgimento de movimentos consistentes de samba, hip-hop e regue na periferia de Teresina. As nossas bandas revemetaleiras. As jovens poetas da terra de Graça Vilhena. O humor do trio João Cláudio, Dirceu Andrade e Amauri Jucá. O festival de Pedro II. As cores do Amaral. A força emergente e urgente das feministas piauienses. O grupo Matizes. A criação de um órgão representativo das prostitutas de Teresina. Os traços do Jota A. O suingue do Raimundo Soldado. O grupo Coisa de Nego. A ferinha de arte da Sulica na praça Saraiva. O ciclotímico carnaval das escolas de samba. A orquestra sinfônica de Teresina. O Setembro Rock. O Bueiro do roque. O nascimento, vida e morte Severina, digo, albertina do Salão de Humor. O renascimento do Salão do Livro do Piauí. O Salve Rainha. E os jovens poetas recitando nas praças do centro da Theresinave, os slams. O festival de violeiros todo mês de agosto. Jovens discutindo filosofia na periferia de cidade fundada pelo Conselheiro Saraiva. E muito, muito mais que ainda virá…

14) Na posição de observador atento e crítico, como você viu e vê a atuação de nossas instituições culturais oficiais em comparação às iniciativas independentes de artistas, produtores e escritores da cidade, nesses últimos tempos.

Instituição oficiais de cultura são a tábula rasa dos intelectuários oficialóides mamadores de tetas governamentais. Para mim, a cultura pulsa à margem das panelinhas e panelaços institucionais. Tutela estatal, tô fora. Agora e sempre. Mas, viva a dialética, olha que bela, como direi? “contradição” política: os dois melhores secretários estaduais de cultura do Piauí que conheci são de campos ideológicos antípodas. O conservador peefiélico Jesualdo Cavalcanti e o esquerdista peteiro Fábio Novo. As administrações e o legado deles nas suas gestões são elogiáveis. Ambos fizeram, com verbas quase irrisórias, meias revoluções no setor cultural em nosso Estado.

15) O Piauí tem o privilégio de possuir uma boa movimentação no campo do jornalismo cultural e da produção de conteúdos na área. Essa atuação envolve alguns impressos e portais comprometidos com um trabalho que lança o Piauí em patamares bem interessantes de articulação e qualidade, enquanto produtos culturais. Nesse campo, que iniciativas chamam a sua atenção e qual sua análise sobre essa produção.

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O meio de campo formado pelas revistas Acrobata, Oblíqua e Revestrés batem um bolão. E tem a bolha cheia dos sites e portais, como Desenredos, Geleia Total, Entrecultura e o Entretextos. Esqueci algum?

16) Além de jornalista e de testemunha ocular da cultura local, sabemos que você dedica uma parte de sua energia criativa a composições musicais em parceria com alguns amigos. Como se dá o desenvolvimento desse trabalho? Quem são os seus parceiros e por onde circulam suas músicas?

Tenho mais de 100 músicas com o Osnir Veríssimo. Já gravamos o CD Rebalandê, onde dez interpretes piauiense cantam nossas cantigas. Será lançado em breve. Nele, tem samba, fados, forrós, maracatus, toadas, carimbós e muito mais. Nossa dupla tem um CD de frevos e inúmeras composições gravadas por Solange Leal e Alzimar Alvarenga e outros cantores e cantoras. Tenho parcerias com muitos outros compositores piauienses, entre eles o Francy Monte e o Titá Pereira, Glauco Luz e Machado Junior, Rubinho Figueiredo e o José Quaresma, Gustavo Baião e Fernand Melo. Intérpretes piauienses já gravaram mais de 40 canções com letras minhas. Vou dedicar um tempo para divulga-las nas redes sociais e nas rádios.

17) Fazendo um breve balanço da música piauiense ontem e hoje, que avaliação você faria? Estamos numa boa fase criativa? Quem você destaca na cena atualmente?

Vivo uma bipolaridade da criatura jornalista e do criador compositor. Na opinião do jornalista, gosto de algumas cenas musicais: a do nosso rock e a do nosso pop roque. A MPB oscila entre altos e baixarias e o samba bambeia mal das pernas. O regue é fraco, precisa de mais vigor nas letras e nas melodias. Na opinião do compositor, sou corporativista total: acho todas as composições lindas, as letras maravilhosas, os arranjos perfeitos, os cantores e as cantoras afinadíssimos. Mas correndo o risco de cansar a minha memória já quase sem fôlego, responderei fazendo uma lista de gosto pessoal incluindo várias gerações de compositores, cantoras e cantores. Ei-los: Geraldo Brito e Aurélio Melo, Osnir Veríssimo e Francy Monte, Tirá Pereira e Rubeni Miranda, Naeno e Cruz Neto. E também o Abraham Lincoln e Jabuti Fonteles, Gilvan Santos e Alexandre Naca. Admiro Zé Quaresma e Gonzaga Lu, Teófilo e Edvaldo Nascimento. A lista do meu fã-clube inclui as cantoras Solange Leal e Soraya Castelo Branco, Bia Magalhães, Lene Alves e Luana Campos. E mais Rosinha Amorim e Ortiga Junior, Rubinho Figueiredo e Ferdinand Melo. O Gustavo Baião e o Glauco Luz. E, peço desculpas e rogo perdão, muitos outros e outras que infelizmente esqueci nesse momento.

18) Quais os desafios de viver do jornalismo no Piauí em tempos de redes sociais, Bolsonaro e de pós-verdade?

Agora e sempre, jornalismo é desafio. Inclusive o de sobreviver no corpo-a-corpo da profissão de forma ética sem vender a alma ao diabo que podermos ser ou não ser no mercado de trabalho. Entre a pré-mentira e a pós-verdade, o nosso jornalismo político é áulico e cooptado até o tronco. Mas vamos ao que interessa a todos: o jornalismo cultural made in Piauí. Atualmente, ele está entrincheirado nas revistas, nos fanzines e nas redes sociais. O resto é paisagem, e muito feia.

19) Em tempos de necropolítica e de pandemia (corona vírus) o povo brasileiro se encontra à deriva e com a esperança escorrendo pelos dedos. Na sua visão, qual o papel/contribuição da cultura para o futuro do Brasil, como a possibilidade de um projeto positivo?

Uma Cidade, um Estado, um País se faz com livros, homens e mulheres livres da ignorância política, racista, machistas e sexista. A cultura é a carteira de identidade de um povo. No princípio, fomos o verbo na carta de Pero Vaz de Caminha. E agora, nesse precipício, como seremos? A grande problemática do Brasil é a desumana, demasiada desumana desigualdade social. Enquanto não dermos uma solucionática – a médio e longo prazo com educação, a curto prazo com distribuição de renda – para essa problemática, nunca seremos uma Nação digna de nosso povo. O resto é perfumaria politiqueira …

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