Daniela Quintas, formada em fotografia e apaixonada por artes desde sempre. Começou a escrever aos 12 anos como uma forma de relatar suas experiências e sentimentos, depois de alguns anos a escrita se tornou uma forma de compor versos tanto para poemas como para músicas, assim como contos ou crônicas. Acredita que através da arte a vida se faz plenamente intensa e significante.
O Outro Lado
Já faz um tempo
E eu agradeço pelo dia
Pela fantasia
Pela amizade
Pelo amor
Tudo é poesia nesse instante
Eu me fiz completa
Hoje estou inversa
E a dor no corte do coração
Vai se recuperar
As costas, a largura
Cada osso da musculatura
São apenas ossos
É apenas o físico
O ser humano de onde vem
É composto por calamidades químicas e biológicas
Olha o que eu fiz
Olhei pra mim
No instante em que o sol
Se punha e dedilhava meu dedo
Meu coração enclausurado
Perturbado de amor sem fim
Ninguém escreve, ninguém escreveu
Só senti o inconsciente do incidente
Da vida tomando conta do que eu fiz
Do que eu vivi
Obriguei-me a encarecer
Os lustres da minha sala
Da sala cheia de falas
Juras, conjunturas
E algumas mentiras
Do outro lado da face
Quem disse que não pode ser?
Quem disse que tudo acabou?
A mistificação já me fez ver
A enorme noção do tamanho
Dos meus quatro dedos e quatro cortes
Falta um dedo que aponta para o horizonte
A vida é tão bela, meu bem
Não se afaste da cruz
O dia se pôs outra vez e eu fiquei a ver navios
Como dizem
A chance de eu me tornar uma criança já foi
Hoje eu posso ser a jovem criança transformada
Transformada em espelhos diferentes
Meu reflexo já não é mais o mesmo
E eu tenho sede de tudo
Sede de viver o que eu sinto ainda
Sede de poder descontruir
Não sei, não sei mais o que é de mim
Os forasteiros chegam e me avisam
Da hora de seguir, de mudar, de transformar
Faroleiro, Faroleiro
Cada dia eu canto mais
A nova vida que habita em mim
Encontro Ateu
Como entender o seu nome
Que vem do bendito fruto
Que não é santo
Os olhos não são castos
Mas o teu corpo preenche o meu
Como tocar sem sentir
O cálice de vinho
Os cristais
Os lustres
Que não são sagrados
Quero te mostrar
O outro lado da ponte
Cheio de fissuras
Que já foram reconstruídas
Estou aqui
Desde o primeiro instante
Os passos firmes
Aqui se colocam
Meu corpo…
Ele ainda é um
“Pedaço de mim”
Eu sou o que sou
E minha alma libera uma branda energia
Meu corpo continua
Sendo um corpo
E bendito é o fruto
Do ventre que
Te pariu
Você nasceu, cresceu
Reviveu
Acredite ou não
Agora estamos sós
Juntos
Seja a vontade nossa
Universo ou pó das estrelas
Versos desencadeiam
Esse encontro lunar
Físico, mental
Espiritual
Assim é o espaço
Galáxias que nos regem
Pedaços de Planetas
Amém
Parabéns Daniela. Buscar o encontro e encanto das palavras, não é tarefa para qualquer um, mas pra quem têm sede da escrita. Continue encantando nossos corações.