3 Poemas de Claucio Ciarlini

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Claucio Ciarlini. 40 anos. Nasceu em Teresina, porém reside em Parnaíba desde a infância, com algumas passagens pelo Ceará. Escritor, professor, editor, jornalista cultural e cineasta amador. Iniciou na escrita literária no ano de 1996. Tem 10 livros publicados, sendo cinco de sua autoria e cinco coletâneas que idealizou e organizou. É um dos criadores do Jornal Cultural O Piaguí, do qual é o editor; é também Membro da Academia Parnaibana de Letras e um dos organizadores do Almanaque da Parnaíba, além de Supervisor do Projeto Cinema e História na escola estadual Cândido Oliveira. Colaborador dos jornais Norte do Piauí, Correio do Norte e da Plataforma Escrever sem Fronteiras, do SESC. Recentemente criou, junto ao escritor Wilson Maudonado, o grupo Piauí Poético!


Maldita

Insônia é a vilã intragável que me consome agora
Não me deixa quieto (talvez o correto)
Com um sorriso desgraçado de ironia, na boca
E eu me perdendo no desprezo deste dia
Perdendo o sono, a paciência, a beleza

Insônia que me traz, e traz: angústia que nem sempre é bom
Mas o que fazer? Não há, não há
Se na noite ela me provoca feito Diabo a Jesus
Que cruz, meu Deus, que cruz!
E eu tão pouco sou Deus pra lidar, para domar a fera

Insônia para poucos, que coléricos, gritam feito insanos
Sufocados à espera do agrado do danado (Morfeu)
Penitência maldita no pingar lento dos olhos cansados
Desgraça calada, que cutuca e desnorteia
Num turbilhão de mensagens bizarras e complexas

Insônia é a droga que ninguém deseja
Mas que todos procuram remédio, solução
A droga pra droga (que droga!)
Agoniação indigesta e praticamente imbatível
Como os sonhos ainda não conquistados, que me esperam

No amanhã, que só chegará se eu dormir.


Otimista

Ouço

O mundo lastimar de forma agonizante
Em sussurros angustiados, gritos histéricos
Mas procuro,
Voltar a minha audição para algo muito além das sirenes de socorro…

Vejo

O planeta definhar nesse mesmo instante
No fogo da discórdia, no rastro da ironia
Mas tento,
Enxergar um ambiente de pura serenidade que me proteja…

Provo

O Meio amargo em que todos nós vivemos
No destempero daqueles, que só visam o ganho material
Mas almejo,
A presença de quem me faça sorrir de forma abundante e prazerosa…

Toco

O Universo deturpado de frases tristes
Em momentos de rancor, da mais perversa vingança
Mas busco,
O toque de mãos carinhosas que me conduzam ao céu…

E

Digo

Ao Futuro pessimista de mulheres e homens derrotados
Desanimados e inertes, seres sem esperança
Que ela ainda existe,
Basta apenas acreditarmos no milagre, que ele nos alcançará…

E o medo será vitória
E o ódio será perdão
E o desprezo será amor

E nós,
Nós seremos vida.


Eu vivo numa ditadura

Eu vivo numa ditadura!
Mas não é a mira de um fuzil,
Que procura me silenciar…
É a intolerância de uns mil,
Constantemente a me perturbar!

Eu vivo numa ditadura!
Não daquelas oficiais,
De prisões, censura e atos institucionais…
Mas de golpes contra a nossa já frágil democracia
Disfarçados de boas intenções, numa eterna hipocrisia!

Eu vivo numa ditadura!
Mas não daquelas que torturam com crueldade
Que despacham para o exílio, todo aquele que questionar…
É daquelas que fingem ser a favor da liberdade,
Enquanto acabam lentamente com o direito de protestar!

Eu vivo numa ditadura!
E a prova cabal é este simplório poema,
Que em outros tempos, não causaria qualquer problema…
Mas que certamente será motivo de contestação
Quando não muito, de olhos insensíveis que o ignorarão.

2 comentários em “3 Poemas de Claucio Ciarlini”

  1. Lindos poemas meu amigo e professor Cláudio Ciarlini. Poemas que trazem reflexões na alma, que muitas vezes perturbada, nos fazem buscar algo para preencher, e quando não encontramos, ficamos ociosos, no vazio fúnebre do nosso próprio ser… em um eterno dilema. Que poema épico, pois fala aquilo que o coração quer falar. Salvou minha alma e a lavou também. Seus poemas preencheram o meu sentimento de busca pelo sono, quando este não vem, em “Maldita”; travo uma luta, mas sempre na esperança de futuro em “Otimista”. E finalmente eu desabafo aquilo que me prende, que me entorpece de incompreensões em “Eu vivo numa ditadura”, que por sua vez, silenciosa, danada…

    Um grande abraço meu amigo poeta e meu professor Cláudio Ciarlini.

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