3 Poemas de José Inácio Vieira de Melo

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José Inácio Vieira de Melo (1968), alagoano radicado na Bahia, é poeta, jornalista e produtor cultural. Publicou oito livros de poemas, dentre eles Sete (2015) e Entre a estrada e a estrela (2017). Publicou também as antologias 50 poemas escolhidos pelo autor (2011) e O galope de Ulisses (2014). Organizou três antologias com poetas baianos e participa de diversas antologias no Brasil e no exterior. Coordenador e curador de eventos literários, como a Praça de Poesia e Cordel, na 9ª, 10ª e 11ª Bienal do Livro da Bahia (2009, 2011, 2013), e a Flipelô – Festa Literária Internacional do Pelourinho (2017, 2018, 2019). É convidado, com frequência, para vários eventos por todo o Brasil e no exterior. Em 2018, esteve na Cidade do México, a participar do VIII Festival de Poesía Las Lenguas da América, representado o Brasil e os países de Língua Portuguesa, e em Cartagena das Índias, na Colombia, onde participou dos festivais de poesia XXII Festival de Poesía de Cartagena e Sílaba de Agua – Fiesta de la Palabra y las Artes. Em 2020, participou do XXVIII Festival Internacional de Poesía de Bogotá e do XIII PoeMaRío – Festival Internacional de Poesía en el Caribe, em Barranquilla, Colombia. Dentre os prêmios conquistados, destacam-se o Prêmio O Capital 2005, com o livro A terceira Romaria, e o Prêmio QUEM 2015, na categoria Literatura – Melhor Autor, com o livro Sete. Tem poemas traduzidos para alemão, árabe, espanhol, finlandês, francês, inglês e italiano.

Os três poemas aqui publicados fazem parte do livro inédito “Garatujas Selvagens”, que será lançado em 2021. A imagem do autor é do fotógrafo Ricardo Prado.


EU E A BRISA

Eu dizia à brisa:
traz tua água aos meus lábios,
molha meu corpo com tua fresquidão,
traz para mim toda felicidade possível.

Vem, cativa meu coração
com tua música de ventos
e guarda muitos beijos neste rosto
dourado pelas brasas do sol.

Traz algarobas,
traz em teu galope o sabor da chuva,
e faz as goteiras cantarem
e veste de perfume as areias.

E a brisa me dizia:
está tudo anotado, tudo desenhado,
agora, é só tatuar!


ANUNCIAÇÃO

Serena,
seja qual for a dor,
serena e trabalha a alma
até chegar à calma.

Assim como os ventos,
as fontes transportam
as sementes da respiração.

Agora, é urgente
cuidar da respiração.

Vamos, serenamente,
ouvir o canto das águas
lavando nossas almas
e nossas mãos.

Vamos, serenamente,
ouvir o hino dos ventos,
sempre intenso,
trazer novos ares.

Um novo tempo
está para chegar.


A ROTA DO SER

Que a luz chegue em cada quarto,
em cada recanto do teu ser.

Que tua vida seja grande.
E que na soma dos erros e acertos
o sol continue a iluminar tua rota.

E quando chegar a hora de partir,
parte. Mas parte contente,
celebrando o mistério do porvir.

22 comentários em “3 Poemas de José Inácio Vieira de Melo”

  1. Zé Inacio, poeta querido!
    um vaqueiro que monta a égua da poesia, e é montado por ela.
    sempre uma alegria ler seus versos, e esperar esse sereno, esse mistério do porvir.

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  2. Poeta,

    Grato por nos ofertar seu quinhão de poesia,
    pra acalentar as dores do mundo.

    O Poeta é assim: ao tentar generosamente saciar a sede que temos de beleza, de poesia, nos provoca ainda mais sede. Aquela sede de quem se lambuzou numa barra de rapadura.

    Que a brisa e as etéreas algarobeira estejam sempre a te inspirar e a te guiar na imensidão.

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  3. Luz, sombra, o colorido e o encardido. A poesia de José Inácio tem algo de rota, bússola e canal. Ventos, versos, vida que dizem tanto da gente como o sol entrando no quintal.

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    • José Inácio,
      Parabéns por estes lindos poemas!
      Eles nos mostram a sensibilidade de quem conhece e contempla as belezas da natureza e alma nordestinas.
      Forte abraço!

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  4. Mais um vez Jose Inácio, acalenta meu coração com suas poesias, me salva deste mundo tão duro, onde temos vivido dias tão difíceis. Gratidão poeta!

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