Christian Dancini de Oliveira é um poeta nascido e residente de São Roque, São Paulo, que escreve poesia desde os onze anos. Com 15 anos lançou a obra Fragmentos de uma aurora em PDF para baixar gratuitamente através do site Projeto Livro Livre, de Iba Mendes. Mais para frente, fez um audiolivro desse mesmo livro com a parceria de Eduardo Agni. Aos 22 anos, publicou seu primeiro livro chamado Reminiscências, com prefácio de Renato Gonda e Eduardo Agni, com ilustração de Emerson Santana. Além deste livro que lançou de forma independente, ele já lançou pela editora Opera o livro Pleroma e pela Patuá Dialeto das Nuvens. Christian Dancini já publicou na Mallarmargens, Ruído Manifesto, pela revista espanhola Kametsa, pela revista Figueira, pela Deus Ateu, pela revista da Editora Trevo, etc. além de ter dois audiolivros e um livro disponível para baixar gratuitamente. Seu livro Dialeto das Nuvens é semifinalista do prêmio Oceanos 2024.
Poemas do livro Dialeto das Nuvens.
3.
Pendurada no cimo da minha existência, tu finges
infâncias ao redor da minha mente e,
enquanto giro, tu és o meu centro-cume.
4.
Estrelas ladrilham o abismo. Em teus olhos de criança
eu recebi a benção de ser um pai mesmo sem o ser:
cuidar de ti e cuidar de uma sereia encantada
— ou de um anjo em ardência — não deixa de ser
a mesma coisa, de ter o mesmo significado para mim.
5.
Coração índigo
Uma andorinha se desprende do teu crepúsculo,
eu vejo agora teus olhos confusos e tristes,
por trás da máscara. Equilibrista em minha aorta.
Um anjo azul e rosa que pousou na ponta da minha
melancolia.
19.
Cindir com o caos
na madrugada mais fria.
Deixar a chuva falar,
o trovão tremeluzir a aurora.
As pessoas que conhecemos
não são mais que pardais em chamas,
que se fecham em cinzas
e se abrem, renascendo uma fênix
nas memórias imbatíveis,
através de uma claraboia.
22.
Minha língua toca
o céu da tua boca
& derruba as estrelas
que lá dormiam.
& tomba ao solo
as verdades do oceano,
& ressuscita no bumbo do coração
a liberdade
de um outro silêncio,
como se fosse possível
voar pelos caracóis
da tua abóbada.
Minha língua ruge
dentro do teu céu,
planando poesia
pelas asas gigantes
que cobrem Netuno,
no movimento artificial
das flores das nossas vidas.