Três poemas de Tiago D. Oliveira

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Tiago D. Oliveira nasceu em 1984, em Salvador-BA, graduado e mestrando em Letras pela UFBA, tendo passado pela UNL (Portugal). Tem poemas publicados em blogs, portais, revistas e jornais especializados no Brasil, Portugal e Espanha. Participou também de antologias no Brasil e em Portugal. Publicou Distraído, poesia (Editora Pinaúna, 2014), Debaixo do vazio, poesia (Editora Córrego, 2016), Contações, poesia (Editora Patuá, 2018), As solas dos pés de meu avô, poesia, publicado no Brasil (Editora Patuá, 2019) e em Portugal (Editora Gato Bravo, 2021), e o livro Mainha, poesia (Editora Patuá, 2020). Escreve para o portal literário Letras In.Verso e Re.Verso. Finalista do prêmio Oceanos 2020 com o livro As solas dos pés de meu avô e Vencedor do Selo João Ubaldo Ribeiro 2020, na categoria poesia, com o original Soprando o vento.
Contatos: @tiagod.oliveira / [email protected]
https://tiagodoliveira.wordpress.com

Os poemas, aqui publicados, são do livro “Mainha” (Ed. Patuá, 2020)


***

Mainha tem a luta
na pele, de mulheres
e mulheres foi sua
no que a lua aufere,
destina dos cravos um
júbilo inteiro, dia
na pele, de mulheres
e mulheres foi sua
a herança de negar
a fuga: plantar raios
sobre o ignorar
dos verdes lacaios.
Mainha tem a luta.


***

Sem direito de sangrar,
ser mulher como pecado
e na sombra sublinhar
de todos os recados
o que não veio sonhar,
o que não foi mostrado
sem direito de sangrar.
Ser mulher como pecado.
O lugar do norte, um fim,
quando a pétala singrar
sem mais todo o jardim
e assim, se rir, falar
sem direito de sangrar.


***

Ser mulher era fechar
os olhos e cozer o pão.
Ouvir aquela canção
com o caminhão a passar.
A década era um mar,
a luz dos rostos, um chão.
Ser mulher era fechar
os olhos e cozer o pão.
Perder e ganhar, medidos,
um verso que não esquece
do que foi antecedido,
simplesmente envelhece.
Ser mulher era fechar.

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