3 Poemas de Nirlei Maria Oliveira

Nirlei Maria Oliveira – Bibliotecária com mestrado em Ciência da Informação, de Formiga MG, reside em Campinas, SP. Trabalha no IFSP, Campus de Hortolândia. Atua com ações e  projetos de estímulo à leitura. Organizadora da coletânea Quarentena Poética publicada em 2020. Tem poemas publicados nas seguintes revistas literárias: Travessias Literárias, Cult – Lugar de Fala, Literatura e Fechadura, No Agora do – Museu da Língua Portuguesa, Revista Brasileira no XXI, Partilhas Poéticas do Museu Ema Klabin. Link para o e-book e podcast:

e-book Quarentena Poética – https://tinyurl.com/y2wp9kdb
Podcast Quarentena Poética – https://anchor.fm/quarentenapoetica
Facebook: https://www.facebook.com/nirlei.oliveira.10
Instagram: https://www.instagram.com/oliveiranirlei/

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manhãs de bem-te-vis

quase dia
sol envergonhado no céu
silêncio precioso e sagrado
respiro lentamente
registro os detalhe da paisagem
e caminho lentamente

caminho em círculos
no labirinto dos dias comuns
não há escape
respiro fundo
e enrolo em laços e fitas
a linha do tempo
faço crochê do tédio
e salvo o dia
ouvindo os bem-te-vis

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taquicardia

I
primavera fincada no peito
nas veias e artérias
no coração que explode
em flores e cores
taquicardia poética
sem cura

II
plante os pés na terra
enraíze-se na pertença
arvore-se
frondosa e copada
vista-se com esmero
das folhas verdes
e das flores de mil tons

III
primeiras flores
ostentação graciosa
viva
bem-me-queres
seja
beija-flor(es)

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“em chamas”

apenas nos corações livres e lúcidos
que, por destino, reza ou feitiço
florescem os amores revolucionários
gerados nas travessias e nos devaneios
fincados nos mistérios insondáveis dos desejos

neste mundo de fogo e água, de tempos limitados
germinam e prosperam nas beiradas dos lugares insólitos
em vidas que se desdobram em infinitos laços
feitio dos amores de assombrosos lugares-comuns
que se regalam em banquetes das trivialidades

voo largo sem bordas de confins
nascente e foz das afinidades, das perplexidades
e das estranhezas amorosas

cotidiano de impermanência dos vislumbres e devaneios
que acorda ao olhar o mundo ao redor
e se encontrar no fundo do fundo dos seus olhos
onde reluzem faíscas que incendeiam
a epiderme e a alma dos amores infinitos