5 Poemas de Edner Morelli

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Edner Morelli (1978), natural de São Paulo, capital. Formado em Letras, graduando em História e Filosofia. Mestre em Literatura e Crítica Literária pela PUC-SP. Estreou em 2002 com o livro Latência (A-temporal – SP) . Seu segundo livro, Hiato de 2012, foi publicado pela Terracota Editora – SP em parceria com o selo Musa Rara. Edson Cruz assumiu a escrita da orelha desse livro. Seu quarto livro Cenário foi publicado pela Editora Kazuá-SP em 2017. Seu último livro publicado pela PenaluxGuaratinguetá em 2020, Líquido recebeu a quarta capa e a orelha de Tarso de Melo e o prefácio ficou por conta de Ana Elisa Ribeiro. No prelo, pela Editora Córrego está o livro Entre, ainda para este ano. A Kotter Editorial assumiu a publicação de Cenas Nuas, em parceria com a fotógrafa Karoline Dalécio, um projeto que envolve foto e poesia. Quem assumirá o prefácio será Ninil Gonçalves, a orelha ficará por conta de Edson Cruz e a quarta capa assumirá Mário Bortolotto. Todos os livros citados são de Poesia.


(…)
(para Ana Elisa Ribeiro)


A poesia é isso
Um olhar atento ao nada (para os outros)
No negativo da foto que estão as metáforas
Que valem os signos
A inclinação de um olhar talvez diz o mundo
Talvez não diz nada
Ou já disse na mesma medida
Em que se perde (os outros?)


UM GIRASSOL DA COR DO SEU CABELO II
(ao Lô Borges)


O vestido intrínseco à minha libido
E a terra que aponta para um azul
Solar e de estrelas várias
O canto, a sua forma em meu verso
Denuncia vertigens
Tentativa de imagens (nem sei mais)
Que incidem num choro benéfico de nuances
Bucólicas?
“Eu só preciso de você por mais um dia”
O girassol, a dança, o bastante em si
Por nós?
Um girassol que veste sua existência
O pensamento, o meu, é o seu vestido
Entremeado na pele-girassol, que é origem,
Que é meu destino (eu sei mais)
O meu pensamento não só tem nuances
Lascivas
O seu vestido sou eu
“Será que é tarde demais?”


(…)
E no cimo de minha metafísica
Acomodo a matéria (que um dia)
Foi verso não em vão
No chão de minha estética
Sim em vão?
Apenas imagens não em vão
No muro
Minha vida é o muro
Nem sim nem não
Pendo para um lado
E olho para o outro (você)
Sim
“O amor resultou inútil”
A boa metáfora se desfez
E o não se fez
Perdoe meu nominalismo
Ainda estou no muro
Sem qualquer adjetivo
De horizontes


(…)
E chega a hora do encontro
Por mais que silenciosamente
Adiamos…
Por mais que inescrupulosamente
Sabotamos…
E se mostra a hora do encontro
Por mais que
Esqueçamos?
E a dúvida de tudo nos sorri!
E se quer a hora do encontro
Visceral e sem véus
O encontro está acontecendo
Agora!
E a página, de canto,
Testemunha
Um confronto imóvel
Tácito
Pois reflexão
Um encontro
De tantas frágeis certezas
De longas perdas
Do grito represado
Que sempre bate e volta
Em mim


(PRE)VISÃO DO TEMPO

Entre o inverno que enclausura
E o verão que corrói
O poeta prefere a brisa…

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