MÃES-CRIAS e uma LÍNGUA-DANÇAR / Poema de Luis Serguilha

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LUIS de SERGUILHA. Nasceu em PORTUGAL. É poeta, ensaísta e curador de ARTE ibero-afro-americana. FALAR É MORDER UMA EPIDEMIA, OS ESGRIMISTAS DO À-PEIRON e ACTRIZ ACTRIZ o PALCO do ESQUECIMENTO e do VAZIO são os títulos dos seus livros mais recentes. Criador da estética do LAHARSISMO. Os seus ensaios envolvem-se nos atractores estranhos que atravessam o corpo-arte-pensamento.

Foto do poeta por Carla Barroso Coelho
Fotos da dançarina por Léo Aversa – espetáculo “Máquina de Dançar” de Maria Alice Poppe e Maria Thereza Rocha


Protoplasmas das MÃES devoram os olhos sonâmbulos dos séculos( dizem: transpiradeiros vivos das células linguais batem contra si-mesmos) e os estuques das gorjas mais levantadas fragmentam os pêndulos sôfregos das casas onde as crias sobem pelo zinco da ressurreição das FALAS até desorientarem os pontos sangrentos das bocas através da destilação das lâminas ao cimo das profanações: nas polainas do desvelo a morte passa com os cascos proditórios à frente e os estômagos em acrisolamento andrógino arremessam-se sobre os espelhos inflamados pelas carniças onde a validade da fome refulge na parte mais cega das crias: as mães transviam os choques dos seixos da lucidez atè às ulcerações ascensionais do verbo: os ofícios das margens das obscuridades atingem as quedas rápidas da luzência e fazem do sexo sumptuário da DANÇARINA uma esgrimista de meteoros em riste ou serão microlesões tubulares infiltradas nas faianças barrocas? (por cima outras crias apinhadas de porosidades se beijam como vulvas em brasa sobre si-mesmas: evitam tremendamente a invasão concreta dos náufragos): uma DANÇARINA queima-se e regermina-se com as anémonas cubistas que sobem pelos seus pés até às vegetações monstruosas do cérebro: aqui-agora: as lufadas das axilas e os pulsares animalizantes contornam a saturação dos GESTOS e num movimento pleno de minúsculos vaticínios todos os tentáculos dos corpos se transmutam em galgos reverberantes a descerem loucamente pelos morros vaginais:  o fogo intraduzível das crias inocula-se entre violências abstractas e fabulações que perfuram a pélvis das mães, aturdindo os deuses de um lado para outro: as mães e as crias com a eternidade do inominável nos dorsos, improvisam anatomias impetuosas com os batimentos dos bichos cegos que cuidam das filigranas dos relâmpagos sobre o desmanche dos tendões de Deus: o vazio circunda os bandos das articulações e desce, desce, atingindo a fulgência das bigornas do caos: os GESTOS da DANÇARINA ficam gigantescos e moldam as radículas do fogo com as sístoles do terror mais vetusto e as acoplagens sígnicas ascendem desvairadamente dentro dos crânios fundidos pelas vozes ressuscitadas pela combustão verbal que ciba os pontos mais distanciados das cifras sanguíneas. As mães com apetrechos nubilosos à volta dos ressaltos das crias dilatam as cenofobias das mãos sem vestígios porque há um coração delicadamente impiedoso a misturar as aparas das varizes nos arcos dolorosos das pariduras: as crias como tramas ressoados comprimem os ventres travessos das mães entre lumieiras revestidas de veias de quem ausculta uma palavra deformada pelos fungos das embocaduras mais antigas: as mães ainda passam os mastros do sono nos movimentos inatingíveis das crias e uma DANÇARINA faz do assoreamento sísmico a sinalização de um tempo exilado pelos sedimentos sombrios dos animais: o sangue rouba as onomatopeias obsessivas do sangue e avizinha as áscuas da dor à experimentação da lisura materna onde as cascas magnesianas das dádivas se transmutam em vértebras do esquecimento: a vértebra se torna espacejamento cúspide e sangra, sangra sem as cúpulas do nome porque a cria é uma obcecação do varal nodular ao cimo de uma mama de clarões e as mães estendem-se exultadas pelos derrames dos actos de fala saídos dos muros com terríficas incisuras entre as especiarias pulmonares: os olhos entoam, os olhos vergastam, os pés esculpidos pela polinização líquida celebram a argúcia expurgada das ânforas. As mães abraseiam-se com pedúnculos da metabolização das minúsculas arquitecturas onde os teares de protozoários engolem a deserção das crias como nadadeiras em extinção nas harpas dos baixios: é uma musculatura do oblívio ou um pequeno osso do pavor a acordar um futuro absoluto ou um tecimento a refluir noutro tecimento fulminado pelo rigor extremo das ressonâncias salinas:

                                     

as cabeças das crias assimilam vesículas mercuriais e esférulas beluínas simultaneamente esfomeadas e acesas pelo colo de escaleiras das mutações das rosas creatófagas: a confidência da DANÇARINA fagocita-se na boca eólica dos alquimistas, na germinação das hordas e nas sinergias granulosas de uma vida-puta: DANÇAR com as abrasaduras das unhas entre as antecenas dos nervos que gatafunham as rugosidades dos lampadários: DANÇAR com os batedores de lodos envolvidos pela semeação de vísceras que despedaçam as moscas com os nitratos dos refinamentos umbilicais: as bolhas dos GESTOS insuflam pequenas películas plasmáticas para se aliarem aos fagócitos do espaço: DANÇAR a hematose pulmonar dos bebedores de asteriscos: DANÇAR com os exantemas respiratórios e fazer das plicaturas da apoptose uma enciclopédia alveolar, uma mucosa de cílios delicadamente aguilhoados pelos clarões das crias: DANÇAR uma força mucosa coloidal, uma carótida profética, uma ciranda pleural, uma musculatura de eternidades com cirandas intercostais: DANÇAR uma miríade de citoesqueletos: uma DANÇARINA ceifeira de espólios topológicos ou de restolhos ciclóides cobertos de mordeduras gravitacionais: um corpo bruxuleia e eleva-se pelas peugadas metalizadas e arqueozoológicas: uma DANÇARINA dissolve os flancos da vastidão no assolamento por baixo das áscuas doutro assolamento e os órgãos mutantes ardem de vida para dentro do desassossego onde a subtileza das hidras desvela ainda a cria nocturna através da visão compacta de um DOM sempre em cima da explicação delirante: as aurículas das mães e as ínsulas das crias giram sobre si mesmas, fazem alarmes sanguíneos, rasgam ao alto o homem que quis substituir as harpistas de Deus: as crias deslizam nos fôlegos heréticos das mães: movimentos súperos dos GESTOS transmutam as trilhas das almas com os cariopses dos esófagos invaginados pela palavra gimnospérmica (as crias espalham as melancolias da casa com o pó dadivoso dos auspícios): uma voz primitiva catapulta-se contra as ascendências obscuras das catedrais: o prodígio das framboesas é carburado nas paciências das vulvas rés às castanholas linguais, às gaivagens venosas: dizem: inervação das curvaturas faríngeas plenas de micro-raptores de minerais ou serão fervuras parturientes no vicío das abelhas? Uma bolha de sangue atinge as fiações rudimentares da formicação por meio de apertadouros gomíferos: as crias sobem pelos ombros candentes das mães e tornam-se carnaduras inacessíveis porque uma turbulência de partículas se coagula entre chusmas de contrastes: a suprema lenidade da sanguinolência exige criação de porosidades contínuas e dentaduras ardentes do espírito: uma alma germinadora de estojos de cerejais dentro do extremo vertebral: a rubidez do tempo lavrado pelos vómitos lobulares das cabeças: as palavras do corpo da DANÇARINA assimilam as sanguessugas anorgânicas e abrem-se pelo imprevisto dentro do estremecimento: as palavras constroem um rastro de fosforescências invasoras de sintomas turbilhonares, a visão intempérica da palavra estiliza o movimento sombrio do GESTO entre novos signos da phaneroscopias e uma curva de pedra procurada pelas crias: dizem: fotosferas moventes à volta das faianças das blasfémias sobre um ombro com punhos pousados nas criaturas mais ensombradas: as palavras ritornelizam-se com aradouros de signos irrefreáveis onde milhares de almas pululam cruzando forças matéricas e carnagens assintácticas, é o espírito infinito arremessado para as ventilações estranhas do futuro, é a sensação de passagens caológicas de um corpo que transpõe balizamentos por meio de sínteses dançantes do sensível, é a descodificação do freio lingual através de uma tremenda lente que capta o indizível do sangramento que já-está na matéria gótica, é um golpe translúcido da DANÇARINA a molecularizar as roldanas da fertilização com as microlesões cósmicas, é uma velocidade incomensurável das chusmas com ralentações a quebrarem as gravezas sensório-motor, é uma hesitação grávida de luzências vigorosas lançadas sobre o improvável envolvido por povoamentos de almas plenas: um olhar a pulverizar-se com o delírio das múltiplas direcções entre mamas de sangue a arder pelos dedos: o arremesso da palavra é acentrado e rigoroso, tudo se mistura na lucidez dos alfabetistas imateriais, o espírito da visão intraduzível volta-se para dentro das fomes das bestas, é uma dobra de batidas costeiras impulsionadoras de novas ventosas lávicas: os GESTOS da DANÇARINA desabam horizontalmente, perfurando as sarças da matéria com um tempo imudável entre radiâncias paradoxais e o xadrez dos ciclos uterinos: as falanges tensionadas das mães criam ritmos suspensos na estranheza dos relâmpagos que as crias geram na carne: as vozes engolfam-se nos chicotes da eternidade e absorvem as forças de hipótalamos inexprimíveis que fazem da intersecção das palavras uma geologia contra o sangue penetrado na voz: aqui-agora: a fala mistura as goteiras do tempo e se revolta através de uma respiração subterrânea (dobradura vertebral extenua-se e exige uma purificação orbitária no interior gravitacional das agulharias vérmicas): a sensação lacera-se e infiltra-se no movimento do olho da fala mais silenciosa, a volteadura da palavra do corpo das mães alcança uma mudança pura, um jorro indivisível no assombro da quase-virgulação das crias, o olho da devoração atinge o mênstruo do animal perseguido e perseguidor e revela o seu vicejo intersticial no suor uterino (um ponto de vista a devastar-se na glandulação mais pungente): há uma DANÇA inconsciente do olho acoplado à matéria acústica da palavra, há uma reminiscência das crias carregadas de futurições e de reentrâncias múltiplas ao redor das fugas verbais das mães acopladas os respiramentos da virtualidade de um arco de cabeças presas aos seixos das suas próprias diferenças: o sublime do fotograma da palavra do corpo da DANÇARINA atinge as barbatanas caóticas do esquecimento como uma voltagem de sibilas criadoras de novas dobradiças de tempo (as palavras esponjam os labiduros e as rizosferas levantadas pelas mandíbulas das hordas que quebram os significados dos nucíferos diante de uma língua bífida preciosamente adentrada no sexo: um nome de um povo torna-se insondável por detrás do fogo assimétrico dos GESTOS e uma pedra enlouquecida abre-se defronte ao exalçamento da crivagem do oblívio: o corpo ergue as pontuações dos ossos à voragem do naufrágio e com um canto debaixo dos bebedores de luzes, espalha a loucura na sua carne urdida pelos labirintos salineiros): as palavras latejam sob as faringes em declive animal, as palavras saltam nos detalhes guturais para alcançarem as limalhas púrpuras e se rasgarem desabaladamente: há finíssimos incêndios a roubarem as camadas cárneas dos paleontologistas: há mariposas a isolarem as medulas ensanguentadas das casas: o GESTO se envolve num coração de serpentes levitantes: gladíolos ressoam nas divindades animalizadas pelos holofotes dos carvoeiros: um verbo fulgura nas fímbrias de uma lavra rés ao gravame dos batentes do infinito: a labareda é a lâmina acumulada na lâmina que abre os flancos compactos da ventosidade onde os crimes pulmonares cinzelam uma romã com microscópicos espelhos curvados pelas visões de uma nadadora que se desmorona com as suas próprias braçadas: o sangue das palavras desfrecha-se contra as tranças das dores e um vaga-lume verga-se infinitamente dentro de uma animal cego: uma DANÇARINA gravita-se com as contracções das crisálidas onde a ruína flagela a ruína até alcançar um buraco sazonal: o GESTO tenta ocultar os poros da traqueia debaixo das hastes diamantíferas da DANÇARINA com o ventre dilatado contra as secagens de uma geografia por acontecer: os estalos do espírito abrem violentamente os restolhos da voz com a hemorragia de uma única rosa e um animal absorve-se nas janelas mercuriais através de uma evacuação eléctrica na boca: outro animal a fluir pela hanseníase dentro: os curtumes das feridas afundam-se na voz com cactos vertiginosos: as crias continuam a respirar de dentro das escamas das mães, comendo as suturas do cataménio para silenciarem as afinações das casas: as crias sobrevêm como mapas velozes das catástrofes das mães (as mães não amadureceram entre os ciclos da prestidigitação porque as maçãs mordidas pelas crias sobem pelas suas obsidianas com bolhas cruelmente abertas, as crias surgem dentro das subducções das mães, fazem uma povoação homeotérmica nos seus ventres): as crias com crateras de ar abiótico apertam os maxilares das mães contra a revelação do fogo ordenhado por minúsculas pedrarias e a a hiemação das bocas se arremessa até às desolações das linhas do som dos mergulhadores de transparências, as crias sugam vitrinas sumptuosamente rendilhadas pelos lacraus mamários onde um dicionário de veias se verga para dentro das coalhaduras portuárias, as crias gravam as intempéries das mães nas salmouras luminosas da língua, cravam úlceras pelo espírito fora:

                               

as durações das crias no alto das idades sem dádivas vigiam a tremulação dos gérmenes ao redor dos caçadores de mortes, as crias carregam os escoamentos de hidrargírios até deglutirem as pevides dos taninos ao cimo dos ovários das mães: bichos copulam-se impensadamente e transmutam-se em sangue onde uma palavra radiante se volta de língua em língua, renovando a vaporização dos gestos com o tempo embrionário dos anciãos: as crias contemplam as clavículas das mães, fazem ancoradouros de enxertias com os frémitos enlouquecidos das mães, as crias inauguram as vertigens dentro das vértebras das alvenarias das mães, as mães carregam penteados carbónicos das crias e pulverizam as falanges rés à morte como assopradores de vidraças cheias de combustões fecundas: as rugosidades das mães despontam nos dentes movediços das crias, estrangulam os hemisférios das claridades com os esboços fasciculados dos prodígios de quem respira ofídeas dentro de si-mesmo: as mães trazem todos os ofícios nas glândulas das crias, prevenindo as secagens com as aquiescências dos codificadores de relâmpagos, as crias lançam bigornas-mucosas para o corpo das mães com manjedouras cartografadas pelas rosáceas antiquíssimas, todas as crias desabalroam nas paredes medulares das mães, há uma incandescência a subir pelos tecidos das mãos transiberianas onde um pescoço fulmina pleno de tapeçarias salinas das crias: as mães dobram-se velozmente nas hipofaringes das alcateias, há uma cria a escavar a conflagração das bússolas que atravessam as aramagens dos tempos das mães, há uma cria alocromática a adentrar um idioma na bacilização de outros idiomas onde as mães se alastram por meio das vísceras fungiformes: as mães levantam as forqueaduras alucinadas das crias com os garrotes sanguíneos até absorverem a queimadura do leite que vem dos vitrais, as crias latejam nas fagocitoses das forragens da língua das mães onde os zincos das araduras preservam os últimos altares das salamandras, há sempre uma pústula geométrica na estranheza dos ecos das crias e as mães sabem disso, é uma ínfima arquitectura dentro da engomadeira marsupial, é uma mutilação do húmus dentro da língua, é um mineral convulsivo entre as virilhas dos polvos, é um canal da habitação a coincidir bruscamente com os espôndilos dos cães: as crias geram colmeias nos armistícios oxidados das mães e um nó de periscópios embacia a boca na boca com dilatações residuais, é uma colheita de lacerações de bagas vulcânicas rés às extensíveis fibras das crias a baterem nas esponjas vinícolas das mães com olheiras isoladoras de olheiras, tudo é nasalado pelas pedras dos recomeços dos bestiários que se afundam nas lucarnas do corpo das mães e as crias sentem as sobrancelhas urticantes das mães nos teares com aguilhões labirínticos: as mães implodem os chifres com as lesmas de hidrogénio e as crias estampam os tambores com as placentas deixadas pelos animais migratórios, quase uma suicidologia polifónica a cortar tarântulas com tarântulas, os rastos dos rebentamentos embrionários ascendem até à eternidade nervosa de um mamadouro de enxofre com halos hipnóticos: aqui-agora: os baços das crias fazem da isolação uma garatuja de doações quase-alfabéticas: a pélvis-alfaia-reluzente das mães dissolve-se nas distorções extenuadas das crias com os diâmetros das fúrculas modificados pela pigmentação das próximas pariduras: os anteparos da espelhação singram nas hibernações das crias onde os açaimes se desfazem nos ganchos caóticos das mães, as crias costuram os seus dedos nas ancas das mães, parecem hélices arrebatadas à volta das rachaduras da mesa cheia de frutos fosforescentes: as criam atam-se aos archotes centáureos das mães, pedem tutanos de febres para se ventilarem entre minúsculos cataclismos e sentidos demenciais, as crias engrenam-se nas coxas das mães, concentrando as especiarias nos faros valvulares, as crias são as artesanias, as dentaduras, os orquidários tecidulares, as porosidades arteriais das mães ou a putrefacção do tempo, as crias penduram-se nos seios ancilosados das mães, misturam-se com todos os segmentos abdominais e amplificam as apófises da fome na laringe embriônica: as crias rebentam tensionadas como protuberâncias pulmonares a fixarem um grito na boca das mães, os seus exoesqueletos incandescentes adentram-se nas ancoragens das articulações das mães até à intercalação faríngea das línguas: há uma absorção ao cimo dos pés com antenas acidentais: uma catástrofe repercutida pelas pedras em profusão e a CRIA crepita e se retorce na vertigem de uma subtileza magnética: na cumeeira de uma sombra monstruosa o grito torna-se intangível. O ANIMAL invoca-se pela crivagem da obscuridade dentro de uma véspera de cal vivíssima ou de uma pedra vertiginosa mordida por fendas das próprias crias: DANÇAR a carvoaria das palavras que se adversam horizontalmente nas distâncias incógnitas e impulsionam a escuta do real para transmutarem a traqueia das mães no inexprimível acardumado por visões microscópicas ao lado das pungências das sangraduras: as fugas ininterruptas se misturam com as ressonâncias dos sentidos (uma espessura brusca da língua): há um respiramento de combustões verbais escarificadas por exercícios da egiptologia, há uma cria a renascer na assimetria devastadora): gerar um vazio na estranheza mezozóica da triangulação dos respiradouros onde a CRIA se faz voz-archotista, se faz desterro, êxodo em riste, tecedeira grávida de ócios das barbatanas aberrantes (cantar uma noite antiga nua roseira espalhada na plenitude de um oblação animal): a MÃE-dançarina fissura-se com as distâncias cartilígenas disseminadas pelas geologias obscuras dos Samurais (a carne proclina cegamente nos espaços velozes entre as campânulas da purificação e a loucura ao alto mais detalhado dos animais): as crias ancoram as suas pinças simulacrais nas larvas dos estaleiros vivos das mães (há um grito no espesso intruso de gargantas, há um ferimento quase eterno entre as distâncias dos nervos): há um tremendo real de brotamentos bulbiformes no instante do rosto queimado por dentro, há uma ondulação géstica com fisgadas agramaticais povoadas por espirais de claridades e uma fala anónima das mães revela os seus sons emergentes das crias para se desviar dos círculos oclusivos através de línguas debulhadas por lacraus, dizem, línguas das iridescências impessoais na recente devoração dos astros: uma evasão tradutora de raptos meridionais, de antimatérias acopladas às transparências alvéolares que drenam as línguas à volta de animais baixos: as mães batalham ininterrompidamente dentro de uma revolta enunciativa, de um arco suspenso no arco que faz transbordar os foles queimados das crias: as mães fendem os trampolins do corpo com as córneas embaciadas das crias, levando-os até aos hiatos dos abcessos mais rutilantes que aquiescem os alvos não linguísticos rés à ventilação demencial, à boca terminal dos arrumadores freáticos das intempéries: há forças intrusivas a envolverem as variações da lucidez do sobressalto animal pela insânia dentro do real com passagens de sonoridades autónomas adubadas ao cimo dos escafrandros das Cavas Marianas das mães: há um acto rítmico nos GESTOS de uma geografia inalcançável da FALA ( ou o sopro magnético das especiarias a encandecerem as rasuras nas básculas-da-boca-das-CRIAS):

                                   

a DANÇARINA-mãe é um acto de mosaicos-de-fala que gera tempo demente com limiares de uma alma em antropofagia-pura: um sopro nas lobotomias da tragédia ressurge no insondável das ulcerações, adentra-se estranhamente nos gestos-com-falhas-dispersas e transverte-se num fluido anatómico carregado de vazios no meio da DANÇA abertamente sanguissedenta: tegumentos das crias mineralizam as turbulências das mães e nas elevações do caos um cântico de cabotagens excede os batimentos da morte (as hastes das casas são cantadas pelos bichos agachados no poço das luzes): DANÇAR o limite turbulento das mutilações do ar onde os GESTOS fogem do refreamento negador do corpo (as ervas das sonâncias abismam os espelhos das crias): criar sintaxes na trama dos GESTOS góticos que assimilam os cernes graníticos com os látegos das palavras dentro de uma língua com minúsculos ritmos insanos( um estoma incendeia o sangue com as frestas do vazio onde as cabeças movem a abstracção das casas por dentro e por fora dos clarões que cercam as crias): DANÇAR as cavidades da língua em riste com uma bifurcação anónima, uma errância caída na cegueira das mães com bordaduras nos extravios criadores de novas ressonâncias do real: DANÇAR os ligamentos das escotilhas minerais que decompõem as ampolas de uma língua e a iluminação do desvairo esgota-se e ressuscita-se nas bexigas de uma língua dentro de outra LÍNGUA trompetista provocadora de sensações inconscientes que fazem assimilar os musgos do invisível revolvido de securas de outra LÍNGUA que atinge a exsudação do avesso de outra língua junto às galerias do grotesco: escutar os desmoronamentos das visões estranhas de outra língua, fazendo hesitar a profusão reaparecida da língua com os ecos turbilhonares das crias a interceptarem os xistos da língua das mães ( as crias alteiam-se com membros pavorosos  a ressoarempara a frente dos cios rés aos faros da ciência): tensionar as tangências acósmicas dos saxofones larvares com as cordas ouriçadas de outras línguas que revelam a anomalia dos mastros da língua que desgrenha as CRIAS com as resinas caninas da língua das MÃES exaladoras de incêndios de estercos gramaticais: envolver as genuflexões das crias a tremularem nos drenos grandíssimos das línguas com tentáculos vitralizados pelas larvas microscópicas que saem dos dedos tecedores das mães: larvas ou cadafalsos das tatuagens sobem pelas estacas das línguas das crias até porejarem nas úvulas antracíferas das línguas das mães com lamelas virulentas e simultaneamente fleumáticas, contorcendo os golpes da desertificação em baixo de uma cúpula de fungos: crias alteradas pelas garupas equinociais das línguas mancham, singularizam as rasuras de outra língua que suscita os lapsos das crias, os guinchados, os sons inarticulados das mães( vigas inacessíveis cobertas de acendimentos bucais aproxima-se da inflamação dos roubadores de cânticos sangrando…: as excrescências dos alicerces das crias e  as clivosas línguas com enzimas metálicas levam sumptuosamente ao fundo infindável de outra línguas, as lucernas encarvoejadas das mães fendidas por irrupções cerâmicas do espessamento rústico de outra língua com a expiação brutal do oblívio: as crias emergem nos diamantes-desfocados das migrações onomatopaicas da língua das mães semeadoras de insanas ligações distendidas noutra língua que DANÇA com os bestiários, atinge musicalidades impulsivas e cosmofonias( as gárgulas vivas do espírito recebem as menstruações exaltadas das romãs):

                             

a língua das crias  despedaçam os minerais de outra língua no dentro aberrante da língua das mães que fissuram os ladrilhos das estucadoras de outra língua que eclipsa o acróstico com as agulharias da língua que suspende as escoriações animalizantes e líquidas da velocidade de uma vértebra de sal: as crias ao cimo de outra língua entrelaçam os despojos dos sazonamentos da língua com os nervosismos imprevisíveis das mães congeminadas pelos vérticies fálicos de outras febres da língua que se entranhou no dicionário analfabeto e viscoso de outra língua: acender as articulações da DANÇARINA com os provérbios compactos que modificam as plasticidades das falas da língua com o incompreensível de outra língua nas traqueias das crias: as mães sentem as trompas do desconhecido da língua a subir e a descer pelos DONS vulvares que traduzem as arqueiras indefiníveis e o inefável de outra língua por meio de pregas atrabiliosas e varejadas ao cimo de outra língua: as crias arremessam os golfos do silêncio para a voz trepadeira da língua ao redor das tramas das orgias insufladas por outras línguas repletas de tendões de escaravelhos envolvidos pelas últimas línguas das mães: crias caiadoras de fotogramas implodem e renascem nas temperaturas das fíbulas que estilizam o abdómen das línguas nas línguas abocanhadas pelas línguas das mães que apreendem os écrans dos pugilistas mutilados por outras línguas com os fólios dos bichos a trespassaram o espaço das crias impelidas pelas mutações espectrais de outra língua( extrair aos chispes a impiedade de um respiráculo em cada osso): rés ao cio nirvânico das mães, gota a gota as unhas absolutas infiltram-se devagar entre as DANÇAS dos animais, envolvendo o silêncio das vitralizações da língua nas anamorfoses das crias que fazem surgir o sentido dos eclipses na intersecção esgotada do espaço de outra língua: a DANÇARINA perfura o vigor das superfícies em mutação oblíqua e a língua rebenta nas gargantas ignoradas das mães que atravessam as costureiras da antimatéria de outra língua( uma pedra quase-inocente queima o sono): as crias irradiam nos bulícios dos paradoxos da língua plena de farpeias que latejam nas labaredas aparadoras de larvas de outra língua tatuada pelas esférulas dos exágonos inteiramente absorvido pelo animal encostado à cabeça mais alta da infância: as crias polinizadas pela língua torcida nas incisuras periféricas das mães quase em imantação vulcaniforme à volta de outra língua varada pelo óxido distólico e uma língua apinhada de clepsidras e de polimentos das esmeraldas de outra língua (deitar uma pedra ardente no azul das teias e vigiar a sombra no cruzamento dos dedos da DANÇARINA): semear escarpas nas anatomias das crias transportadas pela profundidade sulfúrica da língua dentro de uma efervescência de arranhaduras absorvidas pelas mães com colagens sulfossais nos alveários de outra língua fermentada pelas hemácias de outra língua entre os ferrolhos quadriláteros da língua botânica a ventilar um arremesso de povoações com os acúleos refluídos de um acto de fala: os contrabaixistas lapidam as pedras hipnotizadas da língua entre linfas das alcalescências e as trescalância das sibilarias das crias que estimulam as confabulações rupestres de outra língua nos geiseres das mães: derrapar nas lâmpadas dos répteis da língua com pontos halícolas nas acupuncturas de outra língua com DANÇARINAS a inovarem as respirações orbiculares dentro das turbinas pélvicas das línguas: buscar a energia acústica da língua nas crias que cruzam os mapas de retornos demenciais de outra língua nos ascensores mamários das mães: a DANÇARINA suspende assombros e monstruosidades na língua que lança abaladuras dos acasos para os poços metaliformes de outra língua, desocultando as traições, as histerias e os crimes da língua mergulhada nas carnaduras dos meteoros doutra língua ao redor das crias a esbracejarem junto aos carvoeiros das línguas( da boca ao ânus uma língua espalha o impensado por cima dos silêncios mais mortíferos, mais sinistros, mais estrangulados, mais femininos, mais vibrados, mais sazonados pelas falanges das candeias): as crias refazem as transparências no verbo relampagueante da língua copuladora das mães eléctricas que se derivam, se demovem, se distanciam e simultaneamente se abeiram dos mundos microscópicos de outra língua entoada, composta e abismada por dentro dos estábulos de uma língua que apavora os fios virginais do animal com línguas que propulsionam, derrubam, fazem cruzamentos, passadiços no tempo crónico da língua das crias: as DANÇARINAS assimilam os mosaicos escarificados pela lucidez das geotermias do real da língua que respira o espaço na golpeadura de outra língua espetada nos pulmões das mães debruçadas sobre as crias que resgatam as fracturas flamencas de uma língua: as mães esbulham as reentrâncias obscuras com a sede da língua por dentro da antropofagia das crias que avocam os auspícios a cada instante de outra língua nas vascularidades dos alvéolos voltados para as abrasaduras dos GESTOS no fundo dos GESTOS:

                        

as mães fazem da travessia da morte o encavo invertido pela DANÇA da língua embalada na boca cruenta de outra língua que esculpe a cegueira no teatro espontâneo das crias com a língua adivinhada pelas fissuras apócrifas suspensas no vazio e nas distâncias de outra língua que joga e leva o incriado ao limite da heteronímia da língua (vestir o espanto com um dos lados da casa e queimar um lugar do sono com o intraduzível das fêmeas): uma língua envolvida pelas turgescências das crias que enunciam as rupturas delirantes por meio dos arados de outra língua escrita pelas eclosões dos espelhamentos das mães que expandem o Tratado de Górgias com o crime da língua nas recâmaras dos remadores de Seláceos onde as mães se lapidam ao inverterem as patas para o sangue dos cios do esgotamento da luz: as crias encurvam-se nas raias das línguas entre fendas branquiais até ao decúbito ventral das línguas das mães que coexistem nas dobras das crisálidas de outra língua em  regurgitação: há instantes imprevistos nas cabeças das DANÇARINAS a flagrarem ao cimo do CLÁSPER da língua que escava o flagício enciclopédico com a copulação de outra língua: jogar com as palavras sangrando nos chicotes do caos e no falsário da língua à volta das bricolagens das crias que saltam já-polinizadas por falas imperceptíveis de outra língua em quase-catástrofe: fulgurar no turbilhonar das marchetarias da língua com gritos velocíssimos dentro dos diafragmas de outra língua que trespassa o inominável sedimentado da língua das crias ao evocar a ventilação intrusiva dos insectos nos quadris das mães com hemorragias de línguas na língua ao lado das mutações da orogénese vulvar: extrair a feitiçaria ritornélica da língua torcida por dentro das espirais mais purificadoras das crias que seduzem e esvoaçam o crivo compulsivo de outra língua com as fabulações rítmicas  a decompotem e reconstruirem  os ângulos movediços da língua das mães: aqui-agora: os dedos turbídicos, piroclásticos das crias captam os relances espiriformes de a língua na calorificação das mães que respiram a fraude e a contraposição de outra língua com o ciúmo do jazz, atingindo os alvos atmosféricos da língua em colisão molecular: o sangue do intemperismo vulvar acopla-se à língua e a transgeografa por meio de outra língua com as trompas siderúrgicas das mães que assaltam, combatem as abjunções do informe com a língua que arrepanha as variações intensivas das crias: uma cria mais funda bate em si-mesma com a língua plena de autonomias vaticinadas por outras crias que entrecortam as casas com bromeliários pneumáticos da língua das mães: a cria leva os espelhamentos das ondulações, dos rastros, das falhas, das elevações, das entranhas para as dobras eruptivas da língua que se rasga e refaz os detalhes germinativos noutra língua das mães: as mães percorrem a morte da língua com ultravioletas e com oblívios mondados pelos animais fendidos pelo esgotamento da outra língua que assimila a língua insânia dos libertinos, das corpulências videntes por meio da língua das mães: a cria gera geografias miasmáticas nas células axadrezadas das mães: a cria  assimila as escumadeiras vinícolas a dilacerarem as gárgulas com as línguas já-exorcizadas e  penetradas pelo tempo crónico da língua das mães que sentem a vertigem piromaníaca de outra língua repleta de rebocaduras musicais da língua alarmada pelas sombras das goelas( infitrar a existência numa laranja de fábulas): ferocidade antiga por baixo de uma língua em torno do sexo e as  entradas múltiplas da língua esmagam e esculpem as cascas ao cimo da eternidade das meteorologias das crias que levam uma zona da desumanização às cartilagens obscuras das línguas das mães, fazendo acordar as tubagens anómalas dos seios dentro da crueldade absoluta de outra língua: trilhar os recomeços das visões desviantes da língua que fortalece a linha do real animalizante noutra língua de isostasias a invadir as ceias libidinais das mães alfarrabistas: uma língua das crias com seladouros anfíbios a inscrustar-se nas dedaleiras das mães próximas aos jactos dos paleontólogos de outra língua desenhada pelas secagens terríficas de uma povoação: os estames das crias cavam uma passagem pré-vocal nas lupas musguentas da língua que se enfia nos sentidos babélicos doutra língua das mães: uma DANÇARINA alcança o invisível nas fugas agramaticais da língua que experimenta os diafragmas do trágico das mães com o impossível das crias à volta das línguas que aglomeram o diabólico dentro do impensado sobre a arquitectura de uma tremenda visão: as falas tumultuam as vértebras da língua revelada nos signos esconjurados do esquecimento de outra língua esboroada pelas crias que decifram uma cartografia do imperceptível, do intocável, do invisível ao cimo dos perpianhos das mães: as crias fazem das gretas da adivinhação uma tonalidade caótica da língua com escórias das sanguessugas nas síncopes de outras línguas atrás das respiraçõesdas mães: as crias estilhaçam as percepções esboçadas com o adverso da língua que trepida na disrupção e nos intervalos movediços doutra língua infiltrada nas faringes das mães ou serão as voltagens das mães com mudanças imanipuláveis nos canais das virilhas onde uma língua ilegível raspa-se com outra língua que se estiliza no fôlego das extremidades da língua urdida pelos tendões das crias: as mães extirpam dos gritos, das durações,  das curvaturas, das disjunções e das sombras da língua, a oxidabilidade das crias que produzem-já uma catástrofe lanceadora de catástrofes com o sangue cruviano da língua entre estrias e aglutinações de enxofres placentários onde os destroços das bocas órficas  se tornam  imagens sonoras-lúbricas da língua que faz do acto de fala os fios emaranhados das cúpulas da língua em supuração à volta dos estuários mnemónicos das mães:  então, as crias se deformam debaixo das luxúrias dos germes mais acidentais da língua espalhada nas intermitências caleidoscópicas que magnetizam as esporas incineradoras doutra língua através de pespontos sublunares das mães: uma DANÇARINA ao lado, ao cimo e ao redor   regermina na supuração da língua com as escavações das distâncias das batidas das crias obsessivas por outras línguas entre flutuações sangrentas dos pescoços maternos e as canas dos fonofilmes dos viajantes levam os nós alabastrinos das línguas até aos ruflos magmáticos de outras línguas a subirem pelas  valeiras púrpuras das mães onde as gravitações das lâmpadas testemunham as línguas que chupam os campos de força de outra língua acoplada à DANÇARINA: há uma lavoura assintáctica a fabulizar os retornos da úvula da língua que deslaça sopros graníticos noutra língua que ressalta na antropofagia auscultada pela velocidade da quase-matéria de outra língua rés às úlceras combustadas das crias: capturar demoniacamente mundos videntes à força espiritual dos hiatos de uma língua que faz das suas rasgaduras uma obscuridade inatural da DANÇA entre a língua com mapas, orquídeas e ossaturas dedilhadas pelas crias que modificaram os sintomas das mães com as vizinhanças incorporais de outras línguas a baterem nas placentas sexanguladas sem qualquer barganha: as crias derivam em profusas lucidezes movediças da língua, geram objectos do desassossego no infinito de outra língua que faz uma subducção nas falanges impessoais das mães: há uma língua debaixo das caudas laminares dos candeeiros que absorvem musicalmente o sangue indecifrável dos exórdios de outra língua com gengivas sacudidas pelos dardos das crias: as fomes cerebrais das mães escassilham as acédias da língua entre tampirídeos impensáveis e a efracção inesgotável cravada nos estertores de outra língua já-quase macerada pelas crias que não têm começo nem fim, nem origem, nem destinação, nem experiências das abjurações de outra língua porque as suas endentações vasculham meretrizes, mangações e náufragos com os instrumentos loucos do tempo dentro da arrepsia de outra língua: as crias vêem tremendamente o esquecimento cruel da língua com as caldeações das dissídias que invadem o corpo da desrazão das mães quase blindadas pelos fonopasmos doutra língua: abrir polifonicamente a eternidade molecular da língua diamantífera à derrocada das bestas que transbordam nos atractores de ínguas doutra língua que catalisa os desfiladeiros freáticos da desaparição por meio das porfias da língua na língua entre as oblações insanas da língua com tentáculos sulfúricos da indefinição a trasfegarem o espírito caológico das mães: a DANÇARINA das línguas cheias de chusmas, de putas, de crias de outras línguas é enrubescida pelas sufusões dos agulhadouros das mães com hipocentros híbridos e herbolárias a envolverem as traqueias mais resilientes: DANÇAR a língua calorífuga ao lado das temperaturas das aporias relampejantes que desdobram as crassidades imanentes das crias com as gusas metabólicas de outra língua: impulsionar a metalurgia do microcaos na saturação da língua que acelera as partículas autónomas de outra língua sob as refracções das mães:

                                 

DANÇAR as enfermidades turbilhonantes da matéria rés às cavilhas das liças da animalidade onde os espólios da língua fazem da microcosmologia uma manumissão do infinito: aqui-agora: a DANÇARINA reboca o fracasso da língua com as navalhas fragmentárias das crias à volta de enxames em fermentação: as crias hesitam cortar a plenitude da hemolinfa da língua por meio da fala imperceptível envolvida pelos casulos de outra língua com velocidade quase-coaguladas: as crias esponjam as almas problemáticas e anatomizadas das línguas que varam as forças dos sentidos vasculhados pelo magnésio da gravidade das mães: havia uma língua debruadeira de córneas de línguas religadas aos teares das imagens gangrenadas pelo tempo em cima das queimaduras das cabeças: a língua cirandava a vernação louca da língua que faz variações anorgânicas nas intumescências de outra língua recolhida pelos movimentos das crias em transmutação alucinante: uma língua carbúncula é granitizada e crivada pelas ventilações das mães que conectam as forças hidrópicas às decomposições intrusas e às artérias bióticas de outra língua com acúleos a fervilharem contra as cataratas inoculadas debaixo das adrenalinas das crias: encontrar o gótico-cristalino nas sensações hápticas da língua forjada pelos ímanes das vértebras das crias que exploram as escotilhas do esquecimento e do informe de outra língua entre os refrigérios das mães: é o comum obscuro a esculpir-se contra a diferença extraída da sublevação da língua  que se torna uma exorbitância falsária de outra língua complexificada pelas espadanas das crias: os ritmos ópticos dos aluimentos pontiagudos sobem pela exacção pulmonar das mães: as crias pluralizam matrizes nos tempos divergentes da língua que experimenta em cima do impensável novas línguas com os vincos insanos em frente a uma miriápode plena de consumações lucíferas: criar novos arrampadouros no meio abíssico da língua que esculpe um intermezzo em conexão com a estranheza e os abatimentos lodosos dos animais: entrever o excesso das babas sígnicas engatilhadas nas punções ignífugas das crias sobre os arrepios mamíferos da língua: as crias impulsionam as sedições do inconsciente dentro do arrebatamento do real que bate ao longo das combustões das veias das mães: há um desdobramento ininterrupto do acaso e das injunções da língua solevantada pelos bestiários de outra língua que muda os pontos de vista das mães com as refinarias aglomeradas das fomes ao redor das anamorfoses das crias: DANÇAR a língua em busca de escamas esconsas por dentro da crueldade diagnosticadora de outra língua que se cura na horda suspensa em frente aos écrans tubulares do esquecimento das mães: os ciscos cristalinos da língua estimulados pelas aberrâncias lipossolúveis à beira do animismo tensionado de outra língua que se dilacera com as escoaduras oblíquas incrustadas na sacralidade das crias ao alto dos detalhes mais turbulentos das mães: as crias materializam o silêncio comburente das hemácias de outra língua para assimilarem a espécie púnica, vulpina, aleivosa,  treda de outra língua que se desfaz nos assombramentos dos quadris das mães em torno das malhas autopoiéticas e usineiras do tempo mais louco de outra língua já-grávida de milhares de almas escultoras do porvir quase hidrográfico: DANÇAR uma língua que faz das voltagens cruéis das crias a imprevisibilidade de outra língua dentro das mães à volta dos candeeiros em gotejamento que transpõem as fronteiras das casas por meio das difidências alimalizantes carregadas de pulsações impossíveis das vísceras cada vez mais a gravitarem sobre as alucinações das cantarias: as crias povoam a língua que solfeja os vácuos das lavadeiras com os heterónimos da língua que não resolveu o problema da visão de outra língua porque uma duração de bebedouros milenares faz tropeçamentos centrífugos ao lado das mães que são-já uma membrana de delírios inesperados das crias com girinos extraídos aos seios de outra FALA mais terrível que a outra língua que se gera na boca dos tempos crónicos da transcodificação da língua pigmentada pelas efabulações das mães: o ritmo dos corvos que ainda escavam as magnólias inéditas da língua se actualiza a cada rasgo irrefutável, fazendo diferir outra língua nas tensões tenebrosas das crias que surgem em torno do anómalo de outra língua que irrompe do seu próprio naufrágio plena de solércias, de apêndices e de enxurros em coalescência epidérmica onde as crias eléctricas moldam os folículos zoológicos da desaparição com as falanges luminescentes das mães debaixo da língua incubada pelo estuque da boca de um eslazeirado:  as crias pousam sobre as expressões mutantes de uma coexistência climática a bater na língua fértil em anzóis cósmicos que se impregnam no hímen aiónico, sináptico da intuição de outra língua que leva a loucura das mães para a reminiscência uivante de outra língua devoradora do tempo no cristal de outra língua que se torna bruxa e puta  dentro de uma imagem com extracções minerais de outra língua sempre indefinida na presentificação directa do tempo de outra língua que revela o acronológico cinemático de outra língua relançada na catástrofe do tempo de outra língua que se se faz cérebro rizosférico de outra língua… as crias continuam a gerar línguas electromagnéticas na vinosidade da língua das mães( perscrutar uma cabeça de mapas ameaçados com o peso da nodosidade do espírito e implantar uma língua nos tecidos retirados às centelhas das crias que fazem uma baforada astrológica nos seios das mães: DANÇAR as ventosas dos bofes das habitações com as válvulas nodulares extraídas às línguas das crias com favos abíssicos a fermentarem nos óvulos das mães: há uma esponja a gravitar nos dedos das crias estranguladas pelas rutilâncias afectivas das mães sob os canais arados das línguas onde os avessos dos meteoros arrancam encavos zodiacais de outra língua com as idades daqueles chifres em electrificação contra o jorro das vidraças: ao redor de cada cometa das crias uma mãe atrai novos nervos alveolares e uma língua se engolfa e se levanta com as paixões cristalográficas à beira dos poros flexionados das leproses sempre à espreita de um crânio demencial: as artérias das crias pulsam nas suas próprias ressacas e alastram-se nas temperaturas das línguas das mães que ateiam as órbitas das funduras com o DOM metalúrgico embrenhado na crisalidação dos órgãos: DANÇAR o incêndio hipnótico das crias com as línguas talhadas pelas bocas espontâneas das mães e um espelho encurva-se até ao ânus da língua com a língua espremida pelos próprios ductos arfando; há um azulejo atómico escorado pelo pavor das mandíbulas das crias que tentam refractar uma língua na translacção do oxigénio louco das mães e uma DANÇARINA extrai a única veia turbilhonada pela violência dos orifícios da língua, a cintilação dos GESTOS é terrífica e leva toda a murmuração para as vulvas inchadíssimas pelo movimento ascensional do sangue: as línguas vibram na combustão dos GESTOS e as crias alumiam-se de cúpula em cúpula para ressaltarem ainda mais nas agulharias das mães  e uma teia brilha no dorso das mães quase estagnada pelas línguas das crias dançadas e respiradas de baixo para cima: o sangue das crias penetra nas espáduas das mães, quase se fundem e outra língua ebuliente é expulsa pelos umbigos, outro diamante volteia-se dobrado de boca em boca, de língua em língua até os ossos das crias enlouquecerem as vértebras torácicas  através de artérias mais espaçosas e uma DANÇARINA planta moventemente o sangue na entrada abíssica de uma língua prenhe de bolçadas: escorrer as línguas das vulvas na DANÇA radial, espectar a fome nos ligamentos, irradiar os forames da carnadura, juntar as fendas vasculares e transbordar as úlceras nos feixes espasmódicos nos relâmpagos inocentes das mães porque as suas veias são mapas de queimaduras arrancadas pelas próprias falanges: há sempre um crime a desvastar outro crime, há sempre uma veia a suturar outra veia, há sempre uma língua a coser-se com a outra língua e as têmperas obscuras das crias estancam-se e escoam-se simultaneamente com a propagação das unhas das mães, é uma DANÇA das omoplatas até aos diafragmas, é uma constelação jugular a alimentar uma labareda com poros de terra onde sumptuosidade de uma boca luminar é cortada por um GESTO sem começo: os cernes engolfam-se nos cernes e atingem os tendões mais altos das crias já cravadas e a luzirem no nós-duplos das mães com línguas nos fôlegos das alturas insanas da DANÇARINA: uma alucinação trilha uma alucinação com as rótulas de sangue da DANÇARINA e as veias levantam-se cheias de GESTOS incendiários, todo o refluxo se torna uma visão entrelaçada na carnagem da língua devorada pelas oscilações das crias dentro dos golpes sanguentos das mães: as crias estacam uma língua no meio do corpo das mães e tudo é levado para o extremo da DANÇA com membranas a arderem de tanto espanto: dizem que são fendas lunares escavadas pelo dorso sanguíneo da DANÇARINA envolvida pela estonteante beleza animal ou será uma áscua muscular correndo pela gravidade abismada das crias que crescem como respiradores de bolhas dentro das mães? Uma DANÇARINA eléctrifica-se célula a célula, cria a cria, mãe a mãe como um arrasto de membranas a entrar pela língua dentro, precipitando crânios transparentes que fazem vibrar as gárgulas do mundo: o refluxo ósseo da DANÇA queima friamente o espaço quase garroteado pela extracção carbónica de uma língua: aqui-agora: as têmporas das crias crispam ainda mais vivas o sangue tamponado das mães: é a DANÇA a atear a mão do mundo com os sorvedouros baptismais da loucura, é uma cria a desatar outra cria com o fôlego das mães, é um GESTO a abrasar por dentro todos os GESTOS para fazer da anatomia um sopro inominável: as crias com engenhos das feridas ininterruptas bombeiam as costuras mais compactas das mães onde as fracções traquelianas, lombares, sacrais e coccígeas se afundam e se levantam como uma hemorragia hidráulica, uma fisgada glandular nas bolsas tensionadas da língua: aqui-agora: só as mães assimilam o quase-estrangulamento das crias por dentro do assombro engolido pelas línguas: DANÇAR das fibras da aorta aos tímpanos, dos dentes às meninges, dos canais mais rápidos da cabeça ao ar que retrocede nos pés, das feridas das mães aos tecidos dos golpes das crias: DANÇAR as línguas das crias bifurcadas pelas migrações ressoantes das mães: DANÇAR uma rosa ecoada pelas moléculas luciferinas das crias debaixo das placentas esquecidas das mães: DANÇAR o que ascende à embocaduras das crias entre línguas exacerbadas pelas vozes estancadas pela nutrição demoníaca: DANÇAR o assombro à volta das sibilas das casas onde as as crias fosforejando, tornam-se as línguas coaxiais a plasmarem a única meteorologia das mães: uma DANÇA absoluta e dolorosamente zoológica aperta e abre os GESTOS contra o cataclismo que jorra da língua e de baixo para cima e de todos os lados as embocaduras das crias serão sempre um viveiro de bolhas a sugarem, a incharem os seios delicadamente monstruosos das mães: DANÇAR a ciência das crias é mergulhar na inocência abaladora da casa envolvida pelas temperaturas incógnitas das mães, ao largo da vibração do sono, um GESTO anónimo carrega os espelhos antigos das mães onde as crias sopram os cântaros com a secura dos ciclos da sede: dos ombros das mães surgem rasgões infusos das línguas que batem ininterruptamente nos estomas esfomeados das crias e a DANÇARINA tenta lapidar a convulsão com o sangue intuitivo: por trás das crias os flancos das mães tornam-se insondáveis, as línguas sazonaram-se através das demências que criaram os varais das roupas mais íntimas e a DANÇARINA arranca o seu próprio corpo e recose-o com as fulgências das crias já-confundidas com as línguas das mães: o DOM da DANÇA de intumescer-se por dentro e por fora e as cumeadas das línguas se fazem mandíbulas nos clarões mais altos das crias, aqui-agora, as mães capturam todas as lufadas das cabeças de uma vida quem vem pelas faringes dos artesãos: é o báratro miraculoso da DANÇA, é a cria a aflar o demoníaco nos astros entrelaçados nos ventres das mães, é a língua a dissolver-se com todas as escarpas pulmonares, é um animal-GESTO com bocas de esmeraldas a delirar-se com o sangue das onomatopeias: é uma cria, uma mãe, uma DANÇARINA a prefulgirem de eco em eco, de pedra em pedra, de sopro em sopro até às lavras dos bestiários acima dos cânticos da efabulação…

In livro ARCOBOLETA-DANÇAR 2020

2 comentários em “MÃES-CRIAS e uma LÍNGUA-DANÇAR / Poema de Luis Serguilha”

  1. Poema longo de envergadura… Diria até que, para além da dançarina-mãe, também o Poeta fez deste texto “um acto de mosaicos-de-fala que gera tempo demente com limiares de uma alma em antropofagia-pura”… Um colosso poético!

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