5 Poemas de Mariano Massone (Argentina 1985)

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Curadoria e tradução de Gladys Mendía

Mariano Massone (Argentina, 1985) é licenciado e professor em Letras (UBA). Ele fez parte da revista de poesia Plebella e da revista virtual de arte No-Retornable. Publicou três livros de poesia: Libro de sombras (2010), El gaucho celeste (2015) e 20 poemas malos y una canción alucinada (LP5 Editora, 2021). Entre 2012 e 2014, foi correspondente da Argentina na página web sobre direitos sexuais e reprodutivos Corresponsales Clave.


1.

Quando você vai entender,
meu amor, que não se fumam
as folhas mornas do louro?
Seu olhar é um olhar de madeira,
seus lábios são olhos de cartaz.
E eu estou louco pela lua,
pelos sapatos de Rosamonte
e pelas prisões sem luz.
Atordoado, olho a insanidade
de um mundo que desmorona.
Meus sapatos penduram de cabeça para baixo.
Erupção que corrói essa loucura,
este mês encantado e andaluz.
Quanta astúcia é necessária na sua ausência?
Quanto lençol ainda não cortado?
Nos amando em segredo sempre,
sapatos de mel no lunar.
Caneta corroída pela pressa,
azuis olhando através
dos anos eternos do mundo inteiro,
brincando de esconde-esconde sem plataforma.
Acabou, terminamos pelo tempo,
que nos toca, que nos falta,
não mais. Eu gostaria de me despedir
saltitante como um asco que relincha,
nada mais.

2.

Cortaram minha cabeça de novo
o vodu não sabe mais o que fazer
assisto C5N na TV
a canção de novo e de novo
com rima tudo pode cair
sem saber o que mais fazer
o que mais fazer.

3.

Meu sonho é
ver Maria Kodama
trabalhando no Burger King.

Meu sonho é
ver Beatriz Sarlo
lavrando os pratos de muqui.

Meu sonho é
que todos esses intelectuais
deixem o copyright
e peguem a pá
de uma vez.

4.

Uma lagarta verde
estava chupando minha barba.

Me transformei em uma planta,
me transformei em uma planta.

Fui manicure de maconha
em 23 de abril deste ano.

Me transformei em uma planta,
me transformei em uma planta.

Há cheiro de incenso em toda a casa
e ainda não fumei nada.

Me transformei em uma planta,
me transformei em uma planta.

5.

Te amo porque a rainha nacional do surubí
mandou condolências para sua colega, a rainha da Inglaterra.

Te amo porque Lilita Carrió disse que não ia
tomar a Sputnik V para defender a democracia.

Te amo porque você é como a Coca Sarlo com gosto de Manaos.

No final das contas, te amo porque amo suas loucuras de políticas de estado
delirantes como o discurso de Larreta sobre a presencialidade nas escolas.

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