Aline Rochedo Pachamama- Churiah Puri, indígena da etnia Puri, historiadora, escritora e ilustradora. Doutora em História Cultural pela UFRRJ. Mestre em História Social pela Uff e Doutora em História Cultural pela UFRRJ. Idealizadora da Pachamama Editora, (editora formada por mulheres indígenas). Participa dos Movimentos dos Povos Originários e elabora e executa projetos em prol da divulgação da Cultura Indígena. Lecionou em todas as séries do Ensino Fundamental, Ensino Médio em instituições de renome como o Cap UERJ e formação de professores. Tem experiência no Ensino Superior em Universidades como UVA e UNIMSB. Em julho de 2016, lançou o projeto “Herança Indígena, Memória afetiva e História”, da Pachamama Editora, publicando os primeiros livros indígenas bilíngues. Autora de uma série de livros na área de Culturas e Diversidade dentre eles o projeto literário “Mulheres Indígenas em Contexto Urbano-Projeto aprovado pela Lei de Incentivo SEC-RJ- Mitã Yakã Pyguá (2017) que culminou na publicação do Livro Guerreiras e do livro infanto-juvenil polilingue Taynôh. Também é autora do livro “Pachamama – A poesia é a alma de quem escreve” 2016, Morukah Puky, 2017.
contatos no instagram: @alinerochedopachamama e @pachamamaeditora
conheça a Pachamama Editora: https://www.pachamamaeditora.com.br/
Pachamama
Espírito da tarde
Filha do Sol,
Irmã da lua,
Mãe do vento,
Senhora dos Andes,
Protetora dos seres,
Em todas as suas formas.
És a vida,
A magia,
E o mistério,
o silêncio e a majestade da cordilheira,
E o som da minha alma.
Acendas a madrugada de cada dia,
Pressentida pelos
Pássaros e pelos poetas.
Acolhas o sol
Cansado e sonolento,
A cada entardecer.
E sobre ele estendas
Mantos de esperança
Percebidos pelos indígenas.
Perdoe-nos as tantas falhas, a destruição que provocamos.
Ainda somos pequenos no Amor.
Pachamama levanta-te
A natureza é tua.
Restitui sua antiga e sempre nova grandeza,
a humanidade está à tua espera,
Precisamos da tua bondade
e do teu equilíbrio.
Da tua poesia,
Da ternura,
Da terra,
Da tua Presença.
(releitura da prece ameríndia)
Arrebol de Verão
Tenho exercitado a Esperança
É a mistura do caos com a sensibilidade que me comunica soluções
É a vontade não respeitada de não fazer nada que me toma
Verão arrebol das cores
Ventos sonoros
Verão Palavras cuidadas e repletas de tempero
Um olhar que te devolve o afeto
Um desconhecido sorriso verdadeiro
Verão que tenho exercitado ser um tanto de saudade no outro
Um tanto de sal doce na boca
Um tanto cheiro de mim
Que nem é perfume
É aquilo se se chama Presença
Verão que tenho exercitado o silêncio
Para ouvir. E me lançar…
Verão no mar
Verão nos pontos luminosos do infinito
Verão a matéria do meu trabalho
Verão que a Esperança tem fome de calor
Verão festas nos dias quentes desta estação
Reflexão
Estou passando bons momentos dentro de mim
Conhecendo as células da minha alma
Ouvindo os sons produzidos pelos sonhos que se convergem aos atos
Estou inundada de sentimentos que ardem, mas não queimam.
Aquecem. Acariciando os que deleitam paz
E retirando todos que não são úteis
Os nobres permanecem
Os demais, já esqueci o nome
Todos os dias encontro meu genuíno e selvagem reflexo e nele mergulho
Sem medo do meu oceano
Feliz pelo meu universo
Eu me reconheço.