Adriane Garcia, nascida em Belo Horizonte, em 1973, é historiadora, arte-educadora e atriz. Escreve poesia, contos, livros infantojuvenis e teatro. Publicou os livros de poesia Fábulas para adulto perder o sono(2013), vencedor do prêmio de Literatura do Paraná – Helena Kolody, além de O nome do mundo (2014)e Só, com peixes(2015). Integra o site Escritoras Suicidas.
Menina de Crônica Depressão
Uma vez um peixe que
Estava dentro dela
Suicidou-se
Pulou para fora
De seu pulso
No exato momento em que
O cortou
O pessoal da casa
Chegou logo
E o costurou
À força e novamente
O peixe era alaranjado
Tinha um néon
E barbatanas de asas
Antes de desmaiar completamente
Lembrou-se de que já o tinha visto
Na batina do padre e que
O peixe significava
Uma páscoa
E outra vida.
Procissão
Deste homem cujo braço direito
Acaba de ser amputado
Sozinho, a torto nado
Espera-se regeneração
Histórias de salvação
No fundo do mar
Lázaros aquáticos
Madalenas fluidas
Cegos que
Finalmente enxergaram
Para além das lágrimas
Na água salgada
Estrelas mutiladas
Ganharam outros
Braços.
grande e essa menina, escreve, reescreve como gente grande que ela de fato é. vira a mesa das metáforas e desassossega os patrões que dominam a cena da socieade patriarcal