A origem do mundo: 17 contos protagonizados por mulheres

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Depois de cinco obras, Matheus Arcaro lança novo livro pela Editora Patuá.

A origem do mundo, de Matheus Arcaro, traz 17 contos – todos ilustrados pela artista plástica Leda Braga – e conta com orelha de Micheliny Verunschk e quarta capa de Maria Fernanda Maglio. Este é o sexto livro do autor, que já escreveu contos, poesias, romance e não-ficção.

De acordo com Arcaro, o ponto de partida deste livro foi um estudo da Universidade de Brasília, coordenado por Regina Dalcastagnè, que se transformou em livro. A pesquisa constata que os protagonistas da literatura brasileira em sua grande maioria, são masculinos – 62% são homens e 81% são heterossexuais.

“Tendo acesso a essa realidade, comecei a esboçar os contos levando em conta duas premissas: todos seriam protagonizados por mulheres e deveria prevalecer a diversidade”, comenta Arcaro. Ainda segundo o autor, a multiplicidade de mulheres em relação à idade, etnia, orientação sexual e classe social deveria ser contemplada. “Em um dos contos a protagonista é empresária, no outro é mãe solo, no seguinte é negra, no posterior é trans e assim por diante”. Como escreve Maria Fernanda Maglio, no texto de apresentação da quarta capa: “Uma costura de mulheres. Tarsila alinhavada com Eulália, Amanda, Lúcia, Adelaide, Rosa. E na mesma sequência de pontos está Capitu, Macabéa e Deus (sim neste pano Deus é mulher)”.

 Na orelha do livro, Micheliny Verunschk afirma que, com esta obra, Matheus “Arcaro toma de empréstimo o título do quadro de Gustave Courbet para apresentar uma nova ‘A origem do mundo’, com “contos que gravitam em torno do feminino. Dezessete contos com nomes de mulher, em que a divindade ganha vulva e útero, e, por que não?, uma vida comezinha. Mas, para além disso e do acidental da existência de cada uma das personagens, essas histórias retratam também suas insubmissões e insurgências. Exemplo disso é a Vênus de Milo que, ganhando voz e consciência de si, conta a espantosa história de mulheres silenciadas e de como perde seus dois braços, em uma fábula deliciosa que une roubo intelectual, violência simbólica e Sir Isaac Newton.”

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O objetivo, segundo Arcaro, é “fotografar intensidades múltiplas do feminino, expressar artisticamente, por meio da escrita em prosa, a profundidade da vida de várias mulheres”. E Matheus faz a ressalva: “Não se trata de retratar experiências, visto que sou homem, mas de me colocar no lugar do outro (ou melhor, das outras) por meio da literatura. A noção de ‘lugar de fala’, fundamental sob o ponto de vista sociológico, não pode ser aplicada cruamente quando se trata de arte, já que o trabalho do escritor é justamente ‘viver outras vidas’ a partir de sua criação”. E aqui cabe novamente um trecho da quarta capa: “Com uma narrativa sensível e habilidosa, Matheus não responde à pergunta que bell hooks faz na epígrafe: “o que é uma mulher?”. Mas certamente faz com que o leitor reflita sobre ela”.

Quem é o autor

Matheus Arcaro é Mestre em Filosofia contemporânea pela Unicamp. Pós-graduado em História da Arte. Graduado em Filosofia e também em Comunicação Social. É professor, artista plástico, palestrante e escritor, autor do romance O lado imóvel do tempo (Editora Patuá, 2016), dos livros de contos Violeta velha e outras flores (Editora Patuá, 2014), Amortalha (Editora Patuá, 2017) e A origem do mundo (Editora Patuá, 2023), do livro de poesias Um clitóris encostado na eternidade (Editora Patuá, 2019) e do livro de filosofia Nietzsche: verdade com metáfora e linguagem como dissimulação (Editora Amavisse, 2022). Também colabora com artigos para vários portais e revistas.

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