Entrevista com Alissia Benveniste: Mulheres Baixistas em Movimento!

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Entrevista realizada por Aristides Oliveira / Tradução por Denise Lima

As sonoridades que tomam o baixo como eixo central está respirando vitalidade. Depois de conhecer e publicar o trabalho da Monique Ortiz na Revista Acrobata #5, nome importante do gothic-blues norte-americano, agora é a vez de outra artista me provocar: Alissia Benveniste, uma potência que a cena do funk music contemporâneo revelou para nós. Alissia é um nome já reconhecido pela crítica como uma renovação do gênero. Na sua agenda lotada, a gente bateu uma prosa e trocamos umas ideias. Quem fez o meio de campo e lançou a bola na rede foi a Denise Lima, que traduziu pra gente a jogada.

Nascida em Genebra, trafegando entre Milão e Londres, e atualmente em Nova York, Alissia é vista como a “face do futuro da música funk” (Huffington Post). Como baixista e compositora, Alissia é “uma recém-chegada do funk com algumas habilidades graves de sinais impressionantes” (Billboard). 

[Visite o site: http://www.alissiabenveniste.com/]

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Quando você iniciou seu interesse pela música? Como o funk entrou na tua vida?

Desde criança  eu sempre  amei escutar música. Comecei  com o piano bem nova. Funk music era o que eu mais escutava. De James brown a P-Funk, Prince, Cameo Bootsy Collins e tantos outros!

Como ser mulher-baixista numa cena musical dominada pelas guitarras e pelo masculino? Que tipo de desafio você acredita enfrentar?

Pessoalmente isso nunca foi um problema pra mim. É óbvio que existem estereótipos  que as pessoas tem quando veem uma mulher com um baixo na mãos, mas sempre fui eu mesma nesses tipos de situações e apenas toco. Eu tenho a impressão de que isso se aplica a qualquer baixista, homem ou mulher, você apenas tem que tocar e assim que as pessoas escutarem a você e seu trabalho, elas irão te respeitar.

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Quais suas principais referências sonoras no funk music? Como eles te influenciaram na construção do Back to the Funkture?

Muitos tipos diferentes de música  me inspiram a compor. Escuto diversos artistas diferentes. No Funk Music, mais especificamente, eu admiro: George Clinton & P-Funk, Bootsy Collins, Larry Graham & Graham Central Station, Sly & The Family Stone, The Time, Prince, Ohio Players, Cameo, the Bar-kays, Herbie Hancock, George Duck e a lista continua…!! Tudo o que eu escuto vai me inspirar a escrever e isso tem influência na minha escrita, com certeza.

Qual o diferencial você busca no seu trabalho, a partir das experiências que você construiu com os clássicos?

A escrita de todo mundo é diferente, de algum modo. Sinto que minha música reflete minhas experiências de vida e aquilo  que escuto. É claro que meu trabalho possui vários elementos de Funk Music mas eu dei a ele o meu toque e ponto de vista. Tem sido incrível ter Bootsy Collins como mentor, ele me impulsiona a dar o meu melhor todos os dias. Definitivamente, sou muito feliz por conviver com os grandes!

Como conciliar sua agenda de shows e os estudos musicais?

Quando tenho muitos shows, evidentemente, tenho menos tempo para realmente praticar, mas quando eu estou compondo ou gravando no estúdio sempre acabo tocando/ praticando. Como uma musicista, é muito importante equilibrar todos esses aspectos.

Depois da explosão de visualizações do seu vídeo Let It Out, que planos você traçou em virtude da rápida difusão da música? Como você comentou à Jessica Kane, não houve um planejamento prévio. A partir daí você sentiu que seu trabalho poderia ir além do imaginado?

Absolutamente! Eu nunca teria imaginado que o vídeo “Let it Out” pudesse ter mudado minha carreira completamente. Antes disso, eu não tinha um projeto, eu era apenas uma baixista e compositora! Sou tão grata por tantas pessoas terem gostado daquele vídeo e da minha música. Isso me inspirou a compor mais e a começar um projeto, o qual eu fiz.

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Que artistas mulheres você busca se inspirar na composição de suas músicas?

Vários artistas me inspiraram a escrever. Em relação às artistas mulheres eu amo a música de Chaka Khan, Joni Mitchell, Meshell Ndegeocello, Lalah Hathaways e muitas outras.

Com as redes sociais, Youtube e Spotify, sua música alcançou o mundo inteiro. Às vezes o impacto que a internet provoca é uma devastação positiva, pois o som ultrapassa as fronteiras da nossa expectativa. Você tem ideia de como seu trabalho está sendo consumido na América Latina, principalmente no Brasil?

 Eu sou muito grata por minha música ter tocado tantas pessoas e receber esse feedback de todos tem sido incrível. Isso me inspira a compor cada vez mais e me impulsiona a trabalhar mais ainda! Na verdade, eu nunca estive no Brasil, então eu não sei quantas pessoas curtem minha música, mas espero que gostem dela.

Fala um pouco da sua formação acadêmica e qual a importância do baixo no seu processo criativo.

Eu comecei tendo aulas de piano ainda muito cedo. Depois disso, comecei a tocar baixo, mais tarde, quando eu estudava música na Universidade de Música de Berklee. Estudei baixo, produção e engenharia musical, composição/arranjo. O fato de o meu primeiro instrumento ser baixo afeta, definitivamente, meu processo criativo, quando se trata de compor minha própria música. Eu gosto de começar com uma linha de baixo…às vezes, também começo com ideias de letra ou com um conceito, mas em relação a compor música o baixo sempre tem um papel importante.

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