Vozes do Punk Vol. 16: Fofão e a história do anarcopunk em Teresina (PI)

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Por aqui, o punk não se resume apenas a letras de protestos, sonoridade pesada e estética visual, mas da militância que lutou pelo direito a moradia, numa área marginalizada da cidade: Vila Irmã Dulce, terceira maior ocupação de terra em área urbana do país. Vozes do Punk vai contar pra você a história desta ocupação articulada entre Grupo de Estudos Anarquistas (GEA), Federação de Associações de Moradores e Conselhos Comunitários (FAMCC) e Pastoral da Terra.

Eles mobilizaram uma multidão de pessoas sem condições de comprar uma casa a garantir o direito por um teto. Fofão, militante anarquista, foi peça chave para uma geração de jovens politizados se engajarem nessas ocupações no final dos anos 90, o que chamou a atenção de vários jornais pelo Brasil e grupos internacionais. Fofão conta essa história, misturando sua leitura política sobre aquela época e os caminhos que traçou para continuar seguindo firme no tempo presente.

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Fofão: Aqui em Teresina, na minha época – saindo da década de 80 e entrando nos anos 90 – a gente começou a ter afinidade. Eu era aluno da Escola de Música de Teresina e comecei a conhecer a turma que estava pegando aula também e nos entrosamos. Nessa época a gente se correspondia por carta. Aí lancei algumas cartas para ver algum tipo de interesse de alguns músicos e aquele fluxo de informação começou a chegar com o pessoal do Sul do país, como o Ação Coletiva, um grupo anarquista de lá e na época. Em Teresina, a gente tinha a questão da turma Suburbana.

Essa turma começou a se identificar. A gente se encontrava em alguns shows por aí, mas com bandas elitizadas e a gente tinha outro conceito. Quando comecei a estudar sobre anarquismo, correndo atrás de livro, eu achava que não tinha ninguém interessado em Teresina. Nos shows conheci uma galera no [bairro] Mocambinho que tinha esse mesmo pensamento, mas não tinha material: livros, revistas e periódicos. Comecei a fazer um periódico, o Despertar Anarquista, um trabalho de pesquisa sobre o movimento. Quando comecei a lançar para algumas pessoas, elas começaram a reproduzir: “teu periódico é muito massa mesmo!”

Começou esse envolvimento e eu conheci a turma: “rapaz bora fazer um grupo de estudo”. E aí todo domingo a gente começou a se reunir no Mocambinho.

Aristides: A partir de que ano?

Fofão: Em 90 o negócio explodiu. As turmas começaram a se organizar e também e ampliamos o leque. Tivemos visibilidade internacional, mas no grupo tinha muito doido também né?! Uma turma com conceito de revolta, mas quando tomava uma cerveja… Acabava a revolta. Não tinha a questão do sentimento. Só uma febre explosiva de revolta. Comiam uma comida melhor, vestiam uma roupa melhor… Eu acho que tinha um sentimento de revolta e aí a questão do grupo de estudo foi só canalizando pra gente entender o que estava acontecendo.

Aristides: Quem são essas pessoas iniciais que tu começou a agregar no projeto de estudar anarquismo?

Fofão: O Bal (do Mocambinho), o Carioca, tinha o Elanderson… O início mesmo foi o Bal, Marquinhos, Pitanga, Eder. Esses caras são o início. Foram pra estudar. Passei o material e a turma começou a correr a atrás, ter mais material. Pelo Despertar Anarquista, a galera já tinha meu periódico, parecia um jornal. Descaracterizava do movimento punk, cheio de figura, essas coisas… Era um negócio bem organizado mesmo, desvinculado do movimento punk. Nesses estudos sobre anarquismo veio juntar o movimento punk, que eu não concordava. Achava muito disperso.

Aristides: Disperso em que sentido? Qual era sua discordância?

Fofão: Minha discordância era: muito radicalismo e pouca ideia. O movimento punk, se a gente for colocar ele no meio militar, era a turma que ia para a bagaceira da infantaria. Não era a turma que trabalhava a estratégia.

Aristides: Como você se considera nesse meio?

Fofão: Me considero parte do movimento anarquista.

Aristides: Qual seria a diferença entre o punk e anarquismo?

Fofão: A questão do objetivo. O anarquismo está trabalhando a mente das pessoas. Conversando com a turma do Ação Coletiva: “a gente está aqui para mostrar organizar, não estamos aqui para ir pro confronto”. Não era um movimento do “vamos tocar fogo não sei o quê”. Meu amigo, para você fazer a revolução tem que ter dinheiro. Quem tem dinheiro aqui? Então tinha uma galera “pipoca”, mas eu não criticava muito porque o entendimento já valia alguma coisa. Convivi com essa galera, mas achava o seguinte: “Não vai muito longe. Não vai ter alcance”. Alcance só por causa das músicas, aquele negócio… Nas bandas, o estilo do Evidência era diferenciado dos Ingovernáveis, que era mais punk mesmo, explosivo nas letras. O Evidência não, a gente queria passar uma mensagem para as pessoas pensarem.

Juntei uma turma rock and roll, mas que não era doido e fazia a crítica de forma tranquila. O estilo do Evidência era mais trabalhado, colocávamos outros estilos como o ska, enquanto o Ingovernáveis era podreira mesmo. O Evidência durou pra caralho. Fizemos muitos shows. Teve um mascote que era um bode (risos)! Uma coisa bem nordestina mesmo.

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Com o Dionísio (integrante do Evidência) montei uma cooperativa. Juntar os instrumentos e equipamentos de todo mundo, arrumar um lugar para ensaiar e todo mundo paga. Isso foi explosivo, porque a gente tinha a semana lotada de ensaios. Fizemos um festival para misturar essas porcarias que a gente tá fazendo aqui pra ver o que é que dar. A gente pediu o [bar] Elis Regina e o festival foi sexta, sábado e domingo. Tinha tanta banda no estúdio que ficamos preocupados: “será que a gente vai ter horário pra esse povo todo tocar?” Aí disse pro Dionísio: “a gente começa 7 da noite e vai até às 2 da manhã (risos)”. O estúdio era no [bairro] Marquês.

Aristides: Uma hora você falou que foi para “shows mais elitizados”…

Fofão: Rapaz era aquela turma da zona leste. Megahertz, Scud, queria ser underground, mas não era… Monasterium. Teresina tem disso daí, tem uns tempos que a cena começa a inflar, mas depois tem um movimento contrário. Volta ao mesmo tamanho que era.

Aristides: Qual a relação entre o Grupo de Estudos Anarquistas (GEA) com a Vila Irmã Dulce?

Fofão: A gente conheceu o Chiquinho Garra, que tinha visto um periódico meu. Topei com ele no Centro e a gente fez uma visita à Vila Irmã Dulce. Ele propôs fazer uma ocupação. Fizemos um primeiro movimento na BR-316 pra ver o que dava. Tem uma turma da Federação de Associações de Moradores e Conselhos Comunitários (FAMCC) na época – a Lucileide Barros era presidente – que soube e chamou: “olhe, vamos tirar esse pessoal daí e vamos fazer um movimento maior”. Demos um tempo, estava cansado e falamos com essa turma da FAMCC. Depois disso, ela marcou uma reunião, falhou. Conversei com a turma e fomos lá fazer essa reunião. Nos juntamos com eles, vimos a proposta e topamos. Manda o povo todo pra fazer o cadastro. No dia que foi marcado a ocupação teve umas reuniões com o povo. A gente tem que dar um up nesse negócio. A gente precisa se caracterizar porque estamos divulgando o movimento anarquista. A gente criou uns lenços, porque ia ter poeira e a turma começou a usar. Nas reuniões deu muita gente e “acho que vai dar show lá”.

Preparamos uma logística pra ver se dava pra aguentar pelo menos uma semana no local. Eles (FAMCC) não tinham o conhecimento que a gente tinha e se embananaram para distribuir o lote. Aí o GEA propôs medir [a terra] porque eles eram desorganizados. No dia da ocupação, como o GEA tinha feito à logística, ficamos num local separado com comida, água, tinha tudo. E eles não, ficaram soltos “feito doido”.

Montamos uma estratégia para medir esses lotes e entrega de senhas. Criamos uma espécie de barbante (o lote era 10×20) que tinha 60 metros. Pintamos as pontas, pegamos quatro pessoas, que ficaram enquadrando os lotes. Criamos essa metodologia para avançar a entrega dos lotes para as pessoas fazerem suas casas. Criamos outros grupos para ajudar na organização.

Quando a prefeitura apareceu com a equipe de topografia e viram o que a gente estava fechando a quadra, a rua, eles se assustaram: “rapaz isso aqui é uma ocupação diferente”. Até aquele momento, as ocupações de Teresina se construíam de todo jeito. Sinônimo disso é a Vila da Paz, as ruas todas incertas, uma bagunça. E na Vila Irmã Dulce não: é quadra a quadra, rua a rua. A gente tirou a avenida principal, que era a mais larga de todas e fechamos as quadras e ruas. Pelo nível de organização começou a explodir de gente.

Aristides: O que você lembra sobre a repercussão da imprensa? Como ela divulgava isso?

Fofão: A imprensa ficou com medo por causa da quantidade de gente e a organização que estava lá. Causou um fuxico no meio político de Teresina. O Cleber Montezuma [Secretário da Empresa Teresinense de Desenvolvimento Urbano – ETURB – na época] nunca tinha visto o negócio e ficou assustado. A polícia chegou lá e viram a gente passando com a cara coberta, porque o negócio era diferenciado. Por chamar muita atenção em Teresina, a imprensa foi em cima.

A gente não se metia na parte externa e não dava entrevista, porque o objetivo era fazer o trabalho. Quando tiver pronto, a gente cai fora. Quem dá entrevista é a FAMCC. Repercutiu no Brasil todo. A turma do PT de Teresina começou a frequentar porque estava repercutindo e eles tinham que ter (achei compreensivo depois) sustentação do movimento em si.

A única entrevista que a gente fez foi pra Folha de São Paulo. O Meio Norte comprou a matéria da Folha porque a gente não dava entrevista para a imprensa de Teresina.

Aristides: Qual era a justificativa de não dar entrevista local, mas falar com a de fora?

Fofão: A Folha veio através de um contato nosso. A imprensa de Teresina, a gente não falou porque já é daqui. Falar com a imprensa daqui ia ter aquela questão da conotação “ah, eu conheço fulano”. Até então, as pessoas não tinham noção do que a gente era.

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Aristides: Era uma questão de rixa com a imprensa local?

Fofão: Não, uma questão de defesa. A gente tá aqui e todo mundo sabe quem é tu.

Aristides: Como foi a relação do GEA com a FAMCC?

Fofão: Conturbada. Na época, a gente tinha um entendimento político muito radical. A turma queria ter o voto. Tinham pessoas nossas que queriam combater candidaturas. Eu ficava: “rapaz, é o sistema e a gente tem que conviver com ele até onde der”. A turma, às vezes, nesse meu discurso, achava que eu era liberal demais. As pessoas têm o direito de ser idiotas. Tu não pode tirar esse direito. As pessoas têm o direito de adquirir conhecimento, mas também tem o direito de: “eu quero ser idiota”. E aí? Não é verdade?

A FAMCC foi uma ONG criada pela Francisca Trindade [PT]. Ela tinha esse interesse político. Estava lá Wellington Dias, Flora Isabel, Trindade e a turma ficava na defensiva. E eu achava que a turma ficava se marginalizando. No meu caso, fui me entrosando. A turma do PT achava que a gente era muito radical, mas eu dizia: “rapaz, é uma questão de reação”. Participamos de algumas atividades do movimento sindical na época do arrocho do Fernando Henrique Cardoso.

Aristides: Até onde o GEA chegou? Qual foi seu momento de ruptura? Como você se organizou a partir da dissolução do grupo pra frente?

Fofão: O problema do GEA é que a gente estava indo para outro rumo. O negócio estava ficando grande. Muita gente chegando e preocupando as autoridades. O Exército Brasileiro e a Polícia Federal começaram a fazer investigação sobre a gente. A gente começou a se reunir com a rede do Ceará, São Luís, Pará e criar um comitê pró-zapatista para arrecadar dinheiro e mandar para a guerrilha no México. A dimensão do GEA estava muito grande e a turma estava preocupada.

Muita gente de fora interessada no GEA, como o Timothy, um cara que fiz amizade da Alemanha. Ele fazia parte de movimentos ambientais e queria saber as estratégias que a gente usava para levar pra lá. A gente conversou muito por um ano. Recebemos uma turma ligada ao Sendero Luminoso, um grupo guerrilheiro do Peru. Mandaram um cara – o Alejandro – do Chile pra cá. Com isso, o GEA teria que mudar de patamar, porque nessa organizaçãozinha que criamos não fecha nesse negócio não.

Recebemos uma turma de Washington, os zapatistas começaram a fazer contato. O negócio agora vai ser outro. E aí? Vamos encarar?! A turma ficou naquela… Eu vi que começou a ter… Não era desgaste… A turma começou a procurar seu rumo de vida. Não quis mais estar no movimento porque o objetivo da gente era consolidar a Vila Irmã Dulce. Depois a gente resolveu seguir a vida.

Alguns começaram a dar aula. Eu vendo isso decidi continuar a militância e entrei no PT. Passei 12 anos na militância política e ainda estou. Faço parte do PT e não deixei a militância.

Aristides: O GEA foi perdendo força no começo dos anos 2000…

Fofão: Foi. A turma ficou com medo de ir pra frente. Na época da Folha de São Paulo, a gente estava com a definição: “E aí? Nós vamos pra frente, pro pau, ou dá um tempo pra todo mundo pensar?” Naquela época do Fernando Henrique – ápice do GEA – ficamos sabendo de uma turma do Partido da Causa Operária (PCO), no Sul do Brasil, que ia treinar entre a Amazônia e a Colômbia.

Algumas pessoas eram só “febre”, outras não, mas se a turma tivesse tido um direcionamento e “vamos pra cima”, acho que a história hoje em Teresina seria totalmente diferente. A gente tinha a capacidade pensar a logística, tinha as pessoas e eles o dinheiro.

O Demetrios e Dante tiveram contato com a turma zapatista e fizeram uma reunião no GEA: “rapaz vocês estão querendo mudar o nível do negócio” (risos). Aí já ficava sério mesmo. Cheguei a fazer depoimentos na Polícia Federal e eles queriam saber o que era o movimento, porque me identificaram numa manifestação e fui chamado pra depor. A turma ficou de olho na gente. Notei que a gente estava sendo investigado e a turma começou a se dispersar. Todo mundo cuidando da sua vida e eu fui encarar minha militância política na Vila Irmã Dulce.

O que eu acho de hoje em Teresina? Do jeito que está os movimentos não voltam mais naquele pulso que tinha. Primeiro, por causa das redes sociais, que tem uma capacidade muito grande de convocar, aglutinar, mas também tem uma capacidade de dispersar. Naquela época, as coisas pejorativas contra os movimentos demoravam a chegar à opinião pública.

O que a gente contribuiu para Teresina foi garantir propriedade para cerca de 3000 famílias. O que valeu foi isso aí. Nós, do GEA, estávamos mais democrata-liberal do que anarquista. A gente veio socializar terra.

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Aristides: Isso aí é interessante… Polêmico.

Fofão: Polêmico! (risos) Eu acho que a gente fez um trabalho social-liberal.

Aristides: E onde é que entraria o anarquismo, já que você se posiciona nessa perspectiva?

Fofão: Pela questão da filosofia. Estávamos estudando muito Proudhon e questões cooperativas. Se você vê essa questão profunda do anarquismo, pode-se dizer que foi a pedra do capitalismo. Os anarquistas, na época, eles conseguiam pensar os hipermercados de hoje. Eles pensavam o seguinte: “olhe, os trabalhadores têm que se juntar com os agricultores e criar um galpão pra todo mundo vender seus produtos”. Isso não é um hipermercado hoje? O anarquismo deu muitas bases para o capitalismo de hoje. Se você lê Proudhon, ele dá muita indicação do que é o capitalismo hoje.

Aristides: Na tua fala, você praticamente não citou a palavra “punk”. Quando ouvimos falar do GEA, do anarquismo, de questionamento ao sistema, a palavra “punk” entra como uma expressão – talvez – mais fácil de citar ou seria generalizante na compreensão do processo histórico? Como você faz essa leitura? O que seria esse “punk” pra ti?

Fofão: O punk está envolvido numa questão cultural. Uma cultura de um movimento de luta. Sou fã de música punk, mas tem muito anarquista que não curte o movimento punk. O punk é mais a expressão em si. O movimento anarquista vai para o lado sério da coisa. São dois eixos.

Aristides: Quem é o Fofão do GEA e o Fofão de hoje? Qual é o diagnóstico?

Fofão: Uma coisa que me arrependo é que eu deveria ter estudado mais anos atrás. O problema do movimento é que a gente doa a vida triplicada. Se você tiver que morrer lá, você morre. Doa a vida emotiva e social. No GEA, a gente ficava lá, largado, sem banhar, comia o que tinha… A turma cansou. Hoje consigo entender. Hoje tem integrante do GEA que é capitalista, professor, outros são concursados. O GEA serviu de aprendizado pra eles até onde você pode chegar.

Se eu tivesse tido um papel de liderança para avançar e radicalizar, acho que a turma teria ido, mas tem a questão da responsabilidade. Os grandes movimentos de luta acontecem por causa da liderança. Não adianta. Quando a liderança recua e fica aguardando o grupo se definir, ele se dispersa. Tu pode colocar como análise em vários movimentos de luta que teve no mundo. É geral. E eu aprendi isso aí.

Acho que tô cansando (risos). O Fofão de 98 era um cara que tinha pique, não cansava, aguentava um dia sem comer. O Fofão de hoje, se passar 5 horas sem comer já escurece a vista! (risos) O Fofão hoje está pensando mais na questão de conhecimento e como melhorar profissionalmente. O Fofão de 98 nem queria saber disso, nem tinha RG. (risos) Que mudança louca né?! O Fofão de hoje se estressa com a Receita Federal, mas o Fofão de 98 não se estressaria, porque ele já teria quebrado tudo! (risos)

Existe uma adaptação. O Fofão de hoje tem embate com os movimentos de ocupação, porque esses movimentos estão marginalizados. Não tem filosofia, estão industrializados. O movimento de ocupação acabou. O objetivo de uma ocupação é ver um patrimônio grandão e inserir um pobre que não tem patrimônio lá para adquirir o dele. Hoje, um cara tem patrimônio e se organiza pra entrar em outro patrimônio. Para acumular. Em 98, a ideia era: quem não tinha… Ter. Hoje é: quem tem, acrescenta mais um percentual em cima.

Hoje eu sou a-movimento de ocupação nesse perfil. É muito mais produtivo uma pessoa que não conseguiu um imóvel, a gente correr atrás de recurso para ele conseguir. Não tenho mais a visão apaixonada dos movimentos de ocupação hoje está resolvendo o problema do povo pobre.

Aristides: Hoje você trabalha na Agencia de Desenvolvimento Habitacional (ADH). É como se tua trajetória tivesse uma continuidade…

Fofão: Quando fui para o PT, trabalhei no movimento com o presidente Lula na construção de habitação. Melhorar a moradia das pessoas. Com esse desempenho entrei para a Agência de Habitação em 2006 e estou até hoje. Foi à visibilidade do trabalho executado. Não saí da minha linha. Trabalho com agrimensura de terra.

Aristides: É como se o GEA estivesse em andamento…

Fofão: Exatamente. A coerência é terra e moradia. Não sai do GEA. É uma coerência em si.

Aristides Oliveira (Revista Acrobata) e Fofão.

A continuação dessa história está no volume 21, encerrando a série Vozes do Punk.

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