MÔNICA LIRA: uma RÉ-existência voltada para o CAPIBARIBE do mundo

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LUIS de SERGUILHA. Nasceu em PORTUGAL. É poeta, ensaísta e curador de ARTE ibero-afro-americana. FALAR É MORDER UMA EPIDEMIA, OS ESGRIMISTAS DO À-PEIRON e ACTRIZ ACTRIZ o PALCO do ESQUECIMENTO e do VAZIO são os títulos dos seus livros mais recentes. Criador da estética do LAHARSISMO. Os seus ensaios envolvem-se nos atractores estranhos que atravessam o corpo-arte-pensamento.

Crédito das Fotografias : Ivan Dantas e Rogério Alves

Foto Serguilha Crédito: Carla Barroso Coelho


MÔNICA LIRA assimila a aceleração dos devires da DANÇA feitos de entreteceduras de sensações, de irrupções de travessias, de forças expressionistas para RÉ-existir, problematizar e singularizar pontos de vista em composição indeterminada porque RECIFE nunca está pronto. MÔNICA descodifica a cidade com velocidades abstractas da matéria envolvidas pelos vigores rítmicos impulsionados pelas heteronímias que livram o CAOS, fazem pervagar o CAOS, as vertigens, os delírios, as histerias provocando simultaneamente a deformação e as ondas intensivas imperceptíveis onde coexistem todos os tempos, fazendo vida acontecimental por meio da musicalidade dos gestos: aqui-agora: o impensado surge para reforçar a metamorfose dos sentidos inéditos.

A CIDADE simultaneamente constitui a BAILARINA e a metaboliza com os seus movimentos vivos e estranhos, construindo mapas múltiplos e entrecruzados por RITMOS das renascenças sígnicas em desaparição que tentam disjuntar imagens sonoras, desvelar as traições do real dentro da DANÇA da carnagem GÉSTICA onde as expressões fabulares fazem da escuta do corpo-entre-corpos uma fuga de transparências invertidas, uma afecção inesperada e inominável.

MÔNICA dança o infinito do vazio com gestos, sangues, vértebras povoadas de espelhamentos e de vibrações ínfimas que se misturam no animal-disruptivo-em-si.

MÔNICA dança o CAOS com diferenciações rítmicas para conquistar liberdade, se transmutar e gerar múltiplos tempos ou tempos com outras dimensões sensíveis entre acontecimentos incorporais e linguagens finitas de um mundo incomensurável. Mônica envolve RECIFE com as pulsações da duração e faz do seu corpo um movimento infinito, uma voltagem intervalar e imprevisível, uma transbordância da diferença: o corpo de MÔNICA é modificado estranhamente como uma força vertiginosa, descentrada a antecipar o mundo por meio de rasgaduras anorgânicas e de lances compositivos infiltrados no sentido mais próximo da matéria turbilhonante.

A DANÇA para MÔNICA LIRA é uma gradação insaciável, uma intensidade divergente que submerge nas velocidades dos sublimes, é um lance existencial dentro dos interstícios medusantes, convulsivos que agitam as distâncias contíguas e espalham abjunções do solo em processo complexivo: é um manguezal gerador de tempo, é um risco de vida a compor singularidades, é um combate de si-em-si entre fundos de tempos delirantes e forças inexplicáveis, é uma experimentação integral, é uma correnteza aberta, são linhas de fuga acontecimentais, são fiandeiras do impensável que potencializam uma questão: o que queremos fazer com a nossa própria vida? MÔNICA LIRA faz dos atravessamentos estéticos, uma força catalisadora da durabilidade dos instantes, produzindo diferença inventiva em si própria. MÔNICA vem e vive da improvisação do mundo: do seu corpo surge uma animalidade intensificada pela incessante insurreição estética que nos faz sentir que a DANÇA não é produzida pela razão-superior-reconhecida do humano: a DANÇA é CRIAÇÃO do devir-nómada-animal que absorve micromovimentos enérgicos procedentes do abissal, do infinito, do cataclismático, construindo passagens de expressões enlouquecidas por meio de campos de atractores de afirmação da diferença.

DANÇAR a CRUELDADE de RECIFE é transmutar-se por meio de uma assombrosa força sígnica e por criações de fugas femininas envolvidas pela RÉ-existência que exige uma ARTE da diferença, uma obscuridade latejante de linguagens, fazendo da BAILARINA uma travessia de espaços escutados pela vidência: aqui-agora: os intermezzos dos delírios ritornelizam-se através de pensamentos intensivos, de fabulações e de gestos abertos ao futuro por meio das fricções do impensável e dos entrecruzamentos de um devir topológico: as forças do corpo envolvem-se em distâncias indecomponíveis, forças que agem sobre outras forças, fazem RÉ-existência, recebem os afectos supralógicos de outras forças em variação, recuperando o ANIMAL do HUMANO como um povoamento em revolta dentro dos gestos vadios intensificados pelos sentidos que sobrevêm já-em-si através de relações de forças inocentes, cristalinas, moleculares buscadoras do subtil de uma memória-futurível que se ressexualiza, se ritmiza com o espírito gerador de tempo puro, de tempo histérico, de tempo crónico, de itinerários anómalos.

DANÇAR RECIFE e o mundo com espírito que faz cruzamentos de forças geradoras de durações vertiginosas: um espírito de reviravoltas com razões ardentes, disseminam signos onde o CORPO DA BAILARINA tensiona as geografias adjacentes do impessoal entre decifrações aberrantes que fazem compreender o sentido trágico afirmador da vida, o sentido com duplos desvios, enfrentando as forças avassaladoras de RECIFE, o sentido que poderá ser inédito e inventivo a qualquer momento, há sempre forças rítmicas em ressurgência.

O corpo de MÔNICA é uma tremenda vazadura do tempo pleno de almas germinativas, de prismas resplandecentes, de almas estilizadas por vigorosas mutações que impulsionam pontos de vista vesânicos e problemáticas do pensamento dentro do pré-babélico inexaurível onde o inesperado do real escoa forças geradoras do aformal que fazem dançar o indecifrável do espaço. A crueldade do sensível perfura o corpo de MÔNICA repleto de níveis acentrados, barrocos, góticos: uma estética misturadora de materiais fora das significações humanas, porque MÔNICA se torna outra para fazer outra através de linhas artistas que arremessam as forças espirituais para a memória-ontológica, violentamente ínfera que assimila o inatural e a geografia da LOUCURA como uma testemunha de RÉ-existências, de marchetarias feiticeiras que anarquizam, derrubam o sensório-motor através do impensável espalhado por todo o CORPO da BAILARINA como uma experimentação animalizante arrasadora de qualquer reflexão recognitiva. MÔNICA produz uma DANÇA não orgânica, renova sintomas, tricota o vazio, diagnostica a CIDADE, extrapola o empírico, absorve a INSÂNIA impregnada nos pensamentos já-envolvidos pelo inconsciente de um real por vir onde os mundos de hiatos imanentes intensificam os seus gestos, as suas epidermes por meio de uma germinação de riscos, de ritornelos que acolhem o jogo caótico e acedem ao indefinido por meio dos sentidos com variações musicalmente cruéis: escapar ao PODER.

A ÉTICA de MÔNICA é uma força que atravessa os afectos delirantes onde não há intencionalidades  coreográficas, mas vontades de criar personagens estéticos, conceptuais, construir novos ritmos, novos rumos para as ALMAS vadias que impulsionam o vidente, o anómalo, o tempo puro, o devaneio, tornando visível o oculto porque as coreografias  nunca atingem o rigor do actos-de-DANÇA que as envolveram, nenhuma COREOGRAFIA alcança o intensivo e a singularidade  que trespassam as energias compositivas que impulsionam o corpo-DANÇANTE por isso, MÔNICA mergulha no geometral, no agramatical, que é absolutamente real e invisível, é um “ ele-sem-rosto” abstracto, errante, um cartógrafo de abismos, um receptor de forças vivas-anorgânicas, um assimilador de problemáticas estéticas-éticas que exigem o pensamento-impensável por meio da decifração, da experimentação, do estranho, do desconhecido, libertando-se das FORMAS, do PODER porque a DANÇA liberta o TEMPO do movimento e revela-capta signos, transformando-os em qualidades da diferença dentro dos movimentos sensíveis como topologias dúcteis, abertas a intensificarem mapas sem origem nem chegamentos: estamos perante um corpo esquartejado de DIONISIOS-DANÇARINA, um corpo que experimenta o tempo aiónico, um corpo com uma miríade de rasgões sinápticos em fulguração fora do ser-mundo-recognitivo, das formas do intelecto, da memória-passadista e da percepção classificadora: é a errância religada às cesuras do tempo em linha recta que fazem variar o corpo de MÔNICA dentro do mundo em alomorfia.

MÔNICA DANÇA os intensivos encontros de RECIFE, da estética-ética imanente porque vaza o desassossego, assimila, absorve( esponja) a estética do acontecimento, vive a vida-feiticeira numa relação de forças dos materiais e dos afectos que absorvem e experimentam a voltagem existencial, construindo, bosquejando espaços inobjectiváveis, vibráteis: topologias de contradições inultrapassáveis e de vida que nos fazem sentir o extremo, o impensável e o infinito em cada olhar-GÉSTICO.

O CORPO de MÔNICA é escarificado pela memória-cidade, mesclando códigos por meio de reencontros de diferenças que impulsionam uma prática fabulatória, pondo o dentro e o fora em contaminação, uma recomposição entre vida e ficção: estamos defronte aos traçados dinâmicos das RÉ-existências que nos fazem sentir as forças dos espantos do traçado da vida, os vicejos criadores de mundos, de prismas, de angulações, de ritmicidades, sim, zonas vivificantes, movimentos de extrema vitalidade fora das verdades instauradas, dos solipsismos incomportáveis e em conexão com os liames de uma multidão em latência libertadora: é a zona do ritmo nervoso intensíssimo da indiscernibilidade entre geografias da arte e os territórios não artísticos onde se experimenta o tempo para além das amarras do esquema sensório-motor, o tempo com travessias heterogéneas e vesânicas.

MÔNICA diante do real irrepresentável, incontrolável, intersecciona o rigor, a lucidez, o delírio com o pensamento e com a VIDA, sai dos eixos, traça novos territórios dentro da cidade, arranca, fende, envolve até à repleção do corpo, depois reinventa, recompõe, reforça as espessuras afectivas, arremessa campos problemáticos por meio do DEVIR do corpo sem órgãos: dançar as forças avassaladoras, as forças AFECTIVAS em transbordância, dançar a vigorosa indefinição por meio do AFORMAL construído pelo infinito.

MÔNICA, a loucura e a ecosofia vivem entrecruzadas, expressam singularidades-hápticas e produzem energias caóticas do lado de fora que se adentra no pensamento animal: aqui-agora: há uma criação do novo por meio da síntese do tempo e das paradoxalidades supremas da vida que geram possíveis SAÍDAS salvíficas ao diferenciarem-se no comum com movimentos ininterruptos de partículas abstractas que trazem às superfícies da cidade outros signos artísticos: estamos perante o encontro dos movimentos dos corpos que escapam ao servilismo e à normopatia.

MÔNICA avoca a sua própria liberdade, alcança a experimentação da sua própria vida, não deixa o corpo ser governado por poderes porque o seu compromisso estético e ético é com o pensamento levado ao extremo entre a construção dos personagens estéticos, conceptuais e os fulgores dos mapas das sensações que rasgam com tudo que gera em nós o medo da morte, a banalidade, a ignorância, o fanatismo, o sedentarismo conservativo e reactivo.

O CORPO de MÔNICA torna-se um signo da invasão e do estrangeiro porque cria e inventa povoamentos, multidões à deriva, enfrentando preconceitos, burocracias, julgamentos. MÔNICA vê sempre os objectos animados, ELA SENTE a DANÇA como uma REVOLTA excessiva dentro da VIDA feita de forças libertárias onde o instante da ETERNIDADE da finitude faz o seu corpo recomeçar intensivamente como um retorno da energia dos gestos que se repetem e se diferem rigorosamente, lançando dados sem quaisquer resultados previsíveis, porque a DANÇA incorpora a sua natureza afectiva enquanto não é um resultado da DANÇA, enquanto não é consequência da determinação de fazer DANÇA, porque MÔNICA cartográfa e explora as forças informes das passagens etológicas por meio de uma relação de forças dos materiais, de movimentos de espelhos labirínticos que absorvem e experimentam o veemente da VIDA, traçando espaços espiritualizadores do real: coexistências de sentidos e linhas virtuais, infinitas em DEVIR: MÔNICA cria uma mudança absoluta por meio de um tempo aiónico incorporal, rasga as causalidades físicas, as contradições lógicas e se emancipa num ciclo cósmico dentro de processos inobjectiváveis que a lançam para o extremo, o infinito de cada gesto que se religa às forças do sensível e às potências do impensável, porque não importa uma estética da agnição, mas RITMOS de PENSAMENTO que se desdobram cruelmente entre processos artísticos-dançantes: construir topologias com as energias caóticas do indiscernível que se adentram no RECIFE, problematizando-o com o esforço superno da RÉ-existência.

Há uma histerização no corpo de MÔNICA que o faz durar envolvido por singularidades e livre de formas estereotipadas e de modelos: há uma força expressionista abstracta, anorgânica: é a génese, é vida a surgir no mundo, quebrando clichés. O corpo de MÔNICA iça as velocidades e as lentidões do abismo até às suas epidermes, sente as misturas das forças invisíveis e invisíveis, esponja as rupturas e refaz desterritorializações porque é atravessado pela física criativa das turbulências, entranha-se no absoluto e extrai tempo aiónico, é um corpo dilacerado num campo de batalha ininterrupto, é um atractor estranho, errante que absorve o caológico, a pluralização de mundos, a multiplicação de matrizes, os ACTOS de FALA, as enciclopédias movediças, as DORES, os testemunhos para experimentar a cidade por meio duração insana dos instantes, da tragicidade exultada e da imanência que é em si uma dimensão babelesca: os olhos da CIDADE ainda ainda são capazes de lançar um grito como nos avisou RENÉ CHAR!

O corpo de MÔNICA vive em desaparição incessante como uma ressurgência dentro da metamorfose alucinante onde o devir-outro refaz vida sem repouso, sem determinações, sem formas fixas, porque MÔNICA absorve as forças de RECIFE, extrai o intensivo, mistura-se com o mundo, torna-se indiscernível, atinge a emancipação AFECTIVA por meio das extremidades de si-mesma, abrindo os olhares a incomensuráveis feitiçarias porque o seu corpo é um MACARÉU, um MARACATU de improvisações irrefreáveis, é um CORPO intensamente político porque sai da servidão, constrói RÉ-existências estéticas, colocando sempre o pensamento em relação-adjacente com novas estranhezas geradoras de DANÇA que adivinha o mundo ao catapultar forças de diferenciação plenas de AFECTOS INESGOTÁVEIS: há uma ABSOLUTA aprendizagem problemática que faz variar o mundo, há ritmos sígnicos a arrancarem expressões afectivas que estimulam o pensamento dançante a mergulhar no CAOS da CIDADE, há uma aberrância criativa que destrói os centros da normalidade: aqui-agora: o corpo de MÔNICA é crivado pela vontade de potência e desfaz o envergamento do tempo feita pela metalurgia demiúrgica.

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O CORPO de MÔNICA vitaliza-se com os alvoroços e com as inquietudes que o fazem diferir de si-mesmo ao cartografarem outros corpos, revigorando a fabulação que se aproxima do VIDENTE, do delírio, do impossível: aqui, sobrevém uma multidão BARROCA, uma multidão por vir, sim, o CORPO DE MÔNICA é uma estranha luz, profanadora-sacrare que afirma a vida por meio de uma prática a-significante e imperceptível regurgitando-a por meio de dobras das aprendizagens sígnicas, das hesitações intensivas que atravessam o MANGUE de criação…e assim, gera novos modos de sentir, de ver, de afectar porque não existe vida que não seja artista: aprender a alegria do trágico, a exultação da crueldade artaudeana, afirmar o vivo e fugir à sobrevida medíocre.

MÔNICA age, experimenta, inventa, cria, arrisca, DANÇA no indeterminado e no incerto. MÔNICA acontece porque DANÇA o ocasional com novas linhas de força e com novos ritmos que antecipam o pensamento e asseveram uma memória futurível por meio do tempo que não passa mas coexiste e bifurca para gerar existência nas voltagens dos encontros onde as aberturas se movimentam no infinito caleidoscópico, sim, nas superfícies extremas da eternidade que levam o vórtice da duração para os afectos.  

O pensamento DANÇA uma vida superior e o corpo de MÔNICA assimila o meio do impensável e provoca mutação e RÉ-existência em tudo que o envolve porque há uma estranheza CRUEL e uma devassidão autopoiética, geradas pelas misturas sígnicas ETOLÓGICAS onde os heterónimos construídos pelos RITMOS de MÔNICA exploram novos signos sensíveis, artísticos para encontrar uma DANÇA extasiada que despedaça os regimes dos sentimentos orgânicos, rasga o PODER. HÁ uma animalidade intensificada por uma dobra ourobórica interminável. MÔNICA dança as fissuras agramaticais à volta de um solo indecifrável: uma DANÇA verbal-topológica que faz o corpo prosseguir nas ondulações da obscuridade para escutar o insondável, ver o imperceptível disruptor, ver o subtil do anómalo ao cimo das vidas desconhecidas, vidas que não estão sob o domínio da percepção totalizante, da recognição, do dever, da moral e dos sistemas representativos, VIDAS geradas por visões e audições resultantes dos desvios, das diferenças, das perfurações da estranheza: VIDAS ORIGINADAS por limites transbordantes, por zonas assintácticas, por sonoridades explosivas que a MÔNICA vê e ouve nos rasgamentos da linguagem, provocando em si uma DANÇA AFECTIVA de corpos horizontais, de corpos malditos, de corpos esfomeados, de corpos exilados: MÔNICA se torna uma pororoca de composições animalizantes a extravasar as margens dos encontros pensamento-mundo.

O ANIMAL dentro da BAILARINA reforça-se no indecifrável, bifurca-se para intensificar a ESTILIZAÇÃO dos seus movimentos onde a musicalidade estranha enlouquece a linguagem ao quebrar as fronteiras coagidas, ao fugir da condição humana, ao criar povoamentos com novas geografias, com novos mapas gésticos que se abrem dentro de campos de forças tradutoras do incompreensível.

As tramas velozes, as linhas livres de MÔNICA traduzem as rupturas de RECIFE com as incógnitas, com o inominável, com o impensável porque mergulham na obscureza, no absoluto das micropercepções intensificadoras de GESTOS abstractos, impessoais, acósmicos entre ritmos heterogéneos do CORPO e o imprevisível da DURAÇÃO: há um mangue ilimitável que afirma as DIFERENÇAS por meio de multidões sensoriais incontroláveis onde o prosseguimento das forças inéditas fazem a VIDA inatural avançar e reenviar a energia ética ao desejo como uma gestação do novo e uma prática de si entre lances de insânia e vidências criadoras de voltagens à volta das dobras dos gritos da matéria.

MÔNICA dança as superfícies estranhas que a atravessam e com pontos luminosos dentro das expressões epidérmicas atinge os limites múltiplos ao rasgar o intuitivo para assimilar desabaladamente outras forças cósmicas. MÔNICA dança o espirito vibratório do INSTANTE e o tempo indefinível com a luz intensiva, desdobrada e labiríntica de novos povoamentos.

MÔNICA experimenta os mosaicos das sensações de entre-DANÇAS geradoras de eternidades envolvidas por pontos de vista aformais e problemáticos que recriam o corpo dentro do inacabado expressionista: as energias de RECIFE levam a DANÇARINA para a deformação e para o imensurável porque os instantes fugidios, os intermezzos entranham-se nos seus poros selváticos, libertários como passagens CRUÉIS que recriam a vida, tracejam tramas, dizendo-nos que a DANÇA não é exclusivamente humana: é sobretudo animal.

MÔNICA acontece nas levadas do impossível, ressurge nos prismas resplandecentes, mescla todas as energias criativas, recupera forças desamparadas num panorama babélico, faz do ACASO uma força compositiva, uma enciclopédia intercessora de errâncias, cria novos sentidos ao transmutar o seu CORPO, sim, FABULIZA-SE e estiliza-se, improvisando linhas abstractas onde as sensações do futuro ressoam nas conexões inesgotáveis, fractalizadas e anorgânicas que sobem pelo seu sangue.

MÔNICA dança as fímbrias daquilo que ainda não aconteceu, dança os futuros desconhecidos que esculpem o presente com ondas rítmicas, intempestivas: há ressurgências de novos tempos atravessados por inconscientes problemáticos que criam RITMO e esculpem o infinito com realidades autónomas: gestos abrem-se ao mundo sem desígnios, construindo uma tecelagem de forças geradoras de novos valores estéticos que se aliam sem definiremos fulgores que atravessam o corpo porque fazem do esquecimento uma força respiratória do caos: há uma renovação plástica dos povoamentos por meio da diferença carregada de alegria dos deuses desarvorados: aqui-agora: a vigorosa vascularidade nervosa das topologias de RECIFE se religa a outros desdobramentos da vida, por isso a sensação que envolve o corpo de MÔNICA é tremendamente abalável, flutuante, transmutadora, fazendo exercitar intensivamente a liberdade por meio de sentidos das singularizações delirantes.

MÔNICA singulariza-se na crueldade de RECIFE porque a DANÇA em si sobrevém do alógico, do imperceptível, do agramatical, do impensável, das obscurezas expressionistas, do insituável: há uma multiplicidade variável, uma proliferação do vasto, uma marchetaria sígnica que perfura o CORPO de MÔNICA onde a exorbitância da sofisticação géstica não evita os mundos, mas os faz VARIAR, redobrar, arrancando as forças desconhecidas do acontecimento por meio da DANÇA: estamos perante forças mudáveis que levam MÔNICA até às geologias do ÍNFIMO de uma errância enérgica, de um extravio criador do real sempre estranho, convulsivo, fugidiço, esquivo.

MÔNICA dança a crueldade de RECIFE, cria intermitências nas suas contexturas, dissemina tremendamente signos, torna-se uma interrupção, um lapso, um devir acontecimental porque o seu CORPO de BAILARINA se transmuta em forças desviantes dentro da exultação do TRÁGICO: há um fortalecimento da vida oculta por meio do turbilhão da matéria e das subversões que potencializam ritmos assintácticos, forças incorporais, forças suprapessoais, catalisadoras de singularidades e de afectos inventivos.

MÔNICA dança as forças do aformal em escapamento, esculpindo o insituável, o relance eternal, as porosidades expressivas do absurdo por meio do problemático das SENSAÇÕES rítmicas que destroem completamente as tentativas das semióticas da significação: há um mergulho num vórtice dionisíaco onde os movimentos dos acasos ressoam uns nos outros como conceitos inesperadamente moventes fora de qualquer coincidência porque perde os limites e o sublime desponta dentro do improvisado rigoroso: há uma prática CONTRA o poder, sim, MÔNICA é uma multidão que ainda não adveio, é uma animalidade intensificada pela transbordância anorgânica: há ondas sensíveis a exercitarem as autonomias das dobras afectivas que incorporam vigorosamente a linguagem fora-da-lei, a linguagem infractora que foge às FALAS fixadas, foge ao poder de dizer EU, enfrenta as vidas desconhecidas, vidas que não estão sob o domínio da percepção totalizante, da recognição, do dever, da moral e dos sistemas representativos, VIDAS geradas por visões, audições, GESTOS resultantes dos desvios, das diferenças, das perfurações da estranheza: VIDAS ORIGINADAS por limites extravasantes, por zonas assintácticas, por sonoridades explosivas que MÔNICA vê, ouve nos rasgões da linguagem que se ultrapassa dentro da natureza e provoca em si uma DANÇA AFECTIVA com intermináveis rastos dos vazios, dos silêncios, das distâncias.

MÔNICA é transmutada pelos gestos compositivos que realiza e a faz despersonalizar através de linhas feiticeiras porque há uma curandeira, uma rezadeira, uma guerreira, uma mãe eterna dentro de si-mesma: há uma força múltipla estilizada que a faz DANÇAR com o ócio CRUEL, com a anarquia da lucidez entre as aberturas do indizível que experimenta o mundo ínfero: aqui-agora: um entrelaçamento inclassificável, anómalo, envolve fendas, brechas, extratos, dobras, gradações, fissuras, novas geografias para revelar forças activas dentro de uma voltagem  da RÉ-existência insaciável porque  MÔNICA supera-se, excede-se, suplanta-se e constrói novas maneiras de DANÇAR: é uma experimentação contínua e absoluta do CORPO: é uma submersão nos êxtases e nas alucinações por meio de infinitos desdobramentos-cruéis e em devires acelerados que estimulam a diferença, fazem diferença gradativa dentro de um fluxo de forças imprevistas: há uma estilização incorporada no auspício do mundo que incita MÔNICA a dançar o impossível com a fulguração géstica, vertebral, sanguínea: cruzar sensações intensivas, impulsionar o acidental e o improvável.

MÔNICA traduz as quedas, os falhanços do mundo com as intensidades de um CORPO que desaparece ao revelar o seu mergulho no ilimitado, no intermezzo que liberta vida entre as linhas de passagem do impensável. Os GESTOS de MÔNICA deslizam de trajecto em trajecto, de CRUELDADE em CRUELDADE e se transmutam ao deslaçarem e ao construírem o espaço para se esboçarem nas suas próprias contradições plenas de fragmentos em decifração sígnica: os GESTOS despontam já arremessados pelas golpeaduras das incógnitas que estimulam os seus afastamentos e as suas adjacências por meio das falhas móbiles.

MÔNICA dança o acontecimento instável do mundo que tensiona os itinerários das estranhezas e das reviravoltas envolvidas por razões impuras: aqui-agora: os limiares dos RITMOS se envolvem nas SENSAÇÕES CRUÉIS e escultoras do CORPO exaltado, mutável da BAILARINA que entranha os LIMITES  nas membranas inesperadas e delirantes do espaço

As superfícies moventes da natureza que atravessam MÔNICA estimulam-se por meio das suas próprias subversões, fortalecendo as forças incorporais, catalisadoras de singularidades de afectos que exigem sempre a criação e a gestação de novas maneiras de existir, de DANÇAR, assim, a BAILARINA cria solos, territórios, cria espaços intrusos fazendo do tempo crónico que a atravessa uma experimentação da ETERNIDADE, uma força feiticeira que se multiplica dentro de uma vida indomável: os fluxos exultantes da tragédia do seu CORPO assimilam outros fluxos em transmutação: aqui-agora: MÔNICA gera a própria potência de acontecer, de existir, de pensar, de variar, libertando o CORPO das capturas identitárias: é a CRUELDADE sensível, delicada, é a alegria da dor, da golpeadura sígnica e afirmativa da metamorfose que se completa perante o real infindável.     O REAL desponta num instante rasgado pelo salto inesperado da BAILARINA, há um gesto despedaçado e que jamais será revelado porque a DANÇA é feita de “relances fulgentes”, de contexturas infinitesimais onde os encontros pensamento-RECIFE reforçam o vaivém indeterminado dos gestos já-perfurados pelas estranhezas musicais que misturam sensações e intermináveis rastos refractários anteriores à exuberância das tramas velozes e das linhas livres da BAILARINA.

MÔNICA torna-se indiscernível e inacessível e simultaneamente mostra as suas voragens-afectivas, fazendo proliferar RÉ-existências com as pluralidades supralógicas, com demudanças heterogéneas onde recomeça a crueldade do mundo: o mundo mesclado com o tempo onde nada se distingue e os gestos de MÔNICA se transbordam animalmente para escaparem da exclusividade humana numa intersecção vesânica entre os afectos lávicos e o real indizível porque nada poderá comparar, refrear a exactidão do CORPO, da DANÇA em suspensão: aqui-agora: o sujeito e objecto se exsolvem, desagregam através de ritmos de instantes fugidios, inconscientes: há aqui, uma CRUELDADE do silêncio ao redor da superfície sulcada, rasgada por ritmos heterogéneos entre a construção de lugares hesitantes e uma cartografia de relações de forças, é o vigor das misturas, das demudanças dos materiais, dos esboços, de DEVIRES onde a BAILARINA se torna outra com linhas artistas: MÔNICA coloca as forças espirituais no futuro através de pariduras do vazio pré-babélico e das vozes histéricas que percorrem o indecifrável do seu corpo que está em acontecimento, isto é, há uma força corpórea a fugir das ordens do PODER: há forças intrusivas da linguagem que caldeiam variantes musicalmente cruéis.

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MÔNICA dança o trágico que se envolve na exultação dos recomeços ininterruptos porque o futuro quer parir almas delirantes e imortais, quer assimilar a estranheza do espaço e fortalecer as distâncias, convergindo vozes-gestos a um só-tempo dilatado. MÔNICA assimila a crueldade do AQUI-AGORA feito de velocidades que captam tempos simultâneos e a fazem construir topologias vesânicas porque o sensível reforça-se para perfurar os gestos e dilatar a subtileza.

MÔNICA estiliza-se ao extrair durações, timbres cruéis, curvaturas, afastamentos, intensidades aos acasos compositivos que experimentam as alteridades múltiplas nas linhas extremas do seu corpo: é uma força rizosférica, uma força andarilhada pelas polimorfias do inesperado onde pontos de vista animistas estimulam demoniacamente as fissuras-dos-intermezzos dos gestos, levando-os para dimensões caóticas que estilhaçam estruturas perceptivas, porque a BAILARINA não mistura acontecimento paradoxal com sucessão temporal, não mistura movimento com deslocação, não mistura intelecto com pensamento, não mistura afectos com sentimentos ou emoções ou comportamento, ELA é um chamamento feiticeiro que cria extravios ao afastar e aproximar simultaneamente os gestos para tocar o intangível do longínquo, impulsionando a força dos rastros, das falhas, das elevações, das dobras, dos desmoronamentos, dos vórtices, das irrupções: é uma tremenda oscilação dos enervamentos imprevisíveis que atingem o extremo, o limite e o avesso envolvidos por um manguezal de movimentos da errância que estraçalha completamente o dever, a moral, o reconhecimento, a recognição para combater tudo o que recusa a VIDA.

MÔNICA se entranha nas dobraduras, nos desmanches, nas tramas, nas voragens topológicas para se religar às tecelagens esfiadas, às alucinantes sombras das distâncias e das incógnitas que absorvem o REAL expresso na partitura crónica, cruel do tempo: é o múrmur incessante, é o ressaltar da emergência do anónimo onde os gestos ressurgem e o humano da bailarina desaparece porque ritmos alvoroçados, misturados, mutáveis atravessam os pulmões voltaicos da BAILARINA, provocando sensações dentro do trágico da matéria-sensível: há uma criação de desvios num mundo incessante de signos que ampliam infinitamente as geografias dos sentidos.

MÔNICA intensifica o finito por meio das aberturas ao incomensurável onde o CAOS atinge consistência DEMONISTA, insana e impulsiona passagens porosas na PELE___em cada PORO EPIDÉRMICO a DANÇARINA questiona: que novos modos de vida surgirão em cada gesto? SE a DANÇARINA é o paradoxo que vive o impensado e o inabitual envolvidos por superfícies profundas das alteridades, os gestos advirão histericamente num contínuo intervalar, provocando “ a sensação do passar-se”. SE a DANÇARINA vive da duração do instante, capta o intensivo do acentrado, penetra ininterruptamente na existência, o seu CORPO sobrevirá numa aprendizagem da insituável estamparia, no inabitual, no inesperado expressionista. O AFECTO da DANÇA é sempre animal, é um traço do silêncio, é uma escoadura de traduções de VAZIOS rés à extrema lucidez, ao informe e às divergências loucas do tempo que perfuram e atravessam o CORPO de MÔNICA: um corpo que fragmenta por vários movimentos adentro das lacunas de uma multidão de estímulos, transvertendo os limites numa imanência de hiatos provocadores de imagens puras: imagens que aquiescem o indefinido e desviam-se inesperadamente dos gestos porque arrancam novas possibilidades ao espaço através de um entre-dois da PELE EXALTADA por um falhanço sublunar que faz altear uma estética do exílio.

O CORPO de MÔNICA é lançado pelos gestos multilíngues de si-mesma: um rapto e uma captura de extremos levam a BAILARINA aos movimentos anónimos que se recriam à volta de espirais ventiladas por expressões de um futuro turbilhonante: aqui-agora: MÔNICA transborda CRUELMENTE, mostra as suas forças variáveis, revela estranhamente o seu lado INDECIFRÁVEL, feito de bosquejos, de traçaduras do aformal, de manchas: estamos perante a anomalia, o insólito, o singular dos espelhamentos de forças do CORPO da BAILARINA que produz mundo e produz-se a si mesma, absorvendo o excepcional onde o ACONTECIMENTO é força singularizante, é composição paradoxal do tempo, é o inexplicável gerador de diferenças, de musicalidades, de silêncios, de vazios, de distâncias que estimulam as singularidades com audições, gestos, visões, sensações estranhas e extremadas.

Os gestos de MÔNICA dançam a crueldade dos espaços, assimilam os batimentos do espaço, fazem surgir o VAZIO que se transmuta e faz mudar desabaladamente a anatomia: o REAL faz dos gestos um respiramento dentro do espaço em fuga ou será a MATÉRIA que tenta se libertar de si-mesma?

Os gestos da BAILARINA agem dentro de outros gestos entre gestos, atingindo a volteadura dos atractores estranhos de um gesto-outro que está sempre por acontecer…assim, o corpo delirante se religa à recriação caológica, produzindo uma tremenda passagem de espelhamentos sem rostos…a BAILARINA transvaza rompeduras, incisões, assimila os ressaltos do indecifrável que se adentra na escuta dos ecos dos vazões sígnicos. Os gestos de MÔNICA sobrevêm da impermanência, estão sempre em movimento e no encontro com outras forças, evitam o mundo das formas estratificadoras, evitam ficar asfixiados, agarrotados nas percepções, nas analogias, nas reproduções. Os gestos de MÔNICA surgem no confronto com as obscuridades, acontecem nos possíveis infinitos, nos fluxos intensivos do CORPO, nas tramas caóticas, nos fios emaranhados das forças activas, expressivas, anorgânicas: aqui-agora: os algospasmos atingem a deformação e fazem do imprevisível, relações de movimento de uma eternidade que entrecruza “pontilhados” por meio de intensidades rítmicas onde as IMAGENS se misturam libertadoramente, há forças plásticas da cidade que as envolvem e as impulsionam a fazer reconstruções sem quaisquer intencionalidade, sim, as imagens antecipam o inexistente, misturam sensações ontológicas e movimentos imperceptíveis numa memória sem conhecimento, sem psicologia, uma memória do futuro, uma memória-vadia onde os traços singulares da agramaticalidade do mundo-corpo-DANÇA eclodem nos limites estilizados do excesso, proliferando dicionários a-significantes.

Os gestos de MÔNICA advêm envolvidos por sensações através de processos estranhamente indetermináveis, porque a DANÇA é um manguezal CRUEL e sígnico, é VIDA em gradação voltaica, é a errância tensionada e insaciável, é a pura imprevisibilidade da duração, é o processo ilimitável, é uma geografia catatónica, é um espírito intempestivo, é enviesada, flutuante e assevera a diferença acósmica ao gerar tempos crónicos.

Os gestos de MÔNICA dançam polinizados pelos próprios equívocos e por forças sofísticas onde o desejo recomeça sempre, absorvendo o futuro e a suspensão existencial com dobras adentradas nas dobras, abrindo outros estranhamentos na duração que faz diferir os movimentos que envolvem a BAILARINA, tomando-a outra num espaço com linhas de passagens em proliferação.

No CORPO de MÔNICA há memórias grávidas por milhares de almas escultoras do futuro onde o instante durativo é o RITMO-VIVÍSSIMO que produz labirintos espelhados onde o sensível das violências sígnicas lançam o CORPO para zonas indeterminadas e intensivas.

A EXULTAÇÃO CRUEL do CORPO de MÔNICA constrói um espaço de acontecimentos, de passagens expressivas do intensivo que o fazem diferenciar-se fora das significações: um CORPO BAILARINO cartografa outros CORPOS por meio do pacto que tem com o PENSAMENTO e com a VIDA onde a sublevação e o desassossego acontecem como o “ elan-vital” entrecruzado nas forças do CAOS. Sem a intersecção de forças caóticas que andarilham o fundo sombrio do espaço, a BAILARINA jamais sentirá os relâmpagos das singularidades espalhadas pelos ritmos nómadas. A DANÇARINA de poro em poro revigora-se, sente os fluxos enérgicos, as linhas babelescas dentro de movências contínuas de partículas abstractas. MÔNICA envolvida pelas SINGULARIDADES redobra-se e expressa o retorno energético gerador de linhas de forças, de valores estéticos que impulsionam complexidades afectivas por dentro do abstracto de si-mesma onde o meio extremo do rigor delirantemente espontâneo cria RITMOS heterogéneos e assimila a solidão impessoal, sempre afectada por novos encontros, novos” povoamentos”

MÔNICA revigora o RITMO do CAOS, alcança a vidência, o profano-SACRARE, o delírio, o impossível, os vigores expressionistas, o subtil das percepções que inventarão uma multidão de dobras por vir…mas, tudo acontecerá por meio de uma queda, de um fracasso em exultação, de uma hesitação, de um problema, é a VIDA, é a BAILARINA impulsionada pela potência afectiva do CAOS, pelo AFECTO criativo de quem faz da DOR, da falha, um acontecimento, um DEVIR geográfico, uma errância, uma cesura, uma mancha vibrátil, um personagem estético, heteronímico, conceptual dentro do tempo em linha recta que faz fulgurar novos topologias de sensações, novos lugares, novos espaços esculpidos por espelhos que vivem no inacabamento dançante: aqui-agora: a BAILARINA recomeça plasticamente, envolvendo-se com o PENSAMENTO para abrir visões, gestos e escutas entre o mundo e a vida.

MÔNICA faz do CAOS e do anorgânico a sua RÉ-existência, o seu horizonte absoluto dançado por cada gesto dionisíaco, por cada experimentação inesperada, por cada vigor singular, por cada energia que faz retornar, modificar, diferenciar, gerar cada vertigem do GESTO, reconstruindo e destruindo o tempo e o espaço até atingir uma geologia indeterminada.

MÔNICA dança a CRUELDADE de RECIFE porque se entranha no caos, enfrenta o CAOS, compõe e amplia o CAOS: a BAILARINA não tem pavor do impensável, do acentrado, do intensivo e de novas grandezas de tempo. Só a partir do CAOS a BAILARINA poderá recriar e superar as utilidades da natureza, extrapolando o sensório-motor-intelecto para REVELAR as angulações intermitentes, as ritmicidades entre movimentos desejantes-plásticos-CRUÉIS que resistem à morte, porque o CAOS é crivado pela “vontade de potência” pelo “querer na vontade” que fortalece o processo de criação, completamente fora da generalidade identitária e da lógica humanista, cronológica: há uma uma prática CRUEL de DANÇAS contra o PODER rebocado pelo estereótipo. A DANÇA torna-se um vórtice de ressonâncias, de vibrações CRUÉIS do CORPO que mergulha permanentemente no infinito e no caos. Sem CAOS não há DANÇA. O CAOS é um aliado do desejo que estimula a CRIAÇÃO do inédito fora de qualquer referência. O CAOS arrasta acontecimentos múltiplos: MÔNICA DANÇA o CAOS por meio do CAOS e sai do CAOS intensificando o RITMO, é no CAOS que a imanência é construída e anunciada por meio do inconsciente, de sensações e pelos acasos dos espelhamentos envolvidos pelos fluxos dos RITMOS vertedores das fissuras do mundo( relembrando filósofo J.GIL): a IMANÊNCIA envolve completamente a BAILARINA porque a DANÇA só acontece nas correntezas impetuosas, nos cruzamentos heterogéneos e na diferenciação consistente, sim, só há imanência se existir estranheza que se difere entre ondas vigorosas de sensações, sentidos do impensável e expressões de eternidades que se nutrem do singular envolvido pelo tempo loucamente em fuga.

O CORPO de MÔNICA é uma variação contínua das aprendizagens inventivas percorridas por SENSAÇÕES sem directrizes porque os seus poros emancipam uma estética molecularizada pelo ritmo caológico: há uma luzência turbilhonante do impensável dentro do criativo que DANÇA o CAOS com novos conceitos das tramas afectivas, sim, MÔNICA nunca busca apaziguamento, ELA é já uma DANÇA da DIFERENÇA, é uma paridura, uma dor do impensável absoluto que ciranda o caos.

A DANÇA é uma CRIAÇÃO de SI, é um atravessamento violentamente poroso e sem significação, é produção de RÉ-existência, os seus limites acontecem qua-se-intácteis, advêm inacessíveis: os seus limites são retornos intensivos, volteaduras sígnicas que experimentam tempos diferentes e simultâneos com o corpo que quebra a dominação do orgânico e as LEIS DA NATUREZA. A FORÇA ANIMAL arrisca a vida pela intensificação, pela sensação, atravessa o CORPO de MÔNICA, impulsa a DANÇA dentro do excesso do mundo, cria autonomia afectiva-expressiva, transmutando materiais capazes de detectar novas relações sígnicas CORPO a CORPO com as forças do mundo: há uma espécie de sismógrafo de novos sintomas que escavam os mapas das turbulências, das forças sublunares para redobrarem as forças cristalinas por meio de diferenças inexplicáveis, porque MÔNICA não espera nada do público, ELA DANÇA para despedaçar, incomodar, perturbar sem quaisquer mensagens significativas. MÔNICA não vai atrás do reconhecimento, não quer ser captada: a BAILARINA com as plasticidades gésticas e com as dobraduras extremamente ínfimas, extrai diferenças em si mesma, cria bordaduras intensivas que a fazem conquistar expressões do caos erótico por meio de milhares de almas de entretempos: não existe VIDA que não seja DANÇADA. MÔNICA faz da estranheza, do anónimo, do inacessível, do desconhecido, do impensável, do imperceptível, os seus alicerces. MÔNICA dança a profundidade subtil, torna-se visível e estranha simultaneamente, abre-se aos espaços, esculpe espaços porosos, lisos, esponjosos, gera tempo crónico, puro, kairótico, emite uma semiótica de forças que dissolve tudo nas superfícies para absorver outros corpos, outros espíritos: o CORPO abre-se ao mundo e é perfurado pelas correntezas gradativas da vida, um CORPO que se faz DEVIR num tempo acontecimental-aiónico-complexo-paradoxal: um tempo insano, intempestivo, crónico, transmutador, múltiplo. Um tempo das afecções duráveis, do querer impessoal e das imanências. Um tempo de criação de novas texturas moleculares, de novos gestos, um tempo agramatical que desliza entre os interstícios do CORPO de MÔNICA. DANÇAR um tempo de composição de forças futuríveis que desdobram o corpo imprevisivelmente, tornando o CORPO abstracto, assimilador de vibrações intervalares, ínfimas.

MÔNICA DANÇA conjuntamente dentro e fora do espaço, dança cruelmente o espaço sem o situar, o habitar, o limitar: um CORPO envolvido por geografias ilocalizáveis, por ritmos vertiginosos: um CORPO que dança o CAOS, assimila o CAOS, hesita, suspende-se, problematiza, cria o VAZIO nos seus movimentos, tornando-se cada vez mais diferente, mais imprevisível, mais entranhado nas forças da natureza, mais infiltrado no invisível, no indeterminado, nos limites pulsáteis da experimentação: o meio do acontecimento do tempo compõem encontros de forças anómalas envolvidas por extremos em transmutação géstica que é já em si um choque de vazios gradativos dentro do diferir de acasos, de vastidões variáveis, de abaladuras de avessos onde a DANÇA percorre os interstícios da vida e do corpo.

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MÔNICA atinge a sua criação inobjectivada ao recortar SENSAÇÕES do caos de RECIFE onde o CORPO é atravessado por radículas flexíveis, por MARACATUS moleculares, impulsionando vazaduras através das fendas plenas de eternidades onde se gera a transmutação do impossível, o que ainda não aconteceu e faz diferir entre novos mapas de pensamento e anatomias abstractas: cada fiandeira que atravessa o seu sangue é inédita e demoníaca, aliás, os anjos também nunca a abandonaram porque ELES fazem aberturas máximas com as demências criativas e virtuosas de um DEVIR impulsionado por VALORES que provocam novas maneiras de ver, de sentir, de DANÇAR: aqui-agora: MÔNICA é atravessada pelas forças do infinito onde a consciência inconsciente torna o real ainda mais real: um real apinhado de vasos intercessores que provocam vibrações no corpo para além dos limites orgânicos: um REAL de abalos, de inquietações, de estranhamentos nos mundos de verdade: um REAL que explora o CAOS, trespassa ondas, fluxos, lacunas, dobras, destruindo qualquer olhar estruturado porque vida PENSAMENTO-DANÇA se conectam por energias afectivas dentro de uma “crueldade não perversa-delicada-sensível” que não reconforta, mas problematiza o mundo através da estética do acontecimento, das cartografias imanentes.

É na MOVUCA de RECIFE que a DANÇARINA ciranda as suas forças envolvidas pela crueldade pontilhada pela crueldade: as palavras, os signos, as quedas, os choques, os movimentos, os gestos sobrevêm invadidos pelas tecelagens friccionadas do PENSAMENTO, explorando o estranho, o indeterminável, as linhas de expressão afectivas que levam o seu CORPO para a variação do acaso, do animal em si, do VIRTUAL problematizado pela diferença intensiva do REAL. MÔNICA religa-se à gestação do tempo, da duração de um devir que faz mudar, molecularizar pontos de vista dos mangues artísticos, assim, DANÇA as vizinhanças de espaços híbridos onde as relações de força propagam a fabulação do singular e do absoluto caleidoscópio: as fronteiras se desfazem, movimentando os atractores mais inabituais, os emissores de signos, as sensações caológicas: estamos dentro da DANÇA de forças dos corpos múltiplos, corpos agitados pela vida enérgica, corpos permeados por ritmos ocasionais, germinativos. Estamos perante o ACONTECIMENTO envolvido pelo incorporal grávido de VAZIOS, de tempos puros que fazem DANÇAR o absoluto sem origem, sem determinações: aqui, MÔNICA produz-se a si mesma, é uma força da génese, é uma ritmicidade estranha antes de qualquer CORPO: MÔNICA estimula o cavalo-marinho das singularidades que saltam paradoxalmente do passado para o futuro, extraindo de si vertigens da diferença, realidades irrepresentáveis: é o imperceptível, é o virtual, é o ENCONTRO RÉ-existencial de uma DANÇA que não aconteceu e já pervagou: MÔNICA exige em si uma temporalidade paradoxal, uma abertura ao infinito, afirmando o desejo com linhas bifurcadas, coexistentes porque um CORPO acontece na improvisata DANÇADA por linhas sanguíneas em transbordância: há uma golfada de tramas inconscientes, há vigores trágicos que se exaltam ao desaparecem e ressurgirem infinitamente como forças metamórficas das rebentações da natureza e do pensamento: dizem: movimentos anapésticos nas extremidades dos corpos que impulsionam as dobras do excesso em transmutação onde a eternidade se entranha na epiderme de MÔNICA delirando com os novos relâmpagos que emergem das obscurezas e entrecruzam sensações compositivas por meio do fluir imanente e animalizante.

MÔNICA em cada gesto enfrenta a devassidão da natureza, em cada gesto há uma experimentação de VIDA, em cada gesto cria densidades, expande limites, vive dos acasos e das improvisações, em cada gesto desliza na composição permanente e indomável dos sentidos, absorve a vastidão do fora, em cada gesto apreende o imprevisto intensificador por meio de multiplicidades irredutíveis: MÔNICA desidentifica-se e desloca o eixo de RECIFE para relacionar potências hápticas dentro dos limites ilimitados das transduções que produzem estímulos abertos ao RELIGARE inexplorado que faz o seu corpo contactar zonas de silêncios ocultos, zonas do inaudito e zonas do invisível: ilimitados cruzamentos GÉSTICOS  reforçam limiares pontilhados.  MÔNICA atinge a possível decifração do espaço e do real através das travessias do insituável gerador de tempos insanos onde as matérias revigorantes dos gestos activam os devires e os fluxos incontroláveis, enlouquecendo o CORPO com forças ondulatórias e expressionistas que se entranham nos seus movimentos, atalham a matéria, fazem do infinito antropofágico uma geodésica de desassossegos, de estranhezas, de avessos, de bricolages.

O CORPO de MÔNICA não descreve, não diz, está sempre por começar dentro de solos pulsáteis: há uma aparição ondulante, há rastros mutantes, há falhas desdobradas, há elevações convulsivas, há entranhas de mapas fragmentados, há esponjas a polinizarem desmoronamentos, há abismos, irrupções onde em cada GESTO desponta a minúcia estilizada do CAOS e os actos imprevisíveis que transpõem a morte com trajectórias rítmicas sempre em descodificação.

MÔNICA absorve a ventilação vivíssima de RECIFE, os seus gestos advêm escarificados por actos tremendamente lúcidos que fazem irradiar mosaicos de sensações à volta da inquietação do REAL. MÔNICA ultrapassa margens, exercita a desaparição sem morrer, faz do espírito uma vigorosa passagem geradora de tempo bifurcado onde o CORPO salta, estremece, solavanca, oscila, estira linhas abstractas e infinitamente variadas, captando os sentidos dos signos, RÉ-criando-os porque os seus gestos não são reflexos, nem imagens, nem intensões, mas um grito silencioso nas ruínas dos movimentos que existem na ressurgência do REAL onde a DANÇA dilacera a interpretação classificativa do mundo.

MÔNICA cria lugares, gestos nos intervalos do tempo e desliza sobre os acasos dos interstícios da LINGUAGEM. Os gestos de MÔNICA avigoram-se entre ressonâncias das ruínas dos espaços: há aqui uma cartografia anómala que se fortalece no pensamento, arrancando o impercetível, o intocável, o invisível do mundo: eis, a DANÇARINA que fricciona a matéria dentro do espírito: surgem espantos, pasmos ou vegetações estranhas que se se devoram umas às outras e se misturam incessantemente porque seus possíveis alcances estão em permanente flutuação entre correntezas acústicas quase intraduzíveis: estamos perante o inefável da INVOCAÇÃO de um corpo que risca novos territórios com o seu próprio desaparecimento: aqui-agora: os gestos de MÔNICA emitem o espaço, vão no ESPAÇO, perfuram o espaço, assimilam, esponjam, sopros, intersecções, superfícies de abjunções, superfícies subterrâneas e palcos de mutações: os gestos de MÔNICA espontam como fragmentos minerais que se adversam, aluem horizontalmente: é uma matéria viva a tentar revelar a antimatéria através de forças ondulantes e de irradiações paradoxais. Os gestos de MÔNICA se expandem com os espaços que capturam, batalham ininterrompidamente as sombras das suas afluências mais secretas, acoplam-se a uma arquitectura respirável, refaz marchetarias cósmicas, redobra o desejo contra o mundo através dos vazios relampagueantes: os gestos de MÔNICA se deflectem, se dissuadem, se afastam, aproximando-se sem aliciar porque os seus liames perseguem o tempo puro, transvertendo as suas volteaduras em mosaicos caleidoscópicos. Os gestos de MÔNICA golpeiam o espaço-por-dentro, fazem vibrar as reentrâncias obscuras do corpo com a vontade de expirarem, de se esbulharem e se repulularem como prenúncios inumanos fora de qualquer nomeação, sim, os gestos de MÔNICA atraem o inominável porque se crivam no rumo invertido para rebentarem ziguezagueantemente: há uma DANÇA a esculpir o real já-em modificação rizosférica: as forças do REAL infiltram-se no pensamento que DANÇA o avesso do espaço através do tremor da sua própria disrupção-mancha-derivação em profusas autonomias onde uma ética  atravessa o cristal do inacessível adentro do acontecimento vibrátil do mundo. As luzes do CAPIBARIBE traduzem as misturas do CORPO de MÔNICA, luzes que desdobram, entalham em signos as suas visões arrastadas pelas diferenças que dão sentido à VIDA ao dizerem mundo com outros modos.

As obliquidades sensórias que envolvem os gestos de MÔNICA evitam a visão completa porque a DANÇA vive no ínfimo das correntezas abismadas, nos paradoxos repletos de coexistências, tentando desvelar o imperceptível no visível entre sangramentos semióticos e as intermitências dos vazios onde objecto e sujeito se destronam num mundo de religações alógicas e afectivas. MÔNICA não reflecte fisionomicamente porque evita as dialécticas, as analogias, cria diferenças dentro de si-mesma através de ritmos misturadores de matérias, gera encontros e novas maneiras de RÉ-existir com o CORPO que absorve a duração absoluta do instante, faz da eternidade o meio das vizinhanças dos afectos, faz do CAOS um aliado de variações contínuas, uma demudança lúcida de cirandas que geram o sensível com o puro DEVIR.

Os gestos de MÔNICA se envolvem no instável com malhas de sensações e ondulam delirantemente nas forças afectivas, construindo existência por meio da loucura, da dor regerminativa onde a ALEGRIA da duração do tempo insano-cruel, o IMPENSÁVEL, os afectos e o DESEJO rupturam a percepção utilitária, o esquema sensório-motor, as estruturações, fazendo do ACTO de DANÇAR um manguezal sígnico, uma gradação voltaica, uma errância tensionada e insaciável, o imprevisível da duração, um processo ilimitável, uma geografia catatónica, um espírito intempestivo que faz dos roubos expressionistas, os detectores do sensível entre singularidades involuntárias e labirintos lisos que rupturaram as leis da natureza.

O CORPO de MÔNICA em cada instante se transverte, esvai-se, plasma-se, defronta o desconhecido, as estrangulações, a desesperação, a expectativa, a confiança, a profanação, o sarcasmo, dobra-se, redobra-se, CONTAGIA-SE, conecta-se, recolhe-se, devolve-se, envolve-se, trespassa-se por meio de feixes de energias em risco que entrecruzam a ventilação alógica das sensações que intensifica o sensível dos encontros, os campos problemáticos, os acontecimentos estéticos porque quando uma força-DANÇANTE-do-indecifrável contamina e perfura o corpo, o inesperável surge e a vida recomeça, sim, MÔNICA emancipa vida, faz vida, faz escolhas, suspende, interrompe contexturas, rasga arcabouços por meio do impensável abrangido por múltiplas fugas femininas que subvertem as formas de sentir, de assimilar o mundo, de mergulhar no processo da transmutação do espaço sem relativismos porque há uma miríade de ressonâncias gésticas que jogam com a experimentação estética para absorverem o que está exilado, ignorado, ostracizado e inexplorado. 

O CORPO de MÔNICA envolve-se numa revolta ética, aberrante que combate tudo o que recusa a vida, abala o mundo sensível, amplia as cumplicidades éticas no real onde as ressonâncias do absurdo excita a arte-corporal e repovoa sensações, destrói as narcoses dos sentidos, ruptura armações pré-estabelecidas, evita rostos sociabilizados, conecta os distanciamentos das proximidades, o eternal da duração-em-si, improvisa sempre o outro de si mesma que a faz tornar outra no encontro com o mundo-RECIFE: MÔNICA confunde-se com o mundo-MANGUE, torna-se nómada e faz da vida a singularidade de um corpo feito de hordas à deriva, um bando desterritorializado porque é um corpo ANORGÂNICO, um CORPO de ritmos, de contrapontos, de trilhos abismáticos. MÔNICA vive o CAOS que se perde e se multiplica nas bordas de si-mesma, vive os ritmos ondulatórios que batem nos corpos-dos-vários-outros-acósmicos que a atravessam e a lançam para o insituável esboçado pelas correntezas dos mapas dilacerados: MÔNICA dança com os ritornelos desbravadores do imperceptível para construir novos sentidos.

A DANÇARINA-MÔNICA se abre ao retorno impulsionado pelos afectos das forças criadoras onde as expressões se realçam nas passagens das epidermes profundas contagiadas pelos acontecimentos da existência, pelos pensamentos-geógrafos-de-lugares-por-vir e os fluxos fabulatórios sobem às superfícies por meio das turbulências éticas, envolvidas por ínfimos corporais que em decifração contínua se transvertem, transmudam, se criam, recriam, se levantam contra tudo o que nega a VIDA.

O CORPO de MÔNICA  golpeia territórios, faz demudanças com velocidades e com desacelerações, fazendo dos planos movediços uma metamorfose heterogénea onde os vários sensíveis diversamente ritmados a um só tempo despontam inesperadamente___ao DANÇAR o espaço tudo se torna incontrolável e os ciclos descentram-se desabaladamente porque o corpo sente o imperceptível e o vazio do tempo que escapa aos territórios demarcados através dos deuses do caos, da fulguração epidérmica e do fluxo da vida que diz sim à DANÇA para improvisar o querer da eternidade nas zonas dos silêncios, nos alfabetos nómadas e exigir uma estética do anómalo ou de um corpo sem nome,

MÔNICA é a agoridade vibrátil na duração criativa, é uma linha heterogénea impulsionada por dobras éticas. MÔNICA dança a fulguração e a impiedade de RECIFE diante do anónimo: é o vigor do instante. MÔNICA DANÇA o movimento acumulado na ferida. MÔNICA é uma prática de autonomias dentro de um real intensivo. MÔNICA é uma força geradora de consistências sígnicas e de espessuras fractais com velocidades infinitas: aqui-agora: estamos envolvidos por ritmos imanentes do mundo que alimentam variações diferenciais contínuas: uma transmutação afirmadora da SINGULARIDADE: afluências libertadoras das forças dançantes arrancam o acontecimento da obscureza, extraem os contrapontos dos gritos mudos dos eslazeirados, experimentam o estranho através de vagas de sensações que perfuram o CORPO de MÔNICA.

MÔNICA é um contágio que diferencia as práticas levadas ao extremo: DANÇAR revelando durações que fazem experimentar intensidades, pontos de vista e relances indecifráveis criadores do real. MÔNICA dança condensações de forças e atravessa-se com esponjas expressivas onde cada gesto é uma multiplicidade de espíritos, é um emaranhado de tempos em flutuação.

O CORPO de MÔNICA é uma subversão metamórfica, é o vazio dos mapas múltiplos, é uma guinada compositiva, é um tempo crónico de experimentações singulares que transmutam tudo em criação. O CORPO de MÔNICA é um povoamento que não pára de compor novas forças envolvidas por espessuras rítmicas. MÔNICA dança plenamente, abre o futuro, acontece, gera mudança e faz existir, RÉ-existindo. Salva-nos ao impulsionar a diferença no comum por meio de intensidades puras.

MÔNICA é uma variação inestancável de AFECTOS. É um enervamento lampejante a DANÇAR por dentro da matéria, alargando o presente: fugir da mensuração. MÔNICA dança e constrói o infinito, o imperceptível com a respiração rítmica envolvida pela matéria irrepetível do sentido: o corpo extravasa penetra no  alógico, na diferenciação, no supralógico, destrói origens e alvos, transcodifica-se com energia sensível em movimento até esculpir, pontilhar o caos por meio de uma correnteza salvífica e criadora de VIDA.

O corpo de MÔNICA arremessa o estranho, as fracturas afectivas, o imprevisível, os acasos intensivos contra os opérculos do mundo, criando o inédito com acontecimentos inconscientes aliados ao tempo puro, ao tempo vesânico que se libertou das correntes cronológicas. DANÇAR as forças de orfandades-vadias que perfuram os sentidos e atingem a obscuridade dos órgãos com distâncias inomináveis rés ao excesso do real. 

Mônica é uma MEMÓRIA do FUTURO: é um raio cósmico, é um cristal dentro de uma luzência que DANÇA voltada para a VIDA.

Luís de Serguilha, poeta, ensaísta e curador de arte ibero afro americana.

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