Poesia Slam e as Intermidialidades – Entrevista com Daniel Minchoni

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foto: Sérgio Silva

entrevista realizada por Cristiano Alves Barros e Eliane Cristina Testa

Daniel Minchoni é poeta, artista de serviços gerais, editor e slammer, nascido em São Paulo-SP no ano de 1980, local onde viveu até os 17 anos de idade. Em 1997, mudou-se para o Nordeste brasileiro, morando nas cidades de Recife-PE e Natal-RN. Na capital potiguar, Daniel iniciou sua carreira na poesia oral, participando em projetos como a “Sociedade dos Poetas Vivos e Afins do RN” e “Poesia Esporte Clube” e foi um dos fundadores da Editora Jovens Escribas. No ano de 2006, retorna para a capital paulista e se dedica a novos projetos com outras experimentações artísticas e poéticas, como o “Sarau do Burro” (criado em 2008) e o “Menor Sarau do Mundo” (apresentado desde 2012), Selo doburro (2012) e Slam do Corpo (2015). Além da atuação na área da poesia, Minchoni também apresenta seus trabalhos enquanto artista de rua pelo Brasil e Exterior, partindo sempre de suas relações com a poesia.


1 – Daniel Minchoni, gostaríamos que nos contasse um pouco da sua trajetória na poesia. Como tornou-se poeta?

Daniel Minchoni:

viver ainda vai me matar.
viver é uma benesse.
um biscoito da sorte recheio stress.
viver é travessia irregular que se desvia para fora de ser e de lugar
não é causa nem efeito e pra travessia não há jeito.
atravessar é fatal
só há um leito de lama e lodo no final
caí nessa travessia
sequer me perguntaram se eu queria
e de repente me vem poesia
querendo correr uma maratona por dia

tico e teco
tico e teco
tic e tac
tic e tac
tique e toc
tic e tac
‘tic tac o tempo vai passando e a gente aqui sentado no banquinho conversando’

viver ainda vai me matar.
viver é uma benesse.
um biscoito da sorte recheio stress.
viver é travessia irregular que se desvia para fora de ser e de lugar
não é causa nem efeito e pra travessia não há jeito.
atravessar é fatal
só há um leito de lama e lodo no final
caí nessa travessia
sequer me perguntaram se eu queria
e de repente me vem poesia
querendo correr uma maratona por dia

não sei o que me quer a poesia,
essa mulher que me fantasia e me consome
só sei que ela está a me levar e não sei o lugar onde ela se esconde
e se a sinto roçar
quando vou olhar ela já me some
esqueço até meu nome
é minha menina levada, danada,
estou sempre a perguntar sua morada
e ela me diz
muito maleducada:
não te direi
pois devo te lembrar
que és apenas um rapaz
um aprendiz
de mim
não sabes nada

eita poesia danada

(João Xavier)

2 – Minchoni, você cursou Comunicação Social, com habilitação em Publicidade Propaganda na Universidade Potiguar – UnP (Natal/RN) e pós-graduação em Estudos da Mídia, Processos e Significados na mesma Universidade. Você acha que sua formação acadêmico contribuiu para o seu trabalho de poesia? Além disso, como você vê as universidades em relação às produções poéticas contemporâneas?

Daniel Minchoni: antes das palavras / a vontade de falar com as pessoas / antes da comunicação / a querência de estar junto / poesia é segredo / que conecta / desejos

A EDUCAÇÃO PELA PEDRA

Uma educação pela pedra: por lições;
para aprender da pedra, freqüentá-la;
captar sua voz inenfática, impessoal
(pela de dicção ela começa as aulas).
A lição de moral, sua resistência fria
ao que flui e a fluir, a ser maleada;
a de poética, sua carnadura concreta;
a de economia, seu adensar-se compacta:
lições da pedra (de fora para dentro,
cartilha muda), para quem soletrá-la.

[…]
Outra educação pela pedra: no Sertão
(de dentro para fora, e pré-didática).
No Sertão a pedra não sabe lecionar,
e se lecionasse, não ensinaria nada;
lá não se aprende a pedra: lá a pedra,
uma pedra de nascença, entranha a alma.

(João Cabral do Melo Neto)

foto divugação

3 – modos de configuração de vida atual, como você vê o “uso” das plataformas virtuais para os mais variados processos criativos de um artista da palavra?

Daniel Minchoni:

O Google sabe
Os que gostam de mim
O Google sabe
Os que querem me destruir
O Google sabe
Mas não irá me revelar
O Google sabe
Só revela pra quem pagar
O Google sabe
As estratégias de mercado
Anúncios não são improvisados
É melhor ficar ligado onde seus dedos passam
Pois estão sendo vigiados
Melhor vigiar seus passos
É impossível não ser influenciado
Estratégias de mercado
Carro, dinheiro, emprego
e pros tarado até mulher
O Google sabe o que você quer
Estranhos fetiches
dos mais mundano
E aquele seu plano, conversado
com seu amigo
no cotidiano
Ao abrir internet
Vários anúncios de viagens pra Magreb
O Facebook já avalia a reputação de seus usuários
Dados vendidos para empresários
E como isso afeta os nossos salários
É difícil entender
Mas
O Google sabe”

(torporr)

4 – Minchoni, você poderia falar um pouco dos seus trabalhos disponibilizados nas redes sociais.

Daniel Minchoni:

Pois de todas as formas o capital te dá um tiro
Porque é ele quem faz o mundo dar os seus giros
O desperdício é compulsivo,
Esperar a chuva cair pra lavar a rua não é difícil
Desde que eu vivo, eu aprendi que a coisa muda
Experiência e aprendizado não se
Escondem só nas cicatrizes, barbas ou rugas
Nas sangue-sugas eu piso, debaixo da ponte eu deslizo
Evitando os fique rico ou morra tentando
Porque exercícios mentais entendiam os mais noviços
Se a poesia está nos ventos como os gases nocivos
Que penetram a carne aberta e que infecta
Muita rima e pouca poética
Pichação é arte contemporânea
Vai além de letras momentâneas
Grafite como medida para as medianeiras
Artistas escondidos no subsolo da américa
Atento com a tecnologia bélica e as inteligências artificiais
Vejo tudo sobre o futuro do mundo, através da janela do absurdo

Cuidado com o histórico
Print não some, print não some
Cuidado com o histórico
Print não some, print não some
Cuidado com o histórico
Print não some, print não some
Cuidado com o histórico
Print não some, print não some

Navegando em páginas anônimas
Limpando o histórico
A leveza das placas tectônicas
Destruindo todas as cidades-dormitório
O ruído do vinil tocando no coração do Brasil
E os pássaros ressoando a ressaca dos rios Amazônicos
Realmente acontece uma ressonância magnética naturalmente
Acredite se quiser
Nossas raridades inconfundíveis
As mulheres do acarajé não são invisíveis
Como as discussões que são feitas pelas relações estreitas
Através das janelas inbox
Conversas printadas se transformam em documentos
Abreviados se chamarão docs
Novos lotes de robôs autônomos que precisam apenas um sinônimo
Para montar um coral eletrônico
Que fica repetindo que a obsolescência
Don’t stop, don’t stop

Cuidado com porque print não (não, não)
Cuidado com porque print não (print não some, print não some)
Cuidado com print não (não, não)
Cuidado com porque print não some (print não some, print não some)
Print não some, print não some
Cuidado com print não some (print não some)
Cuidado com print não (print não some, print não some)
Cuidado com print não some (não, não)
Print não some, print não some
Cuidado com o histórico, print não some”

(Edgar)

5 – Você poderia nos contar qual é o seu entendimento de “slam”. Em que momento da sua vida houve esta interação com o slam?

Daniel Minchoni:

SAMBA DO SLAM

Slamiei, meu nome, slamiei
agora sou até madeira de lei, slamiei
Slamiei, meu nome, slamiei
agora sou mais bem quisto no spc, slamiei

antes eu era poeta maldito
humilhado e ofendido
pelos becos e vielas
com o advento do slam
desde vinte zero oito
sou mais bem quisto por elas

Slamiei, meu nome, slamiei
agora posso até fingir sou rei, errei
Slamiei, meu nome, slamiei
agora sou até bem quisto pelo spc, slamiei

antes eu era poeta vadio
perdido no infinito
pelas ruas dela, bela
hoje sou muito mais respeitado
meu nome é noticiado
pelos feitos que contei
(e eu nada sei)

Slamiei, meu nome, slamiei
agora sou menor, menormenorme e disso sei
Slamiei, meu nome, slamiei
agora sou até bem quisto pelo spc, slamiei

(Daniel Minchoni)

6 – A cena de Slam vem crescendo e adquirindo novos adeptos de artistas e de público. Minchoni a que você atribuiria este fenômeno?

Daniel Minchoni:

tomar a poesia por esporte nacional
antes de mais nada, tudo
tornar a poesia paixão nacional
mais que futebol e cerveja
porque a palavra esse adereço humano
vem de antes do antes de tudo
a língua linguagem percorrendo
os começos do começo de tudo
Eis que um belo dia alguém mostrou pra mim
Numa reunião tribal, James Brown e All Green, uau “sex Machine”
O orgulho brotou, poder para o povo preto, que estale os tambor

(Mano Brown)

Daniel Minchoni: talvez explicando a mente do vilão, das vilãs e des vilês, se explique muito

SOU FUNÇÃO

[Função]
Sô função, pra quem não tá ligado me apresento
e as ruas represento
Dá licença aqui pra eu chegar nesse balanço
É quente negrão a idéia que eu te lanço
Estilo original de bombeta branca e vinho
Vai, só não vai pra grupo com neguinho
Ando gingando cuns braços pra trás
Só falo na gíria e pros bico é demais
Sô forgado afronto os gambé, sô polêmico
Na favela o meu diploma acadêmico
De tênis all star, de cabelo black
Meu beck, a caixa e o bumbo e o clap
Cresci ali envolvidão qua função
Na sola do pé bate o meu coração
Esse som é do bom, dá uns dois e viaja
Nós somos negros não importa o que haja
O ritmo é nosso trazido de lá
Das ruas de terra sem luzes e pá
O fascínio não morre ele só começô
Das festa de preto que os boy não colô
Sô o que sô vivo aquilo que falo
Meu rap é do gueto e não é pros embalo
Vagabundo, se for pra somar chega aí
Paguei pra entrar e nunca mais vou sair
Então vem que vem, dinheiro eu quero
Uma linda mulher e um belo castelo
Eu sô raiz mais cadê você
A função e o funk jamais vão morrer…

[Dexter]
Muito amor, muito amor, pelo som pela cor
A herança tá no sangue louvado seja meu senhor
Que me quis descendente de raiz
Preto função sou sim, sou feliz
Favelado legítimo escravo do rítmo
Dos becos e vielas eu sô amigo íntimo
Dexter o filho da música negra
Exilado sim, preso não com certeza
O rap me ensinou a ser quem eu sô
E honra minha raça pelo preço que for
Dos vida loka da história eu sô um a mais
Que te faz ver a paz como sôro eficaz
No gueto jaz, o inofensivo morreu
Pela magia do funk renasceu o plebeu
Aí fudeu, o monstro cresceu se criô ô
Agora já era é lamentável doutor
A guerra já não é tão mais fria assim
Sô pelos função e a função é por mim
Até o fim, “plim”, nossa luz contagia
Assim como o sol, que clareia o dia
E aquece o pivete que dorme na rua
Que passou a madrugada em claro a luz da lua
Se situa que o que ofereço é muito bom
Força e poder dom através do som
Negô, vem com nóis mais vem de coração
Por paixão, por amor não pela emoção firmão
Pra ser função tem que ser original
Apresentando e tal mais um irmão leal

[Mano Brown]
Ser vida loka aqui está então pode saber
Deixa as dama aproximar jão opa tamo aê
Na arena mil juras de amor ao criador que nos guia
Antes de nada mais para nóis muito bom dia
Salve! só chegar meu irmão lêlê
Por que não monstro? viva negro Dexter
De vinte em vinte eu paguei duzentas flexão
Caçando jeito de burlar a lei e a minha depressão
Menino bom mas, pobre, feio, fraco, infeliz, só
Se sentindo o pior vários monstro ao meu redor
Com tambor de gás fiz mais cinqueta em jejum
Ódio do mundo eu via em tudo, filme do platoon
No café o açúcar com limão no abacate
Puta eu olhei a blusa suja de colgate
Se ser preto é assim ir pra escola pra quê?
Se o meu instinto é ruim e eu não consigo aprender
Esfregando calças velhas fiz a lista do tanque
Era um barraco sim, mas meu castelo era funk
Folha seca num vendaval, um inútil
É morrer aos pouco eu me senti assim, tio
Eis que um belo dia alguém mostrou pra mim
Uma reunião tribal, James Brown e All Green, uau “sex
Machine”
O orgulho brotou, poder para o povo preto, que estale os tambor
Veio as camisas de ciclistas, calça lee, fivelão
Tênis Fire Eitheeng uou uou uou ladrão
Às seis mil ano até pra plantar
Os pretos dança todo mundo igual sem errar
Agradencendo aos céus pelas chuvas que cai
Santo Deus me fez funk, obrigado meu pai
Nem por isso eu num… vou jogar filé mignon pras piranha
O pierrô contra os play boy fuma maconha
Não vejo nada, não vejo fita dominada
Eu vejo os pretos sempre triste nos canto do mundão
Então morô jão, um dois um dois drão
Aham aham, alma, mente sã, corpo são
Dexter tem que está, com fé no senhor
Tem que orar, tem que brigar, tem que lutar negro
Ah meu bom juiz abra seu coração
Se ouvir o que esse rap diz ia sentir o perdão
Meu argumento é pobre, mas a missão nobre
Mestrão irá saber reconhecer o homem bão
Deixo aqui desde já, promessa de voltar
É só querer,é só chamar que eu estarei lá
Eis o doce veneno vivendo e vivão
Um dia por vez, sem pressa, fui nessa negrão
Sô função

(Função, Dexter e Brown)

7 – Em nossas pesquisas sobre a sua produção poético-artística, verificamos que em alguns vídeos, principalmente aqueles que estão disponíveis na Internet, você tem uma ligação com o meio musical. Você poderia nos falar das suas experiências e experimentações intermídias?

Daniel Minchoni: parafraseio o saudoso mestre pastinha: “Capoeira é muito mais do que uma luta, capoeira é ritmo, é música, é malandragem, é poesia, é um jogo, é religião. (…) A capoeira é tudo que a boca come”. Poesia é tudo o que a capoeira é. Logo, poesia, é tudo o que a boca come.

CADA LUGAR NA SUA COISA

Um livro de poesia na gaveta não adianta nada
Lugar de poesia é na calçada
Lugar de quadro é na exposição
Lugar de música é no rádio

Ator se vê no palco e na televisão
O peixe é no mar
Lugar de samba enredo é no asfalto
Lugar de samba enredo é no asfalto

Aonde vai o pé, arrasta o salto
Lugar de samba enredo é no asfalto
Aonde a pé vai, se gasta a sola
Lugar de samba enredo é na escola

foto divulgação

8 – Ao assistirmos também seu videoclipe “Literatura Ostentação”, na plataforma do YouTube, o que nos chamou bastante a atenção foi o ritmo do funk. Você poderia nos dizer o porquê da escolha desse gênero musical?

Daniel Minchoni: a própria letra é auto explicativa: tem que dançar, dançando.

se se será que se, se eu ficar cantando funk, um funkeiro eu vou ser?
sei lá sei lá que se, se eu ficar cantando funk, um funkeiro eu vou ser?
será que será que se, se eu ficar cantando funk, funkeiro eu vou ser?
será que sei lá que se, se eu ficar cantando funk, funkeiro eu vou ser?
felipe cataldo

do punk pro funk a diferença é só uma letra
do punk pro funk a diferença é só uma letra
uma letra, uma letra, uma letrinha
A, A, A, A de ANARQUIAAAA
anarcofunk

do fuck pro funk a diferença é só uma letra
do fuck pro funk a diferença é só uma letra
uma letra, uma letra, uma letrinha
N, E, N, NI-NINFO-FO-MANIA
autoral

agora vamos polemizar (salve tom zé):
do funk pra bossa a diferença é só a letra
do funk pra bossa a diferença é só a letra
só a letra, só a letra, a letra e a levada
só a letra, só a letra, a letra e a pegada
autoral

funk da literatura ostentação (pode chegar, chapa!)
daniel minchoni

eu tô que tô eu tô na pista
tô ostentando mais que o eike batista
mc dudu e joão pika seca

eu tô que tô eu tô na pista
tô ostentando mais que o ai que batista
eu tô que tô se olha no espelho
tô ostentando mais que o pau no coelho

literatura ostentação
essa é a meta, essa é a letra
a palavra bate forte
feito tiro de escopeta
sou poeta e os meus versos
fazem o que eu toco virar ouro
quando chego na biblioteca
geral já parte pro estouro

e se quiser chegar
pode chegar, pode chegar
a chapa vai esquentar
pode chapar, pode chapa.

e se quiser chegar
pode chegar, pode chegar
a chapa vai esquentar
pode queimar, pode queimar

literatura ostentação
essa é a meta, essa é a letra
a palavra bate forte feito tiro de caneta
solto o barquinho na enxurrada
meu iate arrebenta-tá-tá
pras menina sou pauno coelho
meu barraquinho tem teto solar

e se quiser chegar
pode chegar, pode chegar
a chapa vai esquentar
pode chapar, pode chapa.

e se quiser chegar
pode chegar, pode chegar
a chapa vai esquentar
pode queimar, pode queimar

eu tenho que dizer uma parada
é pesada eu também já li
os lusíadas no banheiro da balada
rei da biblioteca

também acho bonito relógio e corrente
mais importante é o que tá na sua mente
também acho bonito relógio e corrente
mais importante é plantar a semente

também acho bonito relógio e corrente
mais importante é o que tá na sua mente
também acho bonito relógio e corrente
mais importante é plantar a semente

planta no chão
planta no chão
pega a sua mente
e planta no chão

chão chão chão chão

planta no chão
planta no chão
pega a sua mente
e planta no chão

chão chão chão chão

pisa no chão
e planta na mente
pisa no chão
e planta na mente

e se quiser chegar
pode chegar, pode chegar
a chapa vai esquentar
pode queimar, pode queimar

pra você que atura viatura na rua
literatura literatura
pra você que atura viatura na rua
literatura literatura

(Daniel Minchoni)

9 – Minchoni, você é um dos sócios-fundadores da Editora “Jovens e Escribas” (desde 2005), e é editor do selo “doburro” (desde 2011), espaço onde você publicou mais de 100 livros inclusive os de sua autoria: “Escolha o título” (2006, pela “Jovens Escribas”), as 3 antologias “doburro” (selo “doburro”), as 2 coletâneas do menor slam do mundo (selo “doburro”), a trilogia autoral “iapois poisia, ouvivendo e carnevais” (selo “doburro”), “ex-porro, poema sugo” (carniceria livros / oficina do santo) e rosário de boatos ou trancelim de outros (selo “doburro”). Assim, gostaríamos que nos contasse como é atuar na área de editoração de modo mais independente.

Daniel Minchoni: Leminski já disse que uma pessoa que lê poesia por anos kjá pode ser considerada poeta, pois poesia é um auto de fé. O que dizer de quem edita poesia? Pra quê? Pra quem? Por quê? Não tem porquê ou pra quê? É também uma profissão de fé, pra fazer a poesia esporte nacional, já que um livro de poesia na gaveta não adianta nada e por aí vai.

10 – Como poeta-editor que dicas/sugestões você daria para os jovens que querem iniciar no caminho da poesia, do slam etc e tal.

Daniel Minchoni: seja o que for, seja original.
é o mantra frank sinatra pra vida: I did it my way

“um bom poema leva anos
cinco jogando bola,
mais cinco estudando sânscrito,
seis carregando pedra,
nove namorando a vizinha,
sete levando porrada,
quatro andando sozinho,
três mudando de cidade,
dez trocando de assunto,
uma eternidade, eu e você,
caminhando junto

(Paulo Leminski)

11 – Para finalizar, gostaríamos de saber se há novos projetos em andamento ou ainda por vir. Seria possível nos contar?

Daniel Minchoni: O projeto da vida ainda é a cartinha que tirei no war imaginário quando ainda era criança: FAZER DA POESIA O ESPORTE NACIONAL E MAIS 27 COISAS A SUA ESCOLHA. Logo, se pode esperar tudo que gire em torno dessa proposta.

foto: Sérgio Silva

Cristiano Alves Barros, doutorando do Programa de Pós-Graduação em Letras: Ensino de Língua e Literatura (PPGL/UFT) e Mestre pelo Programa de Pós-Graduação em Estudos de Cultura e Território (PPGCult/UFT). Tem experiência e pesquisa nas áreas de Letras, Ensino de Literatura e Letramento Literário, atuando principalmente em temas relacionados à produção e recepção de mídias na formação de leitores. E-mail: [email protected]

Eliane Cristina Testa, doutorado em Comunicação e Semiótica (PUC/SP – 2015), Mestrado em Letras pela (UEL/PR – 2002). É professora de Literatura Portuguesa do Curso de Letras, da Universidade Federal do Tocantins /UFT/Câmpus de Araguaína. Pesquisa sobre poesia e suas relações intermídias, bem como os desafios do uso de poesia na sala de aula para a formação de sujeitos leitores literários. Tem experiência na área de Letras, Literatura, com ênfase em literatura/artes/ensino, atuando principalmente nos seguintes temas: poesia, relação palavra e imagem, letramento literário e ensino de literatura e de poesia. E-mail: [email protected]

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