3 Poemas de Joãozinho Gomes

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Joãozinho Gomes – poeta e compositor, nascido em 1957 na cidade de Santa Maria de Belém do Grão-Pará, atualmente mora na cidade de Macapá, Amapá. Em 2009, em parceria com o cantor-compositor Enrico Di Miceli, gravou o cd Amazônica Elegância, fruto de um projeto aprovado pela Funart, dentro do Projeto Pixinguinha de editoração. Além do cd Tambores do meio do Mundo, este gravado com o Grupo Senzalas. É autor do livro A Flecha Passa e Poemas Diversos (Selo Ildefonso Guimarães de Literatura, 2013)

 

O Impacto do Teu Coice Estremece o Infinito


Pastarás comigo neste campo
coberto de cactos. Égua de inigualável coice!
Saborearás espinhos,
                                             Foi este o nosso pacto.
Que tu venhas, agora,
esplendorosamente nua,
num galope compacto
ao par com quem compactuas,
                                                  saborear os cactos,
e comungar comigo
aos destroços desta noite.

O impacto do teu coice estremece o infinito!


Reflexões da Flecha

O longe é um lugar que não existe!
Atravessei-o ontem,
e a minha ponta é a de um seio,
e a minha ponte é o infinito.
Atravessei-o ontem,
                                              in verso ao teu receio,
(e não ouvi sequer um grito)
e hoje irei atravessá-lo aflito
feito os olhos do arqueiro e,
                                                  os passos do proscrito.
Naquele dia a minha ponta
era um diamante; e aquele dia
                                                     o meu final previsto.
Maldito!
Mal sabia que o longe é o infinito
por onde estou passando,
e que eu – infinitamente – não existo.


À Pureza do Aço

À solidão dos exércitos mortos,
(agudíssimos são os teus zunidos!
Seios de virgem tebana
                                                   furando-me o peito
à sombra dos cactáceos floridos)

apenas um guerreiro espera o aço!
É de nervo e osso o alvo! Ali
se alojará essa metáfora fundida,
                                                                essa pena metálica
que sobrescreve no espaço; – a ode
da carne rompida à pureza do aço.

 

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