4 Poemas de Alex Sampaio

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Alex Sampaio Nunes nasceu em Teresina/PI (1987). Bacharelou-se em Direito pela Universidade Federal do Piauí (2012). Especializou-se em Direito e Processo do Trabalho (2013). É pós-graduando em prevenção e posvenção do suicídio. Atualmente é servidor público.
É autor do livro “Ressuscito na cidade suicida” (1ª ed em 2017; 2ª ed em 2020). Teve textos publicados em jornais, portais e blogs. Participou da coletânea de contos piauienses, Caçuá (2019), que reuniu autores desde a década de 1950 até os dias atuais.
Recentemente foi eleito suplente do Conselho Municipal de Cultura, setorial de Literatura, da cidade de Teresina/PI.


Teresina é uma Planta Carnívora

Para Jader Damasceno

São estes os corpos
Parece uma dança
Também uma guerra
Alguém cai
Alguém se levanta
Alguém atrapalha
Alguém ajuda

São estes os corpos
De tantas cores
Parecem muitos
E tão poucas

São estes os corpos
De tantas formas
E gêneros

São estes os corpos
Em comunhão
De nenhuma salvação
Nem ajuda

São estes os corpos
Em movimento na cidade esquecida
Do verde
Agora em nossa volta
Só as plantas carnívoras
Me devoram
Me devoram

São estes os corpos
É uma guerra
Também uma dança de
Profundos suicídios
E ressuscitos


Bocejo Longo

Não quero ser o gato de domingo
Que se esquece sobre um muro de quintal e deixa chegar o
Sol em seus pelos.
O bocejo longo é seu mantra.

Não quero ser a árvore de domingo
Que pendula as folhas através do vento
E deixa o sol passar
Fazendo sobre o muro do meu quintal sombra porosa onde
Repousa um animal
Cujo bocejo é longo.


Às Vezes

Às vezes
O calor da alma incendeia a realidade

Em meio à dor das chamas, já queimada, consegue parir
Vinga a poesia
Tocada por lágrima quente de ferir

No instante seguinte, esfria
Assassina sua filha
Fria se vinga
E novamente vinga
Na morte mágica de não resistir

Secos e molhados


Secos e Molhados

[numa mesa rapazes safados seguros secam e molham: fumam e bebem. a ti sopro fumaça de pensamentos. ela se enovela no lento ar qual alvéolos de pulmões sujos sendo seca sede de si mesma. pensamento que flutuam são sujos e vão com o ar turvo pra bem longe.

as cabeças tremulam dentre palavras sinceras que percorrem o interior da amizade. junta jeitos e gestos insolentes para a nostalgia infinita – somos nós que novamente nos encontramos e não resistimos – tinha de ser no fogo e no líquido da geração molhada de cachaça e seca de cigarro. mas chega de tosse escarro cuspe gosto do que foi. aí vem o que há. revés do que passou irá se repetir na delícia de uma segunda leitura]

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