Curadoria de Floriano Martins
Tradução de Gladys Mendía
Nadya M. Echevarría Quiñones (Peñuelas, Puerto Rico 1984). Poeta, editora e educadora porto-riquenha. Autora do livro de poesias Curas Insurrectas (2018). Atualmente, faz parte da editora porto-riquenha Gato Malo Editores e da Generación del Atardecer Presenta.
COMO UM NAVIO QUE SE FAZ AO MAR
de costas para uma lua brilhante
balançada na noite
nasce um caminho direto para um sonho
olha em sua sombra
lugares com luzes de néon
agitando a aurora em seu ventre,
dias escondidos sob a água
dias sem envelopes permanentes
dias que sobram sem trabalho;
o que remunera uma sombra
é a cobiça perene
a restituir um vazio, sem perdão,
sem pedir, sem endividar.
há uma história balançada na noite,
faz um caminho direto para um sonho.
mil danças sob uma noite estrelada
entre luzes de néon, sombras de pessoas,
sobre ela um planeta refrato
dias em que respira farta
dias em que se celebra e basta
sua sombra para navegar para um mar
de um rio na cidade
com música vibrando, levanta a âncora
começa
uma nova canção.
TELÚRICO
falava na casa da minha tia
sobre especiarias
adivinhava seus recipientes
sem nome, salsinha, orégano
ordens de sabores
ela me deu coentro
me incluiu de sua terra
aquela que treme
há tantos dias
só deixei uma conversa
agora volto com cheiros
terra que tremia
também me deu coentro
roupas e uma paleta
de chocolate.
NO MEIO DE
uma ilha, um espaço
exala seu verdor
até o tremor
um agora irrespirável
se interpôs, caduco
carece de si mesmo
o inalar com força
mobilidade ao ar
que abandona quando quer
pensamento de volta
agora quer grito
preencher sua latitude com algo
que repete e repete
e que fica,
algo assim como respirar
de raiva, pois é o que se tem
além do ar.