Ithell Colquhoun (Índia, 1906-1988)- Série Um Século de Surrealismo / Poetas

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Série Um Século de Surrealismo – Poetas, 13
Organização e tradução de Floriano Martins

A obra variada de Ithell Colquhoun inclui pintura, colagem, narrativa, ensaio, diário e poesia. Em um de seus livros, The mantic stain, ela aborda algumas técnicas que desenvolveu, a exemplo da grafomania entópica, que ela entendia como o tipo mais austero de abstração geométrica, espécie de radicalização do automatismo por ela levado ao extremo. Ithell inventou algumas técnicas surrealistas, sendo uma delas a parsemage, em que se espalha numa superfície de água o pó de carvão ou giz colorido, para que seja desnatado e então se passa levemente um papel, preferencialmente cartão duro, sobre a mesma superfície, revelando imagens fortuitas. The mantic stain é um dos raros livros teóricos sobre o Surrealismo escrito por mulheres. Embora tenha participado do grupo surrealista britânico – do qual acabou sendo expulsa por recusar afastar-se de outro grupo ao qual pertencia, de estudos do ocultismo –, Ithell sempre se considerou uma artista independente, tendo sido também uma das surrealistas que mais extensivamente experimentou diversas técnicas. Seus conhecimentos de ocultismo e prática mágica, cujo interesse havia sido despertado desde a adolescência a partir da leitura de um livro de Aleister Crowley, deram à sua obra um caráter alquímico, onde os processos automáticos, explorando sempre uma coincidência dos opostos, revelam uma sexualidade oculta que une mulher e natureza.


[CADA VIAGEM AO REINO DO FOGO]

Cada viagem ao reino do fogo
Adiciona uma chama à varinha mágica
para os mundos da água a cada jornada
Uma gota no copo


[EVERY VOYAGE TO THE REALM OF FIRE ]

Every voyage to the realm of fire
adds a flame to the wand
to the worlds of water each journey
a drop to the cup


[NA ESCURIDÃO FANTASMAGÓRICA]

Na escuridão fantasmagórica
antes de dormir ao invés
de me dobrar como fui ensinada a fazer
mergulho em outro ser
e tocada por gavinhas da floresta
ou espuma da língua do oceano
em harmonia contigo
eu me afundo no abismo


[IN PHANTASMAGORIC DARK ]

In phantasmagoric dark
Before sleep instead of folding
Into myself as I was taught to do
I plunge in another being
And touched by tendrils of forest
Or foam of ocean’s tongue
At one with you then
I sink into the abyss

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