6 Poemas de Heidy Marroquín (Guatemala, 1992)

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Curadoria e tradução de Floriano Martins

Heidy Marroquín (Guatemala, 1992). Professora de Língua e Literatura. Sua obra poética pode ser encontrada em publicações como: De mis versos a tu historia (Incendio Plaquettes); Revista Literaria Obsidiana (Santa Ana, El Salvador); Antología Diálogos & textos contrarreloj, escritoras guatemaltecas contemporáneas, Usac; Revista Kametsa (Lima, Perú); IBIS revista digital (Jaibaná ediciones); Fanzine Yomoran Jayatzame, Fanzine Chonchón Lebu, Chile, entre outros. Participou do Projeto Posh, Chiapas, México; no Festival Internacional de Poesia de Quetzaltenango; Amada Libertad, El Salvador; Costa Rica; e Festival de Los Confines. Escreveu os livros: Los ojos de Nohemí, Tres días sin saber de Sara e El abril que nos espera. Em 2018, a Metáfora Editores e o Festival Internacional de Poesia de Quetzaltenango atribuíram-lhe o primeiro lugar no concurso nacional de poesia juvenil pela sua coleção de poemas Trece de Junio. O livro Bajo los rayos luminosos del farol ganhou o Prémio Editorial Universitário de Poesia “Manuel José Arce”, 2020.


[MÃEZINHA ESCREVE À NOITE]

Mãezinha escreve à noite
eu a vi navegar entre as folhas.
Sentada na beira da cama
mãezinha escreve,
chora suas crônicas guardadas
nas páginas de um caderno vermelho.
Sua preocupação é literária
seu olhar é um indício
está longe deste mundo
quando ela cria.


A GRANDE CIDADE QUE CAI

O governo prevê a nossa morte,
as borboletas espalham suas cores na terra escavada.
Um cervo observa com sutileza
e foge ao ver os movimentos das pernas da mulher,
que relata com tremor,
onde, o futuro nos espera.

Nosso corpo se desfigura,
derramaremos nosso sangue e cheiro
sobre cérebro, medula espinhal e nervos
de nossos irmãos.
Eles nos receberão de seus sentidos distantes
lá, onde anos atrás,
jogados por escárnio
estavam escondidos pela terra,
ao lado da indiferença e do esquecimento de um XX.
Nos abraçaremos sem poder explicar
a beleza do reencontro e o grito da ausência.

Em nenhum lugar do mundo
cabe nossa vida,
ou nas estações vindouras,
ou na memória do governo,
na luminária do silêncio
você ouve Chopin
e sua Fantaisie Impromptu
ali, protejo meu coração,
vejo os portos pintados por Marquet,
neles escondo minhas ilusões,
levanto-me de manhã
e leio os versos de Luis de León,
e acho que sou o outro país deles,
que carrego dentro de mim a grande cidade que está desmoronando.
A grande cidade que cai.

O governo prevê a nossa morte,
porém nossos sentidos
não mais são ouvidos
porque na distância
as crianças esperam,
porque no frio e sem teto,
eles se abraçam,
porque aprendemos a viver
em meio ao horror e à angústia
sempre, sempre com esperança.


GRITOS

A mulher grita ao fundo
ela está sozinha
e está coberta de sangue.
O sangue não é dela,
é que, ao seu lado,
sofrida
uma mulher mais nova do que ela sorri.
O grito é ouvido gravemente,
é ouvido lá no fundo.
e as horas passam
há um alerta,
enquanto a água continua a fluir.


[NOSSA PELE]

Nossa pele
Nosso encontro
escritos em papel
e sangue de um novo século
um metrônomo me persegue
um, dois, três, qua…
me pergunto,
quando isso vai parar de ressoar
aquele desaparecimento de 1970
                   dois pontos
                                   Obregón.


[ONDE ESTÃO TEUS PÉS]

Onde estão teus pés?
que desapareceram na noite infinita
de sangue e gritos.

O café da noite te espera
assim como a lua
entre corredores e azulejos molhados.

Somos filhos da
procura e da agonia.
Onde estão a tua voz
e teu pensamento preciso?

Há uma luz acesa
em teu quarto desde que te foste
e não se apagará até te encontrar.


CANDELÁRIA

No meu pais
Está chovendo mulheres,
as televisões estão inundadas
com seus nomes.
tempestade de mulheres
cai,
Os tetos estão desabando.
O clima em meu país,
é uma mulher
que choverá a noite toda
e recolherá
                  um arco-íris
                  entre os arbustos.

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